Mais um mês onde poucos lançamentos chegaram as salas alagoanas e ainda por cima, com a vergonhosa oferta apenas na versão dublada, caso de O Cavaleiro Solitário, filme que, infelizmente, irei esperar chegar em home vídeo para garotada. A maioria desses lançamentos foram animações voltadas ao público infantil, boa parte curtindo seu merecido mas curto recesso de meio de ano. Mais rápido do que uma bala, O Homem de Aço chegou com tudo e de cara arrebentando com o melhor filme do mês encerrado nesta quarta. Uma agradabilíssima surpresa que já garantiu sua vaga também como um dos melhores filmes do ano.
Foram apenas quatro filmes e Bruce Lee (27/11/40 - 20/07/73) acabou entrando para a história como um ícone da sétima arte. Habilidoso não somente como lutador, mas, também como ator, diretor, roteirista, coreógrafo de lutas e produtor, Lee nos deixou a exatos quarenta anos, mas, seu legado, dentro e fora das telonas permanece para sempre. Tanto que os tais quatro filmes que Lee protagonizou até hoje são insuperáveis e na minha opinião são os melhores filmes de artes marciais de todos os tempos. Para marcar esta data que nos deixa na saudade, durante a semana fiz uma mini-maratona comentando alguns astros marciais que trilharam o caminho aberto por Lee. Agora chega a vez de comentar as quatro obras-primas estreladas pelo saudoso dragão bem como o oportunista Bruce Lee no Jogo da Morte, filme que o astro filmava quando faleceu. Mais rápido que um dos golpes certeiros do mestre dragão, vamos aos comentários.
AS OBRAS-PRIMAS DAS ARTES MARCIAIS.
O Dragão Chinês (Tang Shan Da Xiong - Título original; The Big Boss / Fists of Fury - Títulos em inglês).
Produção de Hong Kong de 1971.
Direção: Lo Wei.
Elenco: Bruce Lee, Maria Yi, James Tien, Yin-Chieh Han, Nora Miao, entre outros.
Blogueiro assistiu na TV Aberta (Globo) e em home vídeo (VHS e DVD).
Cotação:
Nota:10,0.
Sinopse: Cheng (Lee) vai morar com o tio e os primos, e estes, lhe arrumam um trampo na fábrica de gelo que trabalham. Mas, os seus patrões, além de explorá-los, formam uma quadrilha perigosa. Quando um dos primos descobrem o esquema da bandidagem e é assassinado, Cheng pega ar e bota para foder em cima da quadrilha.
Comentários: Grande estreia de Lee como protagonista, O Dragão Chinês é um marco no cinema oriental de Hong Kong. Não por trazer novidade no roteiro que, é a mesmice de sempre dosando ação, humor e xaropada para encher linguiça. O grande diferencial, sem sombra de dúvida é Lee, que arrebenta nas sequências de ação muito bem realizadas e coreografadas, trazendo mais realismo ao cinema oriental, conhecido por pendurar seus atores em fios, voando adoidado. Enfim, um clássico fodástico das artes marciais. Filmaço imperdível.
O Dragão Chinês chegou por aqui em DVD,
por várias distribuidoras.
Trailer original.
A Fúria do Dragão (Fist of Fury).
Produção de Hong Kong de 1972.
Direção: Lo Wei.
Elenco: Bruce Lee, Nora Miao, Maria Yi, James Tien, Yin-Chieh Han, entre outros.
Blogueiro assistiu na TV Aberta (Globo) e em home vídeo (VHS e DVD).
Cotação:
Nota:10,0.
Sinopse: Ao saber da morte do seu mestre, o lendário herói chinês Chen Zhen (Lee) retorna a Shangai. Após o choque inicial, com direito a um tosco ataque desesperado, Chen Zhen desconfia que seu mestre foi assassinado. Suas investigações levam a uma escola japonesa de artes marciais. Puto da vida com a provável culpa dos japinhas na morte do mestre somado ao preconceito pesado dos caras contra os chineses, Chen Zhen pega ar e parte para a porrada para cima deles.
Comentários: Com o sucesso estrondoso de O Dragão Chinês, Lee virou queridinho dos chineses e fonte de grana para os produtores. Com mais moral e liberdade criativa, Lee arrebenta, fazendo um filme além melhor que sua estreia. O roteiro aqui é bem mais caprichado, praticamente sem xaropada, valorizando o talento ímpar de Lee, que além de lutar bem (a sequência que seu personagem encara uma academia inteira é empolgante até hoje), arrebenta também com uma ótima atuação, dosando o drama, o cômico e, obviamente, toda fúria do seu personagem. Dos quatro, para mim, A Fúria do Dragão divide a vice-liderança de melhor filme de Lee com O Vôo do Dragão.
Outro filme de Lee lançado por várias distribuidoras.
Uma delas, mudou o nome do filme para Conexão Chinesa.
Trailer original.
O Vôo do Dragão (The Way of the Dragon).
Produção de Hong Kong de 1972.
Direção: Bruce Lee.
Elenco: Bruce Lee, Nora Miao, Chuck Norris, Ping-Ao Wei, Robert Wall, entre outros.
Blogueiro assistiu na TV Aberta (Globo) e em home vídeo (VHS e DVD).
Cotação:
Nota:10,0.
Sinopse: Tang Lung (Lee) vai a Roma trabalhar no restaurante da sua amiga Chen Ching Hua (Miao) e de cara bota para correr mafiosos que vivem importunando. Ao constatarem que o novo funcionário é páreo duro e pode acaba com a festa deles, a bandidagem contrata reforço de peso para dar fim em Lung, chegando a importar dos States o fodão imbatível Colt (Norris).
Comentários: Com a moral em alta, Lee ganhou ainda mais liberdade, e agora, além de escrever, coreografar as lutas e atuar, o saudoso dragão passa a dirigir. O Vôo do Dragão tem um roteiro que foge ligeiramente do rotineiro, apostando no humor, algo que caiu super-bem a Lee, que tem aqui uma das melhores atuação como ator, deitando e rolando, esbanjando todo seu talento. A sequência do confronto entre ele e Norris até hoje é a melhor do gênero de todos os tempos e, até agora, não foi superada e dificilmente será superada. Como já dito no comentário do filme anterior, O Vôo do Dragão divide a vice-liderança dos melhores filmes de Lee na minha opinião.
Clássico encontro de dois fodões marciais
está disponível em DVD.
Operação Dragão (Long Zheng Hu Dòu - Título original; Enter the Dragon - Títulos em inglês).
Produção de Hong Kong de 1973.
Direção: Robert Clouse.
Elenco: Bruce Lee, John Saxon, Shih Kieh, Jim Kelly, Bolo Yeung, Jackie Chan, Sammo Hung, entre outros.
Blogueiro assistiu na TV Aberta (SBT) e em home vídeo (VHS).
Cotação:
Nota:10,0.
Sinopse: O monge shaolin Lee (Lee) é procurado e contratado por uma organização secreta internacional a la CIA, para participar de um torneio secreto de artes marciais promovido pelo misterioso Han (Kieh), um poderoso e perigoso traficante. Lee topa a missão e se infiltra, participando do torneio. A porra fica séria quando ele percebe que um dos oponentes é justamente o assassino da sua irmã. O que antes era uma missão acaba se tornando um assunto pessoal para Lee.
Comentários: Lee começou a filmar seu então novo projeto, O Jogo da Morte, quando a oportunidade de ouro que ele tanto desejou apareceu: estrelar um filme internacional. Operação Dragão é o primeiro filme de artes marciais da história feito em parceria entre uma produtora local e estadunidense. E a parceria não poderia ser mais acertada já que Operação Dragão tem o melhor e mais bem elaborado roteiro de um filme de artes marciais, sequências de ação clássicas. Pena que Lee não viu o trabalho pronto muito menos a sua repercussão, já que faleceu faltando três semanas para o lançamento. Várias vezes imitados, até hoje insuperável. Disparado, não somente o melhor filme do lendário Bruce Lee, como também do sub-gênero da ação, artes marciais.
Menos mal.
Operação Dragão está disponível apenas pela Warner.
Trailer original.
O OPORTUNIISTA.
O Jogo da Morte OU Bruce Lee no Jogo da Morte (Game of Death).
Produção de Hong Kong de 1978.
Direção: Robert Clouse.
Elenco: Bruce Lee, Tai Chung Kim, Biao Yuen, Collen Camp, Kareem Abdul-Jabbar, Chuck Norris (imagem de arquivo), entre outros.
Blogueiro assistiu na TV Aberta (Globo) e em home vídeo (VHS).
Cotação:
Nota:5,0.
Sinopse: Billy Lo (Lee / Kim e Yuen) é um astro marcial em plena ascensão. Uma organização criminosa passa a assediá-lo, mas, ele não aceita. Os caras ficam puto e pretendem matá-lo, mas ele se antecipa e numa dessas tentativas aproveita para forjar sua própria morte. Com a primeira parte do plano dando certo, Billy parte para desmantelar a organização.
Comentários: Com a morte de Lee, pipocou oportunistas lançando filmes estrelados por Bruce Li, Bruce Le e tanto outros genéricos. Mas, ninguém foi mais oportunista que o mega-produtor chinês Raymond Chow. Jogo da Morte era a menina dos olhos de Lee que se dedicou ao máximo para o filme sair. Sem sombra de dúvida, o filme onde Lee interpretaria um campeão de artes marciais recém-aposentado que iria a Coréia para participar de um torneio secreto, tipo caça ao tesouro, promovido por uma organização criminosa que raptou seus irmãos, tinha tudo para ser outro clássico das artes marciais. Mas, infelizmente, Lee morreu quando o filme estava produzido e cinco anos depois, Chow lançou Jogo da Morte, com o enredo distorcido e tosco, montagem ridícula com imagens de Lee, inéditas e de outras produções, e ainda teve a cara de pau descarada de inserir imagens reais do velório de Lee (como se isso não bastasse, Chow usou também as mesmas imagens em Jogo da Morte 2 e no documentário Bruce Lee - A Lenda). O filme só não é uma merda total, porque as sequências de luta com Lee, em especial, a inédita, onde Lee encara seu aluno e amigo o gigante Abdul-Jabbar, são uma espetáculo marcial.
Curiosamente, mesmo com mais pontos negativos do que positivos, O Jogo da Morte acabou sendo um sucesso e incluído na lista oficial dos filmes de Lee. O filme, além de ganhar uma continuação (pelo menos, a tosca montagem é pouca, já que o personagem de Lee morre antes da primeira metade), a imagem de Lee como macacão amarelo com lista preta é fonte de inspiração e homenagens ao astro até hoje. O macacão foi usado pela noiva vingativa dos dois Kill Bill de Quentin Tarantino e suas cores era de um dos carros-robôs de Transformers. E não é que Jogo da Morte 2, também encontrado por aqui com o título Torre da Morte, consegue ser melhor que o primeiro, mesmo sem Lee? Em outra ocasião, comentarei este clássico trash.
Um presença ou ausência do artigo "O" pode até confundir, mas, não se engane.
É o mesmo filme oportunista com montagem tosca de Lee.