domingo, 23 de abril de 2017

RECORDAR É REVER: UMA ESCOLA ATRAPALHADA.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. / Coco do Cachorrão= Preciso mesmo dizer?.

Uma Escola Atrapalhada.
Produção brasileira de 1990.

Direção: Antônio Rangel.

Elenco: Angélica, Supla, Grupo Dominó, Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum, Zacarias, Ewerton de Castro, Jandira Martini, Fafy Siqueira, Cristina Prochaska, Marcelo Picchi, Gugu Liberato, Selton Mello, Maria Mariana, Leonardo Brício, entre outros.

Blogueiro assistiu no extinto Cinema São Luiz Maceió, na TV aberta (Globo) e em home vídeo (DVD).

Cotação

Nota: 4,5.
  
Sinopse: A trama acontece na tradicional Escola Mateus Rosée, colégio para Mauricinhos e Patricinhas. Logo no começo do ano, a turma é surpreendida com a chegada de quatro irmãos vindos do interior (Polegar) e da misteriosa, metida a bad girl, Tami (Angélica), todos aparentemente pobres, portanto, de cara são hostilizados pela galera elitista. A coisa fica ainda mais tensa quando Tami bate de frente com Carlão (Supla), o bad boy dos Mauricinhos. Mas, com o passar do tempo, os novatos pobretões vão sendo aceitos pela galera, até rolando rolando uns pegas para celebrar a união das classes sociais, com o conflito entre Carlão e Tami dando lugar a um rolo romântico.

Comentários: Imagine que você não conhece a filmografia dos Trapalhões, e passando por uma loja  e vendo o DVD deste filme, compra, achando que é um filme do saudoso grupo, e ao chegar em casa, você descobre que na verdade é um filme teen estrelado por Angélica e, pasmen, caro internauta, Supla e a extinta boy band tupiniquim Polegar (aquela que contava com Rafael Ilha, infelizmente, atualmente marcado pelas manchetes nas páginas policiais, devido algumas merdas que fez quando tava doidão por causa das drogas). Para evitar que você tenha a mesma raiva que eu tive quando adolescente, que enfrentei uma puta fila para assistir esse filme nos cinemas, inicio essa postagem dando esse alerta. É bem verdade que logo nos créditos iniciais anuncia-se que os Trapalhões fazem uma participação especial (apesar que nesse momento estamos anestesiados de tédio, após uns cinco minutos de três comerciais dos patrocinadores do filme, incrivelmente, presentes também no DVD, que rolam antes). Mas, o próprio cartaz do filme (e também a capa do DVD) e o título do filme propositalmente nos leva ao engano. Pelo que andei pesquisando essa asneira aconteceu porque os Trapalhões viam fazendo um filme (ruim) infatlizado atrás do outro, e querendo atingir o público adolescente, inventou de fazer um filme voltado para esta faixa de etária. O que para mim, acabou não convencendo, já que na época eu era adolescente, mas a raiva de ser enganado acabou superando a tentativa do grupo em agradar a minha geração teen.

Sobre a participação do grupo, acontece de forma isolada. Renato Aragão, como de costume, tem um destaque maior, aparecendo um pouco mais que os "campanheiros", enquanto que Mussum, aparece pouco, mas rouba a cena com o personagem mais engraçado e figuraça deste filme (isso se não levarmos em conta a atuação de Supla, um cara que por si só é uma figura hilária). Já Dedé e Zacarias aparecem rapidamente, só para juntar o quarteto na única cena juntos, e Renato soltar a famigerada e odiada frase "Isso é o que dá entrar no filme dos outros!". Puta que pariu! Essa frase me marcou até hoje, pela raiva que eu tive ao cair a ficha que esse filme não era um filme dos trapa. Me lembro que a partir de então, fiquei emputecido com o filme, e ainda sair reclamando, xingando, junto com meus colegas, enquanto rolava os créditos finais ao som de uma musiquinha tosca e chiclete do Polegar.

Se fosse só pela picaretagem de vender um filme dos Trapalhões sem ser, o filme (conduzido pelo mesmo diretor pé-frio de O Trapalhão na Arca de Noé) poderia até se salvar. Mas os problemas aqui são vários. A começar pela escalação dos protagonistas, Angélica e Supla, que não têm química nenhuma, suas atuações são péssimas, assim com seus colegas de protagonismo, os carinhas do grupo Polegar. E falando na trama, até que tem uma premissa interessante, mas, se perde num roteiro mal elaborado, onde tenta ser divertido sem conseguir, e ainda tenta tratar de temas teens, mas, sem aprofundamento e lógica nenhuma, portanto, sem também conseguir êxito aqui. Para se ter ideia, em uma sequência, uma personagem feminina teen está aflita por achar que está grávida e as amigas até dão um força, até sugerindo nome da criança e tudo, mas ao saberem que foi alarme, elas comemoram. Mais bipolar, impossível. Malhação - que na época sequer sonhava existir - perto desse filme é uma obra de Shakespeare. Como se o roteiro ruim e a micro-participação do saudoso quarteto não bastasse, o filme ainda traz sofríveis toscos clipes da Angélica e Supla, totalmente desconexos com a trama.

Apesar de formado por ótimos atores, o elenco adulto (Nota: falo dos atores de verdade, e não do apresentador Gugu Liberato, totalmente avulso e desnecessário a trama, numa participação ridícula que força a barra tentando ser engraçado, sem conseguir) está mais perdido que cego em tiroteio, sem ter muito o que fazer, salvando-se apenas  Ewerton de Castro, tirando leite de pedra de um vilão mal elaborado, conseguindo roubar a cena. Já o elenco teen, salva-se apenas Selton Mello, em sua estreia nas telonas, que tira ainda mais leite de pedra que o citado veterano, com um personagem chato pra caralho, vilãozinho de merda, cuzão, revoltadinho, que do nada, aceita que é corno e perdeu a gatinha canastrona, e vira bonzinho. 

Uma pena que tenha sido o último filme do quarteto formado, já que Zacarias viria a falecer durante a pós-produção, o que acabou fazendo que o filme seja dedicado a ele. Coitado! Triste ironia que o saudoso impagável humorista não tenha tido sorte nem na sua estreia no grupo (o mega-sucesso, mas, um dos piores filmes, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas) nem na sua despedida das telonas tanto aqui, como no filme oficial do quarteto (Os Trapalhões na Terra dos Monstros também não é lá grande coisa) Realmente, o saudoso talentoso humorista não merecia essa dupla zica.

Enfim, Uma Escola Atrapalhada vale apenas pela curiosidade de ver a estreia de um dos grandes nomes do nosso cinema atual (além dele, Maria Mariana e Leonardo Brício, ambos também em começo de carreira, são outras presenças curiosas), pelo triste fato de ver o saudoso quarteto junto pela última vez nas telonas, e  pela mórbida curiosidade de cair na risada com a canastrice de Supla (ao contrário das canastrices de Angélica, Polegar e demais, que chegam a irritar), sendo ele mesmo, sem se esforçar porra nenhuma para atuar (e convenhamos, ele está certíssimo, pois é cantor, não é obrigado ser um ator). Apenas por esses motivos que essa pérola trash do nosso cinema merece ser conferida.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.


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