terça-feira, 2 de julho de 2019

DO MENOR PARA O MELHOR: SÉRIES MARVEL/NETFLIX.

A festa acabou. A bem sucedida parceria entre Marvel Television e o todo poderoso serviço de streaming Netflix terminou, deixando um legado de cinco séries e uma minissérie que juntas renderam treze temporadas. Entre altos e baixos, agradando e desapontando os fãs, e com potencial para prosseguir por muito mais tempo, os frutos da parceria, na minha humilde opinião, no geral, foram ótimos, e com certeza, deixaram sua marca, reforçando o padrão Marvel de qualidade também na telinha. Particularmente, não acho que nenhuma das temporadas de nenhuma das séries tenham sido ruins, nem mesmo a massacrada minissérie dos Defensores. Ao meu ver, o defeito comum presente nas séries da parceria, foi o arrastado da trama para se alcançar aos treze episódios obrigatórios, o que tornou boa parte delas, chatas e enfadonhas, mesmo com tão poucos episódios em comparação aos padrões dos seriados televisivos estadunidenses. Nesta postagem trago o meu ranking de todas as temporadas das séries Marvel/Netflix. Obviamente, por ser tratar de gosto pessoal e não ser uma opinião de crítico ou de um fã xiita, já aviso que está recheado de colocações de posições polêmicas, inclusive, com direito a ter duas malhadíssimas séries e suas respectivas temporadas pela maioria, figurando entre os cinco primeiros colocados (uma delas, no pódio). Sugiro que ao invés de me xingar, elabore nos comentários a sua lista. Enfim, mais rápido que o fim precoce da parceria que prometia render mais frutos memoráveis de altíssima qualidade, vamos a nossa lista.


Depois de um temporada de estreia apenas legal, a série do fodão herói do Harlem prometia uma melhora. Mas, infelizmente, ficou só na promessa, já que a última temporada eleva ao extremo nível insuportável o problema comum das séries da parceria de ter trama arrastada, o que tornou a maratona torturante e entediante. Apesar disso, tem os seus momentos legais que até ensaiam uma empolgação, e traz uma deixa no final, que prometia ser uma grande virada e por tabela uma melhora na saga do herói. Infelizmente, não saberemos, já que fim da parceria frustrou os planos disso vim acontecer.


Mas uma série da parceria que sofre da "maldição" das segundas temporadas. Assim com a série do herói do Harlem, a última temporada do seriado do cultuadíssimo vigilante também evidencia e eleva o problema comum da trama arrastada, recheada de muita embromação e xaropada. Mas, leva uma ligeirinha vantagem por fazer jus aos quadrinhos, trazendo Frank Castle extremamente violento e com muito sangue nos olhos, o que acaba tornando a temporada tolerável e até ligeiramente melhor que outras séries da Marvel fora da parceria com a Netflix, como Os Fugitivos e Manto & Adaga.


A "maldição" das segundas temporadas das séries da parceria não poupou nem menos a série da detetive sabichona. Depois de uma temporada de estreia fodástica, que figura na maioria das listas entre as três primeiras melhores da parceria, a segunda temporada tem uma queda drástica de qualidade, também evidenciando o problema da trama arrastadona. Aqui, prevalecem o carisma da protagonista Krysten Ritter, que continua mandando muito bem como a figuraça heroina, e o espaço dado alguns coadjuvantes, que aproveitam bem a oportunidade dada de bandeja pelos roteiristas.


Acredito que seja a primeira polêmica do nosso ranking, em relação a posição que uma série e sua respectiva temporada ocupa. Afinal, estamos falando daquela série da parceria que, com certeza, é a mais malhada pelos fãs e  pelos críticos. E com toda razão. A temporada de estreia do herói de artes marciais tem seríssimos problemas, sendo o maior deles, a canastrice do protagonista Finn Jones, piorada pelas fracas coreografias que acabam revelando claramente que ele não luta porra nenhuma. Apesar disso, leva uma ligeira vantagem sobre as séries citadas acima por trazer uma trama que, na mina humilde opinião, mesmo com furos e o velho problema da xaropada, consegue ser um pouquinho mais interessante.


Com a ingrata responsabilidade de marcar o fim da parceria entre Marvel e Netflix, a última temporada da série da detetive sabichona pode não ser o encerramento com chave de ouro à altura. Mas, também não faz feio, já mesmo tendo a xaropada de sempre que arrasta a trama desnecessariamente, até que consegue ser interessante e prender atenção, principalmente, pelo merecido destaque dado a Trish,  interpretada pela também carismática Rachel Taylor, que nesta temporada, praticamente divide o protagonismo com Krysten Ritter.


A série mais black power da Marvel tinha tudo para ter um início fodástico como os dos seus colegas, Demolidor e Jessica Jones. E até que se segura bem durante boa parte, mas, acaba caindo de qualidade e ficando apenas na boa intenção, com a partir da saída do vilão Boca de Algodão, vivido de forma magistral pelo então futuro ganhador do Oscar, Mahershala Ali. Apesar disso, consegue ser acima da média, graças ao carisma do protagonista Mike Colter, coadjuvantes competentes que convencem, a boa trama, a fotografia de encher os olhos e a trilha repleta de hip hop e outros ritmos da música negra estadunidense.


Depois de três tentativas nas telonas, o cultuadíssimo vigilante dos quadrinhos Frank Castle, finalmente, ganha sua versão definitiva em live-action na pele do ótimo Jon Bernthal, que roubou a cena de forma tão espetacular na segunda temporada do Demolidor, que forçou a Marvel Television a criar sua própria série. E até que a série inicia bem, fazendo jus a sanguinolência provocada pelo anti-herói nas HQs. Sofre com o mesmo defeito das demais séries da parceria da trama arrastada desnecessariamente. Mas, a satisfação de vemos Bernthal mandando muito bem como um Castle fodão, numa trama envolvente que agrada também aqueles que não são fãs das adaptações de quadrinhos, consegue superar o costumeiro defeito.


Mais uma polêmica pela posição que uma série e sua temporada ocupa em nossa lista, e mais vez, envolvendo o herói marcial. Empatando tecnicamente com a primeira temporada do anti-herói fodão Frank Castle, a última temporada do herói marcial leva vantagem devida a volta por cima em relação a malhadíssima temporada de estreia. Houve uma melhora significativa nas sequências de lutas que desta vez estão bem coreografadas, e na trama, que mesmo com o defeito recorrente de ser arrastada, consegue ser ainda mais atrativa e interessante, a ponto em vários momentos, nem percebemos o citado defeito. Com um gancho enorme para um terceira temporada que prometia ser a grande redenção da série, infelizmente, o fim da parceria impediu que isso acontecesse.


Chegamos ao nosso Top 5 com o melhor na parceria, que eleva o padrão de qualidade, empatando tecnicamente, com apenas minúsculas diferenças entre eles. Junto com Demolidor, Jessica Jones tem a melhor e mais fodástica temporada de estreia, e não é a toa. De cara, somos fisgados pelo show de atuação e carisma da protagonista Krysten Ritter, que entra com todo mérito no seleto rol dos atores nascidos para viver um determinado herói ou vilão dos quadrinhos. Como se não bastasse, o debute da detetive sabichona traz Kilgrave, vivido de forma brilhante por David Tennart, que nos presenteia com um dos melhores vilões, não apenas de uma série da parceria, mas, de todo Universo Compartilhado Marvel. Junto com o seriado do demônio de Hell's Kitchen, traz um dos melhores elenco de coadjuvantes, que assim como a protagonista e o antagonista, também mostram para que vieram. Com uma das tramas mais interessantes de um seriado baseado em quadrinhos, não é a toa que abre o melhor dos melhores na nossa lista, e figura na maioria das listas entre as três melhores.


Um dos maiores pontos controversos da nossa lista em relação a outras, já que para muitos também sofre com a tal "maldição" da segunda temporada das séries da parceria. Para mim, isso não acontece, já que a empata com a primeira temporada, mantendo o mesmo altíssimo padrão de qualidade. A sentida falta de Vincent D' Onofrio e seu show de atuação como o Rei do Crime Wilson Fisk, quase foi compensada duplamente pelos debutes de Jon Bernthal, que rouba a cena como o fodão Justiceiro Frank Castle, consideravelmente melhor que nas suas posteriores temporadas da sua série solo; e da lindona Élodie Yung, que se não tem a mesma atuação brilhante do colega de debutante, também não faz feio, e ao menos para mim, convence como Elektra. Charlie Cox e os demais colegas de elenco da temporada anterior, aqui estão mais a vontade em seus respectivos personagens, numa trama envolvente, cativante e empolgante do começo ao fim. 


Queimei muitos neurônios até os últimos minutos antes de postar esta lista para desempatar as duas primeiras temporadas de Demolidor, que na minha humilde opinião são excelentes e por si só justificam o porquê de ser a melhor série da parceria. O desempate aconteceu por pequenos detalhes. A começar pela grande responsabilidade de abrir com chave de ouro a parceria, o que acabou superando a mais otimista das expectativas. Com uma trama envolvente e cativante, um tom dark, adulto e realista que remete as HQs do herói, e não lembra em nada o colorido dos filmes da maioria dos filmes do UCM, a série provou logo de cara que a parceria não estava para brincadeira, e que o padrão de qualidade da telonas chegava com tudo também no streaming. Tudo isso somado as ótimas sequências de ação, e a um show de atuação de um competentíssimo e engajadíssimo, com destaque especial para o protagonista Charlie Cox,  que de cara, já entrou no seleto rol dos atores nascidos para viver determinado herói de quadrinhos, e o espetáculo de atuação de Vincent D'Onofrio, que consegue dar vida a um Wilson Fisk - Rei do Crime assustador e fidelíssimo ao dos quadrinhos, nos presenteando não apenas a Marvel, mas, toda adaptação de heróis dos quadrinhos, com um dos seus melhores vilões. Não é a toa que a temporada de estreia do herói ceguinho fodão, figura na maioria das listas em primeiríssimo lugar. E só o bronze na nossa lista apenas pela preferência pessoal citada na introdução.


A polêmica das polêmicas da nossa lista. Afinal, a malhadíssima minissérie que faz um crossover entre quatro das cinco séries solos dos heróis, ocupa o privilegiadíssimo segundo lugar, enquanto abre a maioria das listas como a mais fraca da parceria. Sabendo dessa fama negativa que Os Defensores tem junto a crítica e aos fãs, fiz questão de revê-la neste final de semana, até para saber se a empolgação que me fez maratonar a minissérie logo no mesmo dia de sua estreia, tinha afetado a minha avaliação na época. E acabei só confirmando a minha opinião da época, e cada vez mais, me deixando sem entender o motivo de tanto ranço da maioria por ela. Com os heróis devidamente apresentados nas primeiras temporadas de suas respectivas séries solos, temos uma trama simples, bem redondinha, que não perde tempo e flui naturalmente no decorrer de apenas oito episódios, número que deveria ter sido padrão na séries da parceria. Além da eficiente redução do número de episódios, outra diferença gritante em relação as outras séries - que suspeito seja o motivo de tanto ranço - é a mudança de tom, deixando de lado o sério, adulto e mais realista, não se levando a sério em nenhum momento, a ponto de parecer ligeiramente com o tom assumido nos filmes do UCM. Algo que os atores, principalmente o quarteto de protagonistas, tira de letra, claramente se divertindo, com uma química e entrosamento perfeito entre eles (puta que pariu, até o Finn Jones me convenceu, mesmo com sua inegável canastrice). Obviamente, não é perfeita, tem seus momentos de vergonha alheia (o maior deles vai para Matt Murdock usando o cachecol da Jessica Jones para esconder o rosto, e posteriormente, ser o único do grupo a usar uniforme) e, sinceramente, não tiro a razão dos detratores pois a mudança de tom pode incomodar e frustrar a maioria, acostumada com a pegada mais dark e realista das séries da parceria. Mesma assim, na minha humilde opinião, é a mais injustiçada, não merecendo o fiasco na audiência e a porrada de esculhachos que recebe. Fazendo uma analogia, se a parceria da Marvel com a Netflix fosse uma escola, as séries seriam as aulas (algumas chatas e enfadonhas, outras bem interessantes e envolventes), e Os Defensores, sem sombra de dúvida, seria um divertido recreio.Tenho uma pequena esperança que seja revisitada, valorizada e se torne cult. 


A parceria Marvel e Netflix deixa seu maior legado para toda a história das adaptações das HQs. Sem saber que seria sua última temporada - tanto que abre um leque enorme para um continuidade brilhante que, infelizmente, não teremos -, a série primogênita da parceria tem seu encerramento com chave de ouro de forma excepcional. Adaptando o clássico dos quadrinhos A Queda de Matt Murdock do mestre Frank Miller, simplesmente, somos presenteados com uma verdadeira obra-prima, elevando o padrão de qualidade de um seriado televisivo de super-heróis a nível épico cinematográfico. Os treze episódios são muito bem escritos e desenvolvidos, e fluem maravilhosamente bem sem nos cansar um só momento. Charlie Cox, brilha ainda mais com sua melhor atuação dramática com o personagem, não ficando atrás do colega Vincent D'Onofrio, ainda mais a vontade e se superando como o Rei do Crime. Os melhores coadjuvantes de uma série da parceria também não ficam atrás, pegando o embalo com grandes atuações. Realmente, um marco das adaptações das HQs excepcional. Diisparado o melhor fruto da parceria da Marvel com a Netflix, mas, uma das melhores adaptações de todos os tempos.

Rick Pinheiro..
Cinéfilo alagoano, agradecido e já com saudades da séries da parceria Marvel e Netflix

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