domingo, 16 de abril de 2017

RECORDAR É REVER: O TRAPALHÃO NA ARCA DE NOÉ.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. / Coco do Cachorrão= Preciso mesmo dizer?.

O Trapalhão na Arca de Noé.
Produção brasileira de 1983.

Direção: Del Rangel.

Elenco: Renato Aragão, Gracindo Júnior, Nádia Lippi, Milton Moraes, Sérgio Mallandro, Dary Reis, Fábio Villa Verde, Carlos Kurt, Manfredo Colassanti, Xuxa Meneghel, entre outros.

Blogueiro assistiu no extinto cinema São Luiz Maceió, na TV aberta (Globo), em home vídeo (VHS) e no notebook.

Cotação

Nota: 4,5.
  
Sinopse: Arqueólogo fodão (Júnior) faz uma importante descoberta no meio do Pantanal, mas, é traído por sua companheira de aventura e rolo amoroso, a fotógrafa Carla (Lippi), que foi coagida pelo malvadão endinheirado Morel (Moraes). Logo, ela se arrepende e tenta salvar o amado, que vira prisioneiro do cara, que chefia uma quadrilha que trafica e mata animais silvestres. Paralelamente, os funcionários do zoológico, Duda (Aragão) e Kiko (Mallandro), que juntos com o pirralho Zeca (Verde), amam os animais, e fazem de tudo para defendê-los. Em sua última empreitada, eles cabam com um rinha de galos, deixando os organizadores peidados, iniciando uma perseguição, que acaba num acidente onde Duda e Zeca vão parar numa misteriosa caverna. Lá aparece Noé (Colassanti) em pessoa, que confia a eles a missão de acabar com a festa perversa de Morel. É justamente quando o caminho deles e de Carla se encontram, fazendo-os unir forças para encarar a difícil e perigosa missão.

Comentários: 1983 foi o ano que ficou marcado para nós brasileiros como o ano em Os Trapalhões se separaram por seis meses. Tempo curtinho, mas, o suficiente para o desentendimento gerar duas produções nas telonas. Uma contando com a produção de J. B. Tanko, Atrapalhando a Suate, trazendo o trio Dedé, Mussum e Zacarias, levando para as telonas um dos quadros de maior sucesso do programa televisivo, e esta aventura ecológica com Renato Aragão, numa produção bem mais caprichada. Uma coisa a separação e os dois filmes decorrentes dela serviram de lição: a sabedoria popular que diz que "não se mexe em time que está ganhando", se aplica direitinho ao saudoso quarteto.

Inspirado em Os Caçadores da Arca Perdida do mestre Steven Spielberg, Renato que de besta só tem a cara, tratou logo de  escalar ninguém menos que os novelistas Doc Comparato e Aguinaldo Silva (simplesmente os roteiristas do excelente O Cangaceiro Trapalhão) para roteirizar sua história. E por incrível que pareça, justamente aí que está o maior problema do filme. Pega-se uma premissa interessante que tinha tudo para gerar um divertido filme de aventura, e desperdiça num roteiro péssimo, sem lógica, repleto de furos e incoerências (a maior delas, é a sacanagem que aprontaram com o personagem de Sérgio Mallandro que surge, some e reaparece na trama sem qualquer explicação). As piadas são inexistentes e a trama em si acaba sendo tão bagunçada que fica praticamente impossível acompanhar sem bocejar, e de comprarmos a ideia e nos divertimos. Para piorar o que já é ruim, temos a desnecessária inclusão do bichinho Papacul (provavelmente, inspirado no fenômeno da época E.T. - O Extraterrestre, também de Spielberg), que aqui é um boneco tosco, muito mal elaborado, que só perde mesmo para o ainda mais tosco tubarão de O Trapalhão no Planalto dos Macacos. Tudo bem que é um filme produzido para o público infantil, mas, poxa, vamos respeitar a inteligência e os olhos do expectador e pelo menos produzir um boneco convincente.

Mas, o filme não chega ser uma merda total, já que Renato conta com um bom elenco ao seu lado, em especial, Gracindo Júnior, que convence como Indiana Jones Tupiniquim e, principalmente, Sérgio Mallandro. Mesmo totalmente avulso, num personagem descartável que nem fede nem cheira a trama, o figuraça e hilário humorista rouba a cena. Ironicamente sua participação descartável é que rouba a cena e nos presenteia com os únicos momentos mais engraçados do filme onde ele já demonstra as porra-louquices e trejeitos que conhecemos, e literalmente com a macaca, nos arranca as maiores gargalhadas do filme.

Marcado bem mais pela micro-participação da apresentadora Xuxa, que viria atuar em mais quatro filmes do grupo, O Trapalhão na Arca Noé é um bom exemplo que até grande autores podem pisar feio na bola e estragam uma história que tinha tudo para gerar um filmaço. Acredito que isso não aconteceu com ambos os filmes, justamente para que o quarteto voltasse a ser formado, e nos presentear com excelentes filmes logo no ano seguinte, inclusive alguns dos melhores. Assim como o filme do trio DEMUZA, tem várias deficiências e vale apenas pela curiosidade.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.


 
Capa de uma revista da época do lançamento do filme.
Assim como na época, micro-participação da rainha dos baixinhos
chama atenção.

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