Direção: Alexandre Avancini.
Elenco: Petrônio Gontijo, Day Mesquita, Beth Goulart, Dalton Vigh, André Gonçalves, Eduardo Galvão, Leonardo Franco, Pedro Henrique Moutinho, Marcello Airoldi, Nina de Pádua, entre outros.
Blogueiro assistiu na sala 1 do complexo Kinoplex Maceió em 04 de abril de 2018.
Cotação:
Nota: 0,5.
Sinopse: Cinebiografia inspirada no primeiro livro da trilogia autobiográfica homônima do Bispo Edir Macedo. A trama se passa entre os anos 1960 e 1990, e conta a trajetória de Edir Macedo (Gontijo), um homem simples, com muita fé, que luta contra tudo e todos, para evangelizar um monte de gente e salvar almas, encarando um monte de adversidades, tendo o apoio principalmente da esposa Ester (Mesquita).
Comentários: Desde que fiquei sabendo que estava sendo produzida essa cinebiografia, eu realmente, caguei, e disse por várias vezes, que não iria assistir. Mas, na manhã de ontem, fui surpreendido no WhatsApp por uma ex-aluna que me convidou para assistir o filme, dizendo que tinha um ingresso guardadinho para mim. Depois de uma pequena insistência da parte dela, admito que a curiosidade mórbida falou mais alto dentro de mim, e acabei aceitando o presente de grego, porém, bem intencionado da parte dela. E lá estava eu, no meio de aproximadamente vinte pessoas humildes (numa sessão que deveria está lotadona) que estavam marcando presença na sala. Não nego que. como cinéfilo apaixonadão, até que é emocionante ver algumas pessoas simples, sobretudo uma senhora idosa e também uma família muito fofa, claramente com pouco grau de instrução, admiradíssimas com uma sala de cinema, algo que, creio eu, só devem ter ido duas vezes na vida (provavelmente, na primeira vez, também "patrocinada" pela Universal). Nada contra em levar pessoas humildes ao escurinho do cinema, isso é realmente louvável. Muito menos em se fazer uma cinebiografia do seu líder, afinal, católicos, espíritas e o protestantismo têm filmes sobre suas figuras notáveis. O problema aqui é justamente a vergonhosa má intenção por trás do gesto, que na verdade é a desonesta e mais picareta tática de forçação de barra em tornar o filme um fenômeno de bilheterias, algo nunca visto história da sétima arte. E esse acaba sendo o menor dos problemas.
Se uma cinebiografia costumeira já peca bastante por deixar de lado os fatos e exagerar nas dosagens de licença poética, imagina uma feita sob medida para enaltecer a figura do controverso líder. E realmente pegam pesado, pois, absurda e vergonhosamente, transformam o cara praticamente num super-herói, um Rocky Balboa gospel numa versão exageradamente tosca, praticamente uma figura bíblica contemporânea, um novo Paulo apóstolo, sem a fase do Saulo perseguidor. Difícil de acreditar que tudo que é vomitado em nós durante as absurdas mais de duas horas de duração, tenha rolado de fato, pois, tudo é apresentado com um patético maniqueísmo, onde de um lado está o coitadinho, inocente, injustiçado, que todo mundo odeia sem nenhuma explicação, mas determinado profeta, homem de Deus, o dono da verdade, Macedo; e do outro, todos os malvados, que sem nenhuma explicação perseguem e odeiam o nosso herói, seja a Igreja Evangélica tradicional na figura de um pastor que vomita absurdos preconceituosos, a Igreja Católica na figura de um bispo malvadão, invejoso e perseguidor implacável, praticamente, um anticristo, e o cunhado e ex-parceiro de igreja, R. R. Soares, que aqui é apresentado aqui como um sujeito egocêntrico, invejoso e mesquinho. Não basta ser desonesto na forçação de barra nas bilheterias, mas, também em todo seu conteúdo.
Realmente, gostaria de está errado, até em consideração a minha ex-aluna, que lembrou de guardar um ingresso para mim, sem eu nunca sequer ter mencionado que sou cinéfilo. Mas, realmente, é impossível gostar um filme tão ruim e irritantemente ofensivo a outras crenças, que tem um péssimo roteiro que tão de ridículo beira à paródia de si próprio, provocando inevitáveis gargalhadas de quem tem um pouquinho de discernimento e percebe que está diante de uma obra alienante. O filme traz uma trama claramente fantasiosa, brega ao extremo, rasa, repleta de furos e incoerências, que só existe como veículo de enaltecer a figura de Macedo, atacar e ridicularizar sem explicação instituições e pessoas que ele já demonstrou por várias vezes ter um ódio mortal (o que acaba sendo um contra-testemunho para um líder religioso que se diz ser um homem de Deus), e fazer uma puta lavagem cerebral, com intenção de iludir e atrair novos fiéis. E nesse ponto, Nada a Perder é o filme mais alienantes que já assistir em minha vida, uma verdadeira afronta à inteligência do espectador, algo que nem o vexatório Lula - O Filho do Brasil, e nem mesmo os filmes produzidos na época da Alemanha nazista, tenham sido tão descarados. De quebra, ainda transforma nossos cinemas numa micro-reunião da Universal, com direito a ter um membro da igreja na porta das salas onde estão exibidos distribuindo um lencinho "ungido", que não é para enxugar as lágrimas (afinal, em nenhum momento o filme emociona), mas, porque antes dos créditos finais, o próprio Macedo aparece para fazer uma oração, e explica a utilidade do tal tosco artefato feito de TNT.
Como obra cinematográfica, Nada a Perder é um desastre. Não funciona como cinebiografia, muito menos como filme do sub-gênero gospel, já que a mensagem cristã é ofuscada pela bajulação e massagem ao ego do controverso líder. O mais grave é que falta empatia pelos personagens e, como já foi dito, emoção. As atuações são constrangedoramente canastronas. Não sei se isso aconteceu por exigência do diretor, ou graças as péssimas falas do texto e caracterizações maniqueístas das personagens, mas, o fato é que a maioria dos atores, principalmente, os ótimos que atuam como coadjuvantes, estão constrangidos ou com má vontade em atuar. Único ponto positivo, responsável pela nota não ser um zero redondinho, é a excelente reconstituição de época. Realmente, os responsáveis pela direção de arte, figurinos, cabelos e cenários estão de parabéns pois nesse ponto, o filme nos leva numa viagem no tempo.
Como obra cinematográfica, Nada a Perder é um desastre. Não funciona como cinebiografia, muito menos como filme do sub-gênero gospel, já que a mensagem cristã é ofuscada pela bajulação e massagem ao ego do controverso líder. O mais grave é que falta empatia pelos personagens e, como já foi dito, emoção. As atuações são constrangedoramente canastronas. Não sei se isso aconteceu por exigência do diretor, ou graças as péssimas falas do texto e caracterizações maniqueístas das personagens, mas, o fato é que a maioria dos atores, principalmente, os ótimos que atuam como coadjuvantes, estão constrangidos ou com má vontade em atuar. Único ponto positivo, responsável pela nota não ser um zero redondinho, é a excelente reconstituição de época. Realmente, os responsáveis pela direção de arte, figurinos, cabelos e cenários estão de parabéns pois nesse ponto, o filme nos leva numa viagem no tempo.
Enfim, a desleal e picareta tática adotada pela Universal até chega a ser compreensível. Só mesmo distribuindo ingressos para Deus e o mundo, disponibilizando transporte em ônibus caindo aos pedaços, é que alguém sai de casa e vai ao cinema assistir um filminho tão ruim e cinicamente pretensioso. Pois, se fosse para concorrer honestamente, como qualquer produção cinematográfica do mundo faz, seria um fiasco, sem direito a continuação que, infelizmente virá, já que além dos números absurdos que fez nas bilheterias, o filme traz uma ridícula cena antes dos créditos finais que anuncia o segundo filme. O ditado popular afirma que "de graça, até injeção na testa". E Nada a Perder é a injeção mais cavalar.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.
Vídeo do youtuber Nando Moura que vale mais a pena assistir que o filminho picareta.
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