Ha quase um mês em cartaz,
Cinquenta Tons Mais Escuros continua bombando na bilheterias. Assim como o primeiro filme,
Cinquenta Tons de Cinza, fico impressionado como dois filmes tão repletos de erros grosseiros conseguem levar uma legião de fãs ao cinema, e o pior: fazer com que a maioria saia satisfeita com um sorriso de orelha a orelha diante de filmes tão preguiçosos, que não merecem tanta atenção do público, e acredito que não façam jus as obras literárias em que se baseiam - ao menos, nenhuma das leitoras dos livros que eu conheço gostaram dos dois filmes. A franquia é cheia de problemas que, poderiam ter sido evitados de forma tão simples, que qualquer estudante colegial medíocre e preguiçoso faz em seus trabalhos escolares: o uso do control + C e control + V. Mas, os caras sequer tiveram a coragem de copiar fórmulas já estabelecidas nas telonas, mesmo com os livros possibilitando isso. Nossa lista de hoje é justamente sobre os filmes que são ou trazem algo que poderiam ser copiados para a franquia
Cinquenta Tons. Infelizmente, a merda já está feita e acredito que não tem como consertar. Se você discorda comigo e é fã doente dos filmes, sugiro que, ao invés de me xingar, pelo menos que a lista sirva de dicas de filmes que realmente são o que a sua amada e idolatrada franquia até agora não é. Assista os citados (principalmente a partir da oitava colocação) e tire suas próprias conclusões.
Partimos da hipótese mais absurdamente ridícula. Supondo que os caras tivessem fumado maconha estragada e resolvessem adaptar as obras de escritora E. L. James como uma comédia romântica (acredite, por incrível que pareça, o filme atualmente em cartaz flerta com esse sub-gênero) para faturar alguns trocados, praticamente, já tinham a receita do sucesso. Era só copiar descaradamente o já clássico noventista estrelado por Julia Roberts e Richard Gere, que também conta a história de uma mocinha pobretona que se envolve um milionário bonitão, algo que me parece é objeto de fetiche e de desejo da mulherada. Acrescentando uma boa dose da sacanagem descrita nos livros, o sucesso estaria garantido mesmo não agradando aos fãs mais radicais das obras literárias.
9. Diário de Uma Paixão.
Outra suposição patética: se os caras optassem pelo dramalhão romântico, já tinham outra fórmula a copiar, e o melhor de tudo, também de uma adaptação literária feita sob medida para o público calcinha. Aparentemente, os caras optaram por esse gênero, mas, sem se assumir por completo (no segundo filme isso é mais evidente, já que o primeiro fica tão em cima do muro que não tem gênero definido). Se tivessem roteiristas e um diretor competente como Nick Cassavetes do filme calcinha idolatrado até hoje, baseado na obra de Nicholas Sparks, acredito que as adaptações de E. L. James seriam consideravelmente melhor. A cena acima, que consegue sensualizar mais que todas as cenas pseudo-picantes dos dois
Cinquenta Tons, é um excelente exemplo disso.
8. Orquídea Selvagem.
Vamos baixar o nível agora, apelando para um trashão erótico. que por aqui, fez um enorme sucesso, e até ganhou duas continuações ignoradas. Estrelado por Mickey Rourke, o filme que em boa parte se passava em nosso país (cenas filmadas no Rio de Janeiro e em Salvador, aparentemente, em pleno período carnavalesco) tinha um roteiro fraquinho com uma história ruim quase inexistente só para a putaria rolar soltar e tentar pegar carona num certo clássico oitentista estrelado também por Rourke, que aparecerá no topo da nossa lista. Mas, consegue a proeza de dá uma surra nos dois
Cinquenta Tons pois é um filminho com sequências provocativas e picantes, e ainda conta um casal sensual que tinha tanta química em cena, que engataram um romance na vida real.
Ao menos, copiaram alguma coisa.
Mas, sem a sensualidade e um certo temperinho brasileiro.
7. Lua de Fel.
Ainda no nível mais baixo, temos mais um filminho ruim que consegue ser mais eficiente que os dois
Cinquenta Tons. É bem verdade que a direção é de ninguém menos que o mestre Roman Polanski e traz no elenco atores responsas como Hugh Grant, Emmanuele Seigner, Peter Coyote e Kristin Scott Thomas. Mas, não se engane com os nomes prestigiados.
Lua de Fel é um filminho bem nível franquia
Emmanuele e outros trashões classe Z, exibidos na extinta
Cine Privé da Band e atualmente nas madrugadas do Telecine Action. Pelo menos, consegue dosar erotismo e suspense, e de quebra traz uma jovial Emmanuele Seigner, sensualíssima, colocando no chinelo a insossa Dakota Johnson. O Christian Grey das telonas é um menininho donzelo em comparação ao taradão-pervertido personagem de Peter Coyote neste filme, que submete a sua linda esposa nas maiores roubadas-putarias para satisfazer suas taras (a cena acima prova isso). Curiosamente, na época, Seigner já era esposa de Polanski. Seria um caso da arte imitando a vida?
Vai um leitinho aí?
Sequência tosca consegue ser mais sensual que todas
dos dois Cinquenta Tons.
6. Garotas Selvagens.
Uma história muito bem contada, com suspense, reviravoltas e sequências picantes. Isso é o que
Cinquenta Tons Mais Escuros deveria ter sido, mas, nem no trailer conseguiu ser. Se os caras tivessem ao menos assistido
Garotas Selvagens para se inspirar e copiar, com certeza,
Cinquenta Tons Mais Escuros iria ser a grande volta por cima da franquia, com tudo isso que foi citado, mesmo sem uma protagonista sem a beleza e sensualidade de Neve Campbell e Denise Richards. Quem sabe no próximo e último filme da franquia, que está prontinho para ser lançado no próximo ano? Infelizmente, não tenho esperanças que isso venha acontecer.
Aparentemente a preguiça reina entre os roteiristas, diretores e todos os envolvidos nos dois filmes baseados nos livros de E. L. James (inclusive, a própria é culpada, pois, está envolvida diretamente nas adaptações). Jogo de sedução e dosagem de suspense são ingredientes perfeitos para filmaços, mas que até agora, nem James nem os roteiristas souberam fazer essa mistura perfeita. Ao contrário dos realizadores hollywoodianos do noventista
Segundas Intenções, versão teen moderninha de
Ligações Perigosas, e do sul-coreanos do recente
A Criada, que souberam muito desenvolver ótimas histórias, recheadíssimas de suspense, reviravoltas e nos presentearam com filmes envolventes, intrigantes, com sequências quentes de erotismo e sedução, sem apelação, que não estão na história de forma gratuita. Enfim, tudo que
Cinquenta Tons Mais Escuros prometeu ser, mas, sequer tentou.
4. Azul é a Cor Mais Quente.
Imaginemos se os caras resolvessem explorar e aprofundar bem mais a história de amor dos pombinhos Grey e Anastácia, sem correria, mesclando perfeitamente o romance com as cenas picantes. Era só convidarem os realizadores deste aclamadíssimo filme francês que traz o romance lésbico de duas adolescentes, ambas muito mais lindas e sensuais que a insossa Dakota Johnson. Não precisava ter as quase três horas de duração (motivo que ainda não assistir por completo) para aprofundar os personagens, mas, se desenvolvesse bem a história e a conduzisse com a mesma competência, a franquia
Cinquenta Tons seria um marco na história do cinema como este polêmico e quentíssimo filme francês, ao invés de ser apenas uma modinha que, daqui alguns anos, todo mundo vai está cagando.
3. Instinto Selvagem.
E falando em marco da história do cinema, o que aconteceria se fosse dada carta branca para o diretor Paul Verhoven e o roteirista Joe Eszterhas adaptarem a obra de E. L. James? Se uma clássica e inesquecível cruzada de pernas, consegue causar e sensualizar mais que os dois
Cinquenta Tons, imagina se a franquia estivessem nas mãos deles. Os caras, simplesmente, nos presentearam com um dos melhores thriller policial erótico da história do cinema. E as coisas esquentaram também fora das telonas, já que, após as filmagens Michael Douglas teve que ser internado para tratar do vício em sexo. Mas, isso não vem ao caso agora. Rssssss... Enfim, não sei se com os dois envolvidos, a atual franquia modinha seria tão boa quanto o já clássico
Instinto Selvagem, filme que é um excepcional exemplo que é possível dosar suspense e erotismo numa trama policial muito bem desenvolvida. Mas, com certeza daria gosto ir ao cinema para encarar uma pré-estreia de um filme da franquia em plena meia-noite, pois, teríamos algo no mínimo provocativo.
Imagine se os caras quisessem explorar mais o lado obscuro das taras de Christian Grey, causando polêmica e fazendo barulho, sem deixar de contar bem feito uma história de alguém que manda os tabus para as picas e encara numa boa todos os desejos pervertidos, popularmente conhecido como safadeza, putaria, taras. Era só encontrar um diretor com colhões e liberdade criativa do mestre Lars von Trier, que acredito que teríamos as adaptações mais fiéis de uma obra literária, com uma Anastasia Steele sendo realmente dominada e sentindo na pele o que deveria rolar de verdade no quarto vermelho. Infelizmente, isso não aconteceu, pois a questão é mercadológica, e os caras não arriscariam em perder dinheiro e até espaço (até agora, nenhum dos dois
Ninfomaníaca foram lançados em home vídeo por aqui, já que não teve nenhuma distribuidora se habilitou. Mas, relaxe! Está disponível na
Netflix). Mas, se ao menos tivessem tido 1% da coragem e da ousadia criativa do diretor dinamarquês na sua polêmica obra dividida em dois filmes, nos convenceríamos que Christian Grey é realmente um cara taradão-pervertido que é nos livros (ao menos foi o que minhas amigas leitoras da trilogia me disseram).
1. 9 1/2 Semanas de Amor.
Se fossemos resumir nossa lista em apenas um filme, seria esse clássico oitentista do mestre Adrian Lyne. E com toda sinceridade, quando fui assistir
Cinquenta Tons de Cinza, acreditava que teria um filme que no mínimo fosse uma cópia cagada e cuspida, ou quem sabe, até melhor que o clássico, já que este não tem um roteiro e uma premissa tão interessante e fundamentada quanto as obras de E. L. James. Mas, a deficiência do roteiro é contornada pelo toque de Midas de Lyne e a química perfeita do casal de protagonistas, Mickey Rouke e Kim Basinger, que na época, merecidamente, tornaram-se símbolos sexuais, e anos depois, ambos viriam a ganhar Oscar e outros prêmios por outras atuações (algo que duvido que venha acontecer com Jamie e Dakota). A escritora E. L. James afirma que se inspirou nos livros da série
Crepúsculo para escrever sua tetralogia, mas, acredito que tenha mesmo se inspirado nesse clássico dos cinemão pop oitentista, pois, aparentemente, todos os elementos deste encontram-se em seus livros (pelo menos, os fetiches e o caso de amor com um homem misterioso cheio de taras, estão presentes). E a participação de Basinger no elenco do filme atualmente em cartaz e no próximo, só reforçam a minha suspeita.
BÔNUS: Entre Lençóis.
Bem, de nada adiantaria copiar e colar algumas das fórmulas de alguns citados acima sem um bom casal de protagonistas. Na minha opinião, entre os vários defeitos da franquia a escolha de Jamie Dornan e Dakota Johnson para a função é um dos mais graves. Não há química entre eles, ambos são limitadíssimos como atores, não conseguem sensualizar, insossos demais. E nesse ponto, até o esquecível filme tupiniquim
Entre Lençóis, consegue ser melhor que os filmes da franquia modinha, pois conta simplesmente com Reynaldo Gianechinni e Paola Oliveira, indiscutivelmente, dois excelentes atores e bonitões, que exalam sensualidade e química quando se juntam nesse filminho (sou suspeito para falar de Paola, que para mim, é uma das atrizes mais lindas, competente e com uma simplicidade, qualidades que busco numa mulher, meu eterno sonho de consumo). Se Jamie e Dakota tivessem 1% de tudo que os atores tupiniquins têm, acredito que os filmes seriam consideravelmente melhores. Mas, nem isso o casal de
Cinquenta Tons foi eficiente. Paciência! Pelo menos, até agora, parece que será apenas uma trilogia, e depois do lançamento do último filme, programado para fevereiro do próximo ano, a modinha acaba e nos livramos dessa franquia que prometia, mas, por ter sido feita de qualquer maneira, deu na merda que deu.
Gianechinni e Paola em momento fetiche de Entre Lençóis.
Casal tupiniquim sensualiza e tem mais química
que o insosso casal gringo da franquia modinha.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.