quinta-feira, 10 de maio de 2012

RECORDAR É REVER: RUAS DE FOGO.

Obra-prima pop dos anos 80, Ruas de Fogo ultrapassa as barreiras do tempo.

Ah os anos 80! Aposto que não existe época mais pop que esta. Teve na música e no cinema seu fiel retrato. E quando as duas artes se fundem? Em 1984, o diretor Walter Hill nos presenteia com uma verdadeira obra-prima que faz a mais perfeita fusão entre as duas artes, com o inesquecível e fodástico Ruas de Fogo - Uma Fábula de Rock and Roll. Como o subtítulo mesmo diz, o filme é uma verdadeira fábula, passada em outra época, em outro lugar, como é anunciada logo de cara, com todo climão e cenário dos anos 50, mas, com a música pop e ritmo 100% anos 80. Na trama desta interessantíssima e criativa fábula musical, a cantora Ellen Aim (Diane Lane, no ápice de sua beleza) resolve fazer um show beneficente no bairro barra-pesada que se criou, mesmo a contra-gosto do seu empresário e namorado Billy Fish (Rick Moranis, em uma das suas melhores atuações). Só que, logo após a primeira música, a moça é sequestrada pela perigosa gangue de motoqueiros Bombers, liderada pelo malvadão de plantão o feioso Raven Shaddock (Willem Dafoe, assustador e perfeito num dos mais memoráveis vilão de sua carreira). Para salvá-la, Reva (a bonitinha Deborah Van Valkenburgh) uma fã e amiga da cantora, recorre ao seu irmão, o fodástico durão Tom Cody (Michael Paré, no papel mais memorável de sua tosca carreira), ex-namorado e grande amor da cantora. Na sua missão de resgate, Cody contará com a ajuda da "Maria-Homem" McCoy (Amy Madigan, roubando cena na melhor atuação de sua carreira), uma feiosa que ele conhece num bar, tão durona e algumas vezes até mais que o herói.

O roteiro do filme é interessante, porém, regular, com alguns furos grosseiros. Mas, Hill nos apresenta um filmaço tão bom, em ritmo acelerado e com um trilha excepcional que até perdoamos as falhas grosseiras que aparecem no roteiro. Afinal, o próprio sub-título anuncia que trata-se de uma fábula, logo, é perdoado qualquer incoerência, até mesmo o fato do mocinho se lascar para salvar com a mocinha e no final, optar em dar no pé e ficar ao lado da feiosa machão McCoy (lembro quando assistir pela primeira em Tela Quente, fiquei putíssimo da vida por este fato, já que no auge da minha adolescência, estava torcendo para que Cody salva-se a mocinha e ficasse com ela.). O filme é tão fodástico que até o seu trailer é um dos melhores e mais empolgantes já realizados.

Mas, sem dúvida, o grande destaque do filme é sua trilha sonora excepcional, insuperável até hoje. Hill não somente arranca boas interpretações do seu elenco competente, como também coloca a sua protagonista, Diane Lane, para realmente soltar a voz nas belíssimas e contagiantes canções Nowhere Fast (conhecida pelo público brasileiro como abertura do saudoso e tosco Programa Livre, do SBT, apresentado por Serginho Groismann) e Tonight is What it Means to be young, na abertura e desfecho do filme, respectivamente. Outra canção inesquecível é a baladinha I Can Dream About You, cantada pelo saudoso Dan Hartman (08/12/50 - 22/03/94) e no filme era dublada pelo fictício grupo musical The Sorels.

Idealizado para ser uma trilogia intitulada As Aventuras de Tom Cody que, infelizmente, não saiu do papel, curiosamente, Ruas de Fogo teve uma continuação não-oficial e bastante tardia, em 2008, lançada diretamente em home vídeo com o título de Estrada para o Inferno, dirigido pelo diretor de filmes de ação classe "C" Albert Pyun (seu maior destaque, sem dúvida, é Cyborg: O Dragão do Futuro, com Van Damme), com Paré e Van Valkenburgh de volta aos seus personagens. De "tão bom", além do fato de ter ser uma continuação não-oficial e de ter sido lançado quase em segredo em home vídeo, o filme ainda conta em seu desfavor o fato de não encontramos este filme, nem online, muito menos numa barraquinha de DVDs piratas (acredite, tentei achar essa merda anunciada).

Outra curiosidade é a participação de Bill Paxton (na foto ao lado, o torpetudo armado ao fundo, o segundo da  sua esquerda para direita), futuro astro de filmes como Aliens: O Resgate, Twister, Titanic e Limite Vertical, que em Ruas de Fogo interpreta o figuraça Clyde, um barman, amigo dos irmãos Cordy, que passa boa parte do filme levando tromba (o cara apanha da gangue e também da mocinha Maria-Homem, McCoy). Também curiosamente, no mesmo ano, Paxton trabalhou pela primeira vez com o diretor James Cameron, como um dos punks figurantes que se ferram ao encontrar o mortal T-800 (Arnold Schwarzenegger), no clássico oitentista O Exterminador do Futuro.

Apesar de ser um produto perfeito de um época nostálgica, o fato é que Ruas de Fogo é um filmaço único, que supera as barreiras do tempo. Divertido, empolgante, envolvente, contagiante, realmente, uma pequena obra-prima, que merece ser descoberta, vista e revista, mas, que, mesmo com todos estes adjetivos a seu favor, ainda sofre com o descaso das emissoras nacionais, abertas e por assinatura, que fazem questão de deixar um filmaço deste porte fora da programação. Nota 10,0 é pouca para um filme tão criativo e até hoje insuperável. Figura entre os cinco melhores filmes vistos por este blogueiro.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Um dos trailers mais fodásticos da história do cinema.

Clipe da música Nowhere Fast.

Clipe da belíssima Tonight is What it Means to be young,
que encerra com chave de ouro este filmaço inesquecível.

Clipe da animadíssima baladinha I Can Dream About You,
"interpretada" no filme pelo fictício The Sorels...

... e na vida real pelo saudoso Dan Hartman.


4 comentários:

  1. Amei seu post, um filme que depois de décadas volto a rever e me emocionar!!! Lindo!!

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    1. Muito obrigado pelos comentários, Prof. Juliana!

      Seja sempre bem-vinda ao nosso blog! Volte sempre e sinta-se a vontade para comentar nossas postagens!

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  2. EXCELENTE POST!!
    VC RESPONDEU UMA GRANDE DÚVIDA MINHA: SE EXISTIA OU NÃO UM DVD, FITA CASSETE OU BLUE RAY DO FILME, MAIS NADA, ACHA NADA! O MAIS PERTO QUE CHEGUEI FOI A TRILHA SONORA VENDIDA PELO AMAZON

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    1. Que bom, Gaspar! Fico muito feliz em saber que lhe ajudei!

      Infelizmente, até onde eu saiba, continua difícil encontrar no Brasil o filme e sua trilha.

      Muito obrigado pela visita e pelo comentário! Volte sempre e sinta-se à vontade para comentar!

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