Recordar é rever: Falcões da Noite.
Comentar filmes que acabam de chegar aos cinemas é ótimo. Tão bom quanto é comentar filmes antigos, em especial, aqueles que, por motivos incompreensíveis, andam sumidos da telinha da TV e das prateleiras das locadoras, mesmo sendo melhores que muitas super-produções hollywoodianas dos nossos dias. É o caso, por exemplo, do policial Falcões da Noite, onde Sylvester Stallone (na época, se firmando em Hollywood após o estouro e premiações por Rocky, Um Lutador) e Billy Dee Williams (recém saído da obra-prima da ficção científica O Império Contra-Ataca), formam uma dupla de policiais de Nova York que não dão mole para bandido (frase dita pelo locutor da Rede Globo, nas chamadas do filme que foi exaustivamente exibido, até começo dos anos 90, nas sessões Domingo Maior e Corujão), e são convocados para integrarem uma força-tarefa internacional, a fim de evitar que o perigossíssimo terrorrista Wulfrag (Rutger Hauer, uum filme antes do seu vilão mais memorável no cult Blade Runner: O Caçador de Andróides), ataque a sede das Nações Unidas.
O filme, que também conta com a mulher-biônica da extinta homônima série televisiva, Lindsay Wagner (desperdiçadíssima, sem ter o que fazer no filme), tem uma premissa interessante, com uma trama razoavelmente bem escrita, apesar dos furos no roteiro com algumas situações inexplicáveis, e até prende atenção, apesar que para os padrões atuais possa parecer tosco. E a nossa dublagem orignal, repleta de expressões e gírias específicas do nosso país daquela época, só piorava as coisas e batizava precocemente o filme como tosco. Para termos ideia do estrago, em uma das cenas, o personagem de Stallone, diz que vai arrebentar a janela de um trem do metrô, "a cacetada", expressão na época imortalizada por Didi Mocó, no saudoso programa domincial Os Trapalhões.
Mas, nem só de micos e cacetadas patrocinadas pela tosca dublagem de nosso país, Falcões da Noite chama a atenção, mas, principalmente, por méritos próprios originais. A começar pela atuação de Rutger Hauer, que rouba a cena com uma boa interpretação e que nas primeiras cenas está ireeconhecível, com os cabelos tingidos e muito bem maquiado. Aliás, a mesma equipe que caprichou no visual dele, pisou na bola feio na tosca caracterização do personagem de Stallone, na cena de abertura do filme, onde DaSilva, trabalhando disfarçado como um senhora para prender uns ladrõesinhos de merda, simplesmente, colocaram um máscara de carnaval de plástico, para esconder o seu visual a la Chuck Norris. Destaque também para a trilha instrumental que até hoje estrela várias chamadas de filmes que são exibidos na emissora de Roberto Marinho.
Falcões da Noite pode não ser o melhor filme dos envolvidos, mas, sem sombra de dúvida é um bom filme policial, que prende atenção e diverte, bem ao estilo da franquia do policial durão Dirty Harry, imortalizado por Clint Eastwood, que na época, boa parte dos filmes policiais da época seguia rigorosamente a sua cartilha. Vale a pena conferir, principalmente pelo encontro histórico dos ícones Stallone e Hauer, em um duelo memorável, mesmo que não tenha nenhuma porrada (ou cacetada, caso você prefira) de fato. Um clássico oitentista que merece ser descoberto e revisto por aqueles que já assistiram. E em versão original, legendada, pois se assitirmos na clássica dublagem brasileira, corremos o risco de rotular como 100% tosco um bom filme policial.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
Poster original do filme. |
Capa do VHS de Falcões da Noite: Bons tempos que ainda encontravamos o filme nas prateleiras das locadoras. |
Trailer original e paradão do filme.
Assim fica difícil eu tentar convencer que
Falcões da Noite não é um filme tosco.
Sequência com a nossa dublagem original.
Motivo que o filme já naquela época,
recebia o título de "tosco".
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