sábado, 17 de setembro de 2011

CHUCK NORRIS EM DUAS MEMORÁVEIS FRANQUIAS.

Filmes.
Chuck Norris em duas memoráveis franquias.


"As lágrimas de Chuck Norris curam o cancêr. O problema é que ele é tão macho e não chora nunca. Nunca!"

"Chuck Norris contou até o infinito. Duas vezes."

"A Grande Muralha da China foi originalmente construída para impedir a entrada de Chuck Norris naquele país. Ela falhou miseravelmente."

"Chuck Norris tem duas velocidades: Andar e Matar."

"Chuck Norris pediu um Big  Mac no Bob's. Ele foi atendido."

"Chuck Norris pode dividir por zero."

Essas são algumas das milhares das hilárias frases sobre o ator Chuck Norris que pipocaram na internet com o título de "As verdades sobre Chuck Norris", fazendo dele um fenômeno pop da era virtual. Essas tais verdades surgiram graças ao seus filmes de ação dos anos 80, que na época estouraram nas locadoras. Em sua maioria, eram produções modestas classe "B", com enredos fracos, interpretações medíocres, mas com Norris dando um show em artes marciais, sempre em personagens durões e imbatíveis, que na maioria das vezes, não sangravam, e encaravam exércitos inteiros com tiros, socos e muito, mas muito mesmo, chutes e ponta-pés.

Desta filmografia tão peculiar, destaque para Braddock e Comando Delta, duas pequenas franquias (trilogia cada, sendo que a última tem um filme não estrelado por Norris), produzidas pela Cannon, produtora de filmes "B" nos anos 80, responsável pela maioria dos filmes do astro. Comentarei agora as duas memoráveis franquias, que com certeza foram as principais fontes de inspiração para o surgimento das verdades sobre Chuck Norris.  


TRILOGIA EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ.

Nos anos 80, os Estados Unidos viviam ainda as consequências traumáticas do fiasco da guerra do Vietnã. Antes que os filmes mais sérios sobre o conflito chegassem as telas, Norris, que perdeu um irmão no conflito, estrelou em 1984 Braddock: O Super Comando, primeiro dos três filmes sobre o veterano de guerra que volta ao Vietnã para realizar resgate mirabolantes. Norris dedicou a série a memória deste irmão morto no conflito.

Na trama, Braddock sai do tédio de sua vidinha pós-guerra para voltar ao Vietnã e  resgatar sozinho soldados norte-americanos  ainda presos naquele país. Em curto período de tempo, Braddock faz uma investigação, descobre onde estão os prisioneiros e parte para a porrada. Trama simples, com um enredo bastante interessante e interpretações nada memoráveis. Curiosamente, este fenômeno das locadoras mundo a fora, no Brasil também foi campeão de exibição na saudosa Sessão das Dez do SBT.

Com muita ação, esta produção B é um filme muito divertido, que derruba muitos filmes de  ação recentes. Foi um dos primeiros a tocar na ferida da guerra do Vietnã, mas sem nenhuma pretensão histórica, muito menos seriedade. Em contrapartida, o filme serviu para dar uma moral aos Estados Unidos, que na vida real perdeu o conflito, mas nas telonas, através de Braddock e os seus colegas durões que vieram depois, tornaram-se vencedores. Stallone foi um dos que pegaram carona no tema e um ano depois de Norris lançou o mega-sucesso Rambo II - A Missão.

Em síntese, Braddock - O Super Comando é um clássico do gênero de ação, que não envelheceu e  diverte, apesar das claras limitações orçamentárias, no roteiro e nas interpretações. Um filme imperdível, para ser visto e revisto pelos fãs do gênero.


Curiosamente, o primeiro filme não foi de fato o primeiro produzido. Antes Norris filmou Braddock 2 - O Início da Missão, que foi lançado posteriormente, em 1985, e que na época fez até mais sucesso nas locadoras que o seu antecessor produzido depois.

O filme é um prequel, já que a trama mostra a captura do Coronel Braddock e seu grupo, pelos vietcongues, que os manteve prisioneiros por anos, com a desculpa esfarrapada da culpa ser de Braddock por não assinar uma confisssão como criminosos de guerra. O coronel brucutu e caladão,  junto com sua equipe, evidentemente, são tratados com humilhações e torturas, algumas  até toscas demais. Em uma delas, os malvadões levam duas prostitutas, tiram a calça de um dos prisioneiros e mangam do bilau do pobre coitado. Em outra, o tampinha chefão da bandidagem vietcongue, mata a galinha de estimação de um dos prisioneiros. Diante de tudo isso, um belo dia, Braddock se invoca, chuta o pau da barraca e faz o que deveria ter feito desde do começo: parte para uma audaciosa fuga, distribuindo porrada nos seus toscos captores.

O filme é inferior ao "primeiro que não é o primeiro", e o mais fraco da trilogia, com ação um pouco reduzida e um enredo pouco arrastado. As limitações orçamentárias são mais explícitas neste filme que praticamente tem um mesmo cenário, como também o fraco roteiro (apesar de ser mais bem trabalhado que o seu antecessor) e as interpretações toscas, que tornam o filme um trashão divertido.

Mesmo assim, Braddock 2, que era presença constante na saudosa sessão Domingo Maior da Globo e hoje sumiu bruscamente da programação da emissora, é  outro filminho "B" divertido que, apesar de todas as limitações supracitadas, ainda não envelheceu e agrada aos fãs do gênero até hoje. Assim como o seu antecessor, dar de goleada (ou de roudhouse kick, já que estamos falando de Norris) em cima de várias super-produções hollywoodianas do gênero. Imperdível!


Com a falência da Cannon, as últimas produções estreladas por Norris foram prejudicadas, lançadas com bastante atraso, principalmente em terras brasileiras. Uma destas foi o terceiro e último filme da franquia, Missing in Action (Desaparecido em ação, na tradução literal). Em Braddock III - O Resgate, produzido em 1988 e que chegou por aqui apenas em 1990, Norris volta a fazer o herói  durão de  poucas  palavras e muita porrada, que o consagrou nos meados dos anos 80.

Doze anos após sair do Vietnã, Braddock é procurado por um padre missionário que lhe avisa que sua mulher, dada como morta, não somente está viva, mas tem um filho adolescente, ambos vivendo em situação bastante precária. Sem perder tempo, e contrariando o Governo dos Estados Unidos, Braddock volta ao país em que lutou, só que desta vez com a missão pessoal de resgatar sua família. O durão acaba sendo preso por um tosco e hilário general, e, posteriormente, se liberta, distribui porrada para tudo que é lado e de quebra, ainda resgata várias crianças e adolescentes mistiças, órfãs da guerra (a cena que Braddock salva uma menina de estupro é antológica e pouco vista pelos brasileiros, já que a Globo, na maioria das vezes que exibiu o filme, por motivos misteriosos, a cortou bruscamente).

Com uma produção um pouco mais bem cuidada que os seus antecessores e um enredo mais interessante, a terceira aventura do Coronel James Braddock é disparada a melhor de toda  franquia. O filme é dirigido pelo irmão de Norris, Aaron Norris, que nos presenteia com uma produção empolgante e com muita ação. Curiosamente, neste filme Braddock se machuca (Norris sangrando? Nooooooooooooossssaaaaaaaaaaaaaa!!! rssss...), mas sem deixar de ser durão e detornar os vilões.

Em síntese, Braddock III - O Resgate é um filmaço de ação classe "B", que diverte e empolga. Injustamente, bastante criticado e mais injusto ainda está sumido da programação das emissoras televisivas abertas e por assinatura.  Com ação no ritmo certo, disparado, um dos melhores filmes de Norris. Se as outras produções anteriores da trilogia detornam outros filmes de ação,  Braddock III detorna e também humilha várias produções classe "A" do gênero. Uma produção que merece ser conferida.



DE UMA SUPER-PRODUÇÃO AO FIASCO TOTAL.

Falando em melhores filmes estrelados por Chuck Norris, comento agora aquele que para mim é disparado o melhor filme de sua filmografia e ainda por cima, figura no rol dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Trata-se de Comando Delta, uma super-produção da Cannon, onde Norris divide o protagonismo com o veterano e saudoso Lee Marvin, que vêm muito bem acompanhados por uma penca de coadjuvantes de luxo, atores e atrizes excepcionais da velha guarda. Todos bem dirigidos pelo produtor Menahem Golan, que também dirigiu o excepcional Falcão: O Campeão dos Campeões, um dos  melhores filmes da carreira de Sylvester Stallone (confira os comentários em: http://blogdorickpinheiro.blogspot.com/2010/08/falcao-um-dos-melhores-filmes-de.html).

Em Comando Delta, um avião que faz um vôo dos Estados Unidos ao Oriente Médio é sequestrado em pleno ar por um grupo de terroristas extremistas, que mantêm como reféns os passageiros que são de várias nacionalidades, principalmente norte-americanos e judeus. Para resgatá-los, o governo norte-americano envia o Comando Delta, grupo miltar de elite, liderado pelo Coronel Nick Alexander (Marvin) e pelo Major McCoy (Norris). Armados até os dentes, com táticas minuciosamente planejadas e executadas com precisão, o Comando Delta realiza um audacioso resgate, salvando os passageiros e mandando para o paraíso de Alá os terríveis terroristas.

Com um roteiro muito bem escrito, que dosa perfeitamente a ação e o suspense, o filme é empolgante e muito divertido, com um ritmo eletrizante e interpretações acima da média. Norris está ótimo no personagem que, mesmo com  sua atuação limitada,  arrebenta nas cenas de ação, como no clímax onde McCoy sai na porrada com o líder dos terroristas (a cena que McCoy desçe por um fio elétrico atirando nos bandidos e outra que tenta embarcar no avião pilotando um moto, após o resgate dos passageiros, são mais memoráveis e empolgantes, porém, percebemos nitídamente que foram realizadas por um dublê). Sua parceria com Lee Marvin é ótima, gerando um quimíca perfeita entre os eles. Os coadjuvantes de luxo arrebentam, com ótimas interpretações, até ofuscando em alguns momentos os protagonistas.

A trilha sonora, composta e conduzida pelo experiente Alan Silvestri é outro destaque da produção. A música tema, mesmo tocada várias vezes no filme, não enjoa e ainda por cima torna as cenas de ação ainda mais empolgantes, envolvendo o espectador na trama do filme, fazendo que ele não perceba a longa duração do filme (um pouco mais de duas horas)e ainda  por cima, que torça pelos mocinhos norte-americanos contra os eternos vilões do Oriente Médio.

Apesar de ser um filme típico da Era Reagan, onde o nacionalismo norte-americano atingiu o ápice do exagero, fazendo principalmente do cinema e da música seu veículo de propaganda (em uma das cenas, antes do grupo entrar em ação, os soldados colocam a bandeira dos Estados Unidos no uniforme, com direito a um tosco close na mesma), Comando Delta não envelheceu e continua bastante atual. Afinal, o mundo, principalmente os Estados Unidos, cada vez mais vive o clima de medo de um ataque terrorista.

Em síntese, Comando Delta é um filmaço que, sem exagero nenhum, figura na lista dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Uma rara oportunidade de ver  Norris numa super-produção (Os Mercenários 2, será a segunda oportunidade, mas, convenhamos que Norris já não está na sua melhor forma, muito menos será o único durão no filme). Empolgante e envolvente, um clássico do gênero para ser visto e revisto sempre.




Como todo filme memorável e ímpar, uma continuação é algo totalmente desnecessária. Porém, sabemos que é inevitável, devido a ganância que reina entre os produtores hollywoodianos. O filmaço Comando Delta não escapou de entrar nesta triste estatística das franquias que não deveriam existir. Em 1990, com a Cannon já em processo de falência, Norris volta a viver McCoy em Comando Delta 2 - Conexão Colômbia,  que tem a missão de detornar, desta vez sozinho, um cartel de drogas liderado por um tosco traficante latino-americano (o canastrão e hoje sumido Billy Drago, que já tinha trabalhado com Norris em O Herói e o Terror, e fez um capanga de Al Capone no excepcional Os Intocáveis, de Brian De Palma).

Comando Delta 2 é um ótimo filme do gênero com muita ação e cenas empolgantes, e que figura entre os melhores de Norris. O maior problema da produção é que é uma continuação do clássico Comando Delta. Sendo assim, o filme acaba sendo uma decepção total, já que é infinitamente inferior ao original, fugindo totalmente da concepção original, principalmente ao afastar o grupo de elite e  transformar McCoy num exército de um homem só, estando mais para uma continuação de Braddock do que daquele  filmaço original. E para nós brasileiros chega a ser mais irritante, já que a trama começa no Rio de Janeiro, numa cena de um tosco carnaval que é de qualquer buraco do universo, menos do nosso Rio de Janeiro.

Mas, apesar de tudo isso, é inegável que Comando Delta 2 é um bom filme do gênero, com empolgantes cenas de ação, do começo ao fim. Outro filme do gênero que, infelizmente, anda sumido da programação televisiva. Apesar de ser um bom filme de ação, acima da média das produções protagonizadas por Norris, Comando Delta 2 figura entre as piores continuações de todos os tempos, justamente pelo original ser tão bom. Logo, se ignorar que é continuação daquele filmaço original, dar para encarar numa boa, se divertir bastante e até perdoar a cena inicial no suposto e tosco Rio de Janeiro.



Contrariando a máxima do futebol que afirma que em "time que está ganhando não se mexe", e ao mesmo tempo a teoria do palhaço deputado Tiririca  que "pior que está, não fica", a produtora de filmes "B" originada após a falência da Cannon teve a ideia de jerico de produzir mais uma continuação (e graças a Deus, a última) para a imbatível tropa de elite norte-americana, lançando em 1991,  Comando Delta 3 - O Jogo da Morte. E a ideia se tornou ainda pior e mais estúpida por fazer o filme sem Chuck Norris, mas tentado compensar com seu filho Mike no elenco, interpretando um dos soldados do grupo e dando alguns golpes de caratê idênticos do papai famoso.
Numa trama onde McCoy sequer é mencionado, desta vez, o líder do grupo é interpretado pelo diretor Nick Cassavetes.  O Comando Delta se une ao seu genérico soviético para impedir que um grupo de terroristas árabes detornem uma bomba atômica em Nova York. Evidente que a princípio norte-americanos e sorvíéticos se estranham, com direito a gerar algumas cenas toscas e sem lógica, mas acabam virando grandes amigos no decorrer da tosca trama, repleta de clichês.

Típico filme de ação "B", com muita porrada e tiroteio, e com um roteiro tosco e fraquíssimo que não empolga. Comando Delta 3 consegue a proeza de ser pior e bastante inferior ao segundo filme estrelado por Norris. Um filmaço como o primeiro filme não merecia uma continuação tão medíocre e  uma franquia tão tosca. Comando Delta 3 - O Jogo da Morte é um filminho totalmente descartável. Vale apenas para quem tem a curiosidade de ver o filho do mestre Norris, em boa forma, distribuindo porrada (inegável que ele é a grande atração deste filme, mesmo aparecendo pouco e até pior ator que o paizão famoso). Fora isso, não perca  tempo assistindo esta merda.



Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Um comentário:

  1. ja presenciei gente saindo no tapa por esses filmes nos anos 80 bons tempos.

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