quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

RETROSPECTIVA 2020: OS MELHORES FILMES DE 2020.

Como diz o apresentador Sikera Júnior, vamos falar de coisa boa. Mesmo sendo um ano tão atípico, nós cinéfilos não podemos reclamar, pois os streaming foram nossos aliados de primeira linha, tanto que esse ano, obviamente, iremos incluir os filmes lançados diretamente neles. Se por um lado fomos privados da experiência única do escurinho do cinema, por outro, a safra 2020 foi uma das melhores nesses dez anos de blog. Tanto que quase quarenta filmes ganharam de nós notas acima de oito. Sem perder tempo vamos listar a partir de agora o que tivemos de melhor. Obviamente, é de acordo com minha preferência, portanto, fique à vontade para discordar de mim e, querendo, elaborar sua própria lista nos comentários. Enfim, tão rápido quanto o nosso desejo pelo fim dessa pandemia, vamos a nossa lista.


E começo a nossa lista polemizando, afinal, temos mais uma adaptação da DC Comics que dividiu opiniões e fez muita gente torcer o nariz. Confesso que estava cagando para esse filme, e fui assistir sem nenhuma empolgação, acreditando que seria um dos fortíssimos candidatos aos piores filmes do ano. Mas, acabei me surpreendendo e me divertindo bastante com esse filme, graças principalmente ao carisma de Margot Robbie, que reina absoluta como Arlequina, colocando as Aves de Rapina do título como coadjuvantes escadas.


E tome mais polêmica na nossa lista, com mais um filme que desagradou a muitos, sendo inclusive, um dos mais malhados do ano. Marcado como o primeiro grande blockbuster hollywoodiano que teve que migrar para o streaming por causa da pandemia, o live-action me conquistou por ser um épico empolgante e envolvente, com boas sequências. Enfim, é questão de gosto, e para mim, é simplesmente um dos melhores live-action da Disney.


Uma mistura de Dia de Treinamento com Cidade de Deus mas com identidade própria. Isso resume bem esse filmaço policial francês, que foi indicado esse ano ao Globo de Ouro e ao Oscar de filme estrangeiro. Provavelmente, se não fosse o fenômeno Parasita teria levado os dois prêmios. Prejudicado por aqui por ter sido lançado quando os cinemas começaram a fechar, temos aqui uma das grandes surpresas do ano que merece ser descoberta e valorizada.


Geralmente um filme com um elenco estrelar me deixa com os pés atrás. E quando vem com elogios rasgados da crítica me deixam ainda mais apreensivo. Felizmente, essa adaptação do livro homônimo, produção original da Netflix acaba sendo uma agradabilíssima surpresa. O filho do jornalista brasileiro, Lucas Mendes, Antonio Campos aproveita o ótimo material e o talentoso elenco que têm a sua disposição, e entrega um filmaço tenso e envolvente do começo ao fim de tal maneira que não percebemos nem por um segundo sua longa duração de quase duas horas e meia. Não é a toa que agradou a crítica e aos assinantes do streaming. Tem cheiro de indicações a premiações no ar.


Foram anos de boatos sobre um terceiro filme da dupla impagável de policias formada por Will Smith e Martin Lawrence, e quando finalmente saiu do papel, surpreendeu, e fez a espera valer a pena. A maior bilheteria de 2020, marca conquistada no começo do ano antes da pandemia, o filme que desta vez não foi dirigido pelo todo mundo ama malhar Michael Bay, é o típico blockbuster pipoca, bastante divertido, que nos deixar com um sorriso de orelha a orelha durante toda projeção. Não é a toa que deu uma ressuscitada na franquia, que em breve terá novos filmes.


E falando em surpresa, chegamos a uma das maiores do ano. Após a frustração de ver seu projeto Dark Universe naufragar, a Universal (o estúdio, não a igreja, é claro. Rssss...) resolveu investir em filmes com seus monstros clássicos com orçamento menor, e em parceria com a badaladíssima Blumhouse se innspiram no clássico dos anos 1930, e entregam uma obra original, tensa e envolvente do começo ao fim, que aproveita para fazer uma analogia e trata de uma problemática atual, sem apelas para a chatice da lacração. Um excelente exemplo de como um remake deve ser.


E quem disse que o explorado exaustivamente sub gênero de apocalipse zumbi poderia render um filmaço tão criativo a essa altura do campeonato. E mais uma vez a proeza veio da Coreia do Sul, que já havia presenteado o sub gênero com o ótimo Invasão Zumbi, que esse ano ganhou uma continuação, que não agradou. Trazendo a velha premissa do apocalipse que transforma humanos em mortos-vivos para a nossa realidade de smartphones e drones, o filme que chegou por aqui como original da Netflix é simplesmente tenso e envolvente do começo ao fim, sendo um dos melhores filmes de zumbis já produzidos.


O cara que muita gente ama odiar, Adam Sandler tem a moral de ficar muito tempo na sua zona de conforto das comédias abestalhadas, que como ele, a galera ama odiar, e quando lhe dar na telha, sai dela e se arrisca num projeto. Neste filme original Netflix, temos simplesmente, sua melhor atuação, simplesmente dando um  show e provando aos detratores que por traz de um suposto comediante de um único estilo, tem um brilhante. Uma pena que os membros da  Academia não querem admitir isso e, mais uma vez, cometem  a imperdoável injustiça de ignorá-lo. Leva nosso bronze mas com as duas mãos nos ouro, já que é um daqueles filmes espetaculares que nos deixam com o queixo caído.


Não é de hoje que a Netflix tenta emplacar uma franquia de ação. E depois de tanta tentativas, finalmente acerta em cheio, e ainda presenteia o gênero com um dos seus melhores filmes. Adaptação de uma graphic novel escrita por um dos Irmãos Russo, que são os produtores, o filme - com perdão do tosco trocadilho - simplesmente resgata para os dias atuais o bom e velho brucutu exército de um homem só, papel que Chris Hermsworth cumpre com maestria. A direção precisa do dublê e debutante na função Sam Hargrave, entrega um filmaço de ação empolgante e eletrizante do começo ao fim com sequências feitas na real, praticamente sem CGI, que tiram nosso fôlego. Filmaço fodástico que leva a prata, mas, empata tecnicamente com seus colegas de pódio na nossa lista.


Num ano atípico, acabamos tendo um empate também atípico no nosso melhor filme do ano. Meu favorito para ganhar o Oscar de Melhor Filme deste ano (se bem que também não achei ruim Parasita ter surpreendido e levado o troféu do carecão dourado), 1917 é simplesmente um filmaço de guerra, muito bem escrito, com uma parte técnica impecável que nos coloca dentro do front da batalha acompanhando a jornada dos protagonistas. Sam Mendes, que já tinha entregue o melhor filme da franquia 007, aqui entrega simplesmente, um dos melhores filmes de guerra já produzidos, e com todos os méritos, leva o nosso título de Melhor Filme do ano.

E quem diria que o espetáculo épico promovido pelo mestre Mendes iria ter um colega de empate justamente um documentário, um gênero que, convenhamos, não é tanto popular. Mas, o docudrama (sub gênero que mescla depoimentos típicos do documentário com dramatizações) da Netflix acaba sendo um filme obrigatório para todos pela relevância do tema atual onde todos nós estamos emergidos.. De forma criativa, e até didática. o documentário toca na ferida e mostra o óbvio para nós de como as redes sociais são instrumentos para nos moldar. Uma produção impecável, que deve ser sempre revisitada por cada um de nós.

MENÇÕES HONROSAS:


Completados noventa anos em 2020, Clint Eastwood não demonstra que deseja se aposentar, e vem mantendo a frequência de todos os anos entregar um filme dirigido por ele. Desta vez ele entrega um drama sensível, baseado em fatos, que mete o dedo da ferida do circo de horrores midiático, que acabam fazendo que autoridades se apressem em fazer uma investigação meia boca e entregar alguém como criminoso, sem realmente ter certeza da autoria. O estilo de Eastwood continua o mesmo, e mais uma vez, entrega um filmaço emocionante e bastante envolvente.


Outro grande diretor que marcou presença entregando outro ótimo filme foi Christopher Nolan. O britânico sempre traz uma obra original, boa parte dela, exigindo de nós várias queimadas de neurônios, mas, sem esquecer de entregar entretenimento de primeira, com sequências de ação eletrizantes. Uma pena que ele teimou em lançar esse ótimo filme nos cinemas em plena pandemia, o que atrapalhou bastante que a maioria de nós tivéssemos a experiência de assistir o filme num telão numa sala bem equipada. Mesmo assim, não deixa de ser uma obra imperdível do diretor, que entrega aqui mais um dos seus melhores filmes.


Lançado nos Estados Unidos no final do ano passado, Togo acabou sendo uma das grandes surpresas da chegada do Disney Plus no Brasil. Inspirado numa comovente história real, temos um filme tocante e emocionante, com um ótimo roteiro, que tem nas atuações do seu elenco, humano e canino, seu grande destaque. Em tempos em que se cada vez mais usam o CGI ao invés de animais, um filme como Togo que  vai na contramão, sem deixar de perder a qualidade, acaba sendo um grande diferencial, e por isso mesmo, não poderia ficar de fora da nossa lista.


Você deve está se questionando se eu iria encerrar essa postagem sem falar no fenômeno que chegou como não quer nada e bombou na Netflix. É óbvio que não. Considerado o Parasita da Netflix, o filme espanhol tem em comum com o ganhador do Oscar, trazer uma ótima trama que traz uma analogia perfeita sobre a luta de classes. Ambos provam que um filme que deseja passar uma mensagem ideológica não precisa apelar para a lacração e estregar um filme inteligente e intrigrante, que ao mesmo tempo envolve, prende atenção e entreter o expectador médio de forma bastante criativa.

Rick Pinheiro
Cinéfilo alagoano, desejando a você e sua família um feliz e abençoado ano novo, e pedindo a Deus para sairmos dessa, e votarmos ao nosso bom e velho cinema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário