Dose dupla de divertida comédia nacional.
Nada como saldão de queima de estoque para um cinéfilo enriquecer a sua videoteca. A mais de duas semanas a loja do Hiper Bompreço, localizada ao lado do Shoping Maceió, está vendendo DVDs a preço bastante baixos. Filmaços como os das franquias Velozes e Furiosos, Indiana Jones, De Volta Para o Futuro, o drama Vôo United 93, entre outros, que podem ser adquiridos por valores entre R$ 5,00 e R$ 10,00, preços de banana para um produto original. Aproveitei para adquirir por menos de R$ 20,00, os dois Se Eu Fosse Você, divertidas comédias nacionais, dirigidas por Daniel Filho e estreladas por Tony Ramos e Glória Pires.
Um roteiro repleto de clichês e esteriótipois, com um tema trabalhado exaustivamente por Hollywood: dois simples ingredientes que tinham tudo para gerar um fiasco. Mas, quando em 2006, Se Eu Fosse Você estreiou nos nossos cinemas, fomos supreendidos por uma divertida e engraçadíssima comédia que arrastou milhares de pessoas ao cinema, para ver os grandes atores, que dispensam comentários, se soltando, literalmente, em personagens cômicos. Claúdio (Tony Ramos) e Helena (Glória Pires) formam um casal, com uma filha adolescente (a gatinha Lara Rodrigues, a Narizinho da recente e chatíssima versão do seriado televisivo Sítio do Pica Pau Amarelo). Ele, um publicitário muito criativo, premiado por várias vezes e ela, professora de música de um colégio católico. No meio de uma discussão boba, onde os dois menosprezam a vida um do outro, ocorre um estranho e raro fenômeno astronômico, onde os planetas Vênus e Marte se alinham com o nosso planeta, e acabam trocando de corpos. Uma desculpa esfarrapada para os dois sentirem na pele do outro, que ser homem e ser mulher não é tão fácil como achavam que fosse.
Em 2009, o raio caiu de no mesmo lugar em Se Eu Fosse Você 2, atingindo em cheio Claúdio e Helena, que estão passando por uma crise gravíssima no casamento. Deixando de lado a desculpa esfarrapada motivou a troca no primeiro filme, desta vez, ainda mais inexplicavelmente e absurda, a troca ocorre após uma audiência fustrada de conciliação, onde eles entram no elevador e saem automaticamente trocados. Evidente que os dois não gostam nadinha de viverem de novo a situação inusitada, mas têm esperanças que ao quarto dia, como aconteceu no outro filme, eles voltem normalmente aos seus corpos, o que acaba não ocorrendo. E as coisas só complicam quando a filha do casal, Bia (agora interpretada pela também lindinha Isabelle Drummond, a Emília do mesmo chatíssimo seriado), grávida do namorado, vai casar.
Ambos os filmes têm roteiros fracos, repletos de clichês e esteriótipos. Mesmo com a inexplicada e tosca desculpa para a troca de corpos, o primeiro Se Eu Fosse Você é infinitamente superior ao segundo, que peca ainda mais nos furos, principalmente de continuidade, como na ausência da personagem de Glória Menezes, que apesar de ser a avó da noiva e sócia da agência de Claudio (outro erro no roteiro, já que ele menciona que tem um sócio ao invés da sogra) não aparece no filme.
Mas, as deficiências dos dois roteiros são superadas pelas brilhantes e divertidas atuações do casal de protagonistas. Ramos e Pires simplesmente estão hilários e dão um show de interpretações, totalmente a vontade em seus personagens e com uma química perfeita. É visível que os dois se divertem tanto ou até mais que nós, meros espectadores. Sem sombra de dúvida, são as brilhantes interpretações de Ramos e Pires que não somente salvaram os dois filmes de serem péssimos, como também são os principais responsáveis pelo um enorme sucesso de bilheterias que ambos obteram.
Mas, os veteranos e brilhantes atores não recebem sozinhos os méritos, já que contam com um time de atores e atrizes, alguns tão excepcionais como eles, que também embarcaram na dupla brincadeira conduzida pelo veterano Daniel Filho. No primeiro filme, contam com uma número a mais de ilustres participações: Ary Fontoura, Maria Gladys (os dois também presentes na continuação, mas sem o mesmo brilho), Glória Menezes, Thiago Lacerda, Patrícia Pillar, Lavínia Vlasak Danielle Winits, Jorge Fernando, Leandro Hassum (o único despediçado do filme e de toda franquia), Dennis Carvalho, Helena Fernandez, Marcela Muniz e a filha do diretor, Carla Daniel. Já o segundo, conta com Cássio Gabus Mendes (hilário), Marcos Paulo, Chico Anysio (roubando cena, sem dúvida, o melhor coadjuvante dos filmes produzidos até agora), Maria Luisa Mendonça, Viviane Pamanter e Adriane Galisteu (fraca, mas sem comprometer).
Os dois filmes arrebentaram nas bilheterias e são provas vivas que dois brilhantes atores como protagonistas e um elenco afiado podem transformar ideias desgastadas e roteiros repletos de clichês e furos em divertidos filmes. E vem mais por aí, já que estão confirmados mais dois filmes da franquia. Fica a expectativa se os dois brilhantes atores nacionais conseguirão manter o pique e a atenção do público, já que no segundo filme, já apareciam sinais de cansaço na franquia. Enquanto aguardamos ansiosamente os novos filmes, vale a pena conferir os dois já produzidos (principalmente o primeiro) desta divertida e engraçada franquia do nosso cinema.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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