Quando criamos uma expectativa sobre algo, corremos um risco altíssismo de temos uma grande decepção. Há mais de um ano espero ansiosamente para assistir o novo filme escrito, dirigido e estrelado por Sylvester Stallone. Finalmente o dia tão esperado chegou e, contrariando todas as supertições sobre a sexta-feira 13, principalmente se esta cai no mês de agosto, entrou em cartaz no Brasil e nos Estados Unidos, Os Mercenários. Expectativa em alta, ansioso como nunca mais tinha ficado por um filme, eu não perdi tempo. Lá estava eu no Cine Farol, literalmente falando sendo o primeiro a comprar o ingresso, da primeira sessão e sentado na última fila do Cine Farol, estrategicamente posicionado para não perder um lance sequer deste aguardado filme, munido da obrigatória parceria pipoca quentinha e Coca-Cola gelada. Depois de aproximadamente uma hora e cinquenta minutos de exibição, a ansiedade finalmente foi remediada: Minhas expectativas foram superadas, pois o filme é excelente.
Stallone é esperto e sabe muito bem que os tempos são outros. Se nos anos 80, a palavra de ordem dos astros de ação era "cada um no seu quadrado, faturando alto nas bilheterias e nas locadoras", hoje o gênero de ação praticamente está desgastado e "invadido" por atores e atrizes que atuam em vários gêneros, o que tirou, e muito, o espaço dos atores exclusivos deste gênero, empurrando-os para a segunda e até terceira divisão Hollywoodiana, fazendo hoje muitos deles atuarem em filmes classe "B" e "C", lançados diretamente em DVD. Quando tudo estava apontando para a extinção dos "brucutus", o rei deles, Sylvester Stallone, tem a brilhante ideia de juntar no mesmo elenco grandes astros do filme de ação, numa grande festa.
Como trata-se de uma festança, Stallone convidou os que dividiam como ele o reinado neste gênero de nos saudosos anos 80 (Arnold Schwarzenegger e Bruce Wills), os seus atuais sucessores (Jason Statham e Jet Li), lutadores de luta livre, futuras promessas de ressurreição do gênero (Couture e Austin) e de quebra um veterano astro de filmes "B", que tem só tem de memorável na carreira participação como vilões psicóticos em sucessos estrelados por outros astros (Dolph Lundgren, substituindo o burro e o orgulhoso Van Damme). Como toda festa, sempre falta alguém, Existem aqueles que recusaram o convite (Van Damme negou participar por achar que seu personagem "não tinha contéudo", como se personagens de filme de ação dos anos 80, inclusive interpretados por ele até hoje nos filmes classe "Z" que atua, fossem assim; Já Steven Seagal recusou o convite por ter brigado em outra produção com um dos produtores deste filme.), e aqueles que inexplicavelmente não foram convidados (Jackie Chan e Chuck Norris, este provavelmente pela idade avançada, mesmo que ambos tenham praticamente a mesma idade).
Os Mercenários é uma descarada homenagem ao cinemão de ação dos anos 80, com um roteiro excelente, repleto de ação e bom humor do começo ao fim, e de quebra, um elenco afiado, que conta a história de um grupo de amigos liderados por Stallone, que como o título diz, são mercenários, que recebem uma missão de matar um ditador numa repluqueta fictícia. Na verdade é apenas uma desculpa esfarrapada para diálogos engraçados, empolgantes cenas de ação bem ao estilo anos 80, com direito inclusive a homenagem a cenas destes clássicos filmes, seja descarada ou discreta (como em uma das cenas, onde ocorre uma eletizante perseguição de carro, a caminhonete que se encontra Stallone e Jet Li, emite o mesmo som do motor do carro dirigido pelo policial Marion Cobreti, no clássico do genêro Stallone Cobra).
A cena de encontro da velha guarda dos filmes de ação, formada pelo trio de amigos da vida real, Stallone, Schwarzenegger e Wills, é engraçada demais e mostra um perfeito entrosamento entre eles, com direito a debocharem um do outro, com frases do tipo: "você está mais gordo!" (de Stallone para Schwarzie), "você está mais magro!" (Schwarzie respondendo), com uma engraçada interrupção de Wills praticamente chamando os dois ex-reis do cinema de ação de "Viados", passando por citação ao cenário de alguns dos seus filmes nos anos 80 (no caso a selva, de filmes como Rambo II e O Predador) e encerrando com uma hilrária frase de Stallone sobre as pretensões políticas do eterno Exterminador. Não é ainda a cena de ação sonhada por nós desde dos anos 80 e que gostaríamos de ver o trio de ícones atuando, mas serve como um aperitivo para um futuro encontro dos trio na telona. Quem sabe na continuação, já que os personagens deles nitidamente não se bicam, uma excelente "deixa" para o segundo filme? Quem sabe o grupo de mercenários liderados pelo "Governator" (Como Schwarzenegger é apelidado, junção do nome cargo político com o seu principal personagem) , seja formado por Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal, Jackie Chan? E que Chuck Norris, Mel Gibson, Kurt Russell, Forester Whitaker e Ben Kingsley (os dois últimos chegaram a assumir a personagem do Sr. Churchill, mas por atrasos na produção, pularam fora, sendo substituídos por ninguém menos que Bruce Wills), completem o elenco. Tomara que sim! Não custa sonhar, né galera? rsss...
Voltando a realidade, prossigo os meus comentários sobre Os Mercenários. O entrosamento do elenco é total, repassando para nós o clima de brincadeira e amizade que existe na vida real. Jason Statham é muito destacado, aparecendo mais em cena que o próprio Stallone. Provavelmente é uma declaração explícita de Stallone de quem ele deseja que fique com a sua coroa de rei de filme de ação. Para mim, foi um destaque um pouco exagerado, pois acabou limitando muito Jet Li. o outro astro de ação classe "A", não tendo o destaque à altura do seu talento e também status de astro de ação do primeiro time. Em compesação, este protagoniza um duelo inesquecível com o grandalhão Dolph Lundgren. Pesando bem, foi melhor mesmo o Van Damme ter recusado o papel, pois pelos seus últimos filmes, percebemos que ele não tem mais folêgo para cenas de lutas. E falando em Lundgren, mesmo sendo um ator limitado e aparecendo pouco, ele rouba a cena, fazendo perfeitamente um personagem que lhe deu fama: anti-herói psicótico, lembrando pouco o seu personagem inesquescível, o Andrew Scott do primeiro Soldado Universal.
Completa o grupo de Mercenários, ótimos coadjuvantes que cumprem bem os seus papéis: o engraçado Terry Crews (o Julius da série Todo Mundo Odeia o Chris) que rouba a cena com um personagem divertido e provavelmente o mais cativante do filme; o lutador de luta livre Randy Couture; e o ex-galã dos anos 80, Mickey Rooke, que é presenteado por Stallone com uma cena de monólogo dramático, algo que ele não soube aproveitar bem. Falando no personagem de Rooke, sentir falta da saudosa Brittany Murphy que tinha feito uma participação com esposa do mesmo e não sei porque, não apareceu no filme, nem tão pouco seu nome apareceu nos créditos. Completando o elenco temos os vilões, liderados pelo irmão da Júlia Roberts, Eric Roberts (que nos anos 90, estrelou Operação Kickboxer e foi um dos villões em O Especialista estrelado também por Stallone), e pelo ex-lutador de luta livre, Steven Austin (que estrelou recentemente o ótimo filme "b" de ação Os Condenados), que é presenteado com três cenas inesquecíveis: o tapa no rosto da mocinha do filme e dois duelos, sendo um com Stallone e outro com o também ex-lutador Couture.
Alguém deve está pensando agora, que eu esqueci de falar de uma pessoa. Não esqueci não. Na verdade, faço questão de comentar a participação dela a parte. Trata-se da lindíssima mexicana radicada brasileira Gisele Itiê, que não somente embeleza o filme, mas também é a principal personagem feminina do filme, a idealista e até certo ponto sonhadora Sandra. Ela não se intimida com o elenco de estrelas e atuar de igual para igual com o elenco hollywoodiano, principalmente com os dois astros do filme, Stallone e Statham, não lembrando nada a sua participação na tosca e péssima novela da Rede Record, Bela, a Feia. Fico imaginando como se saíria Cléo Pires (primeira escolha de Stallone que não fez o filme por seu papel de coadjuvante na novela Global Caminho das Índias). Aposto que ao assistir Os Mercenários, aposto que a "Fiuka" ficou com uma dorzinha de cotovelo, ao ver a moral da Gisele Itié, estrelando e contracenando com os famosos astros de ação, mesmo que esta não seja tão boa atriz como ela.
Ah, e para aqueles babacas pseudo-patriotas , que na verdade não passam de anti-Stallone, além da presença da lindona, Stallone nos orgulha de ser brasileiros ao escolher belíssimas paisagens para as locações do filme e, faz um descarada homenagem ao Brasil, já que no exército do país fictício, no final do filme, os soldados estão com os rostos pintados de verde e amarelo. E mesmo que a brincadeira dita por Stallone, tenha ferido verdadeiramente algum brasileiro sem senso de humor, seus méritos em escolher uma cidade brasileira para locação do seu filme e ter deixado aos cofres da Prefeitura a doação de sessenta e cinco mil doláres, e toda sua obra não pode ser condenados por este deslize. Afinal, quem de nós não foi infeliz de ser mal interpretado por uma brincadeira que disse?
Depois de assistir Os Mercenários, percebi que o elenco de astros de ação foi perfeito e que a ausência de outros astros não é sentida em nenhuma momento. O que vemos na tela é um elenco afiado e entrosado, que se divertiu ao fazer o filme, contagiando o público com esta alegria vivida nos bastidores. E este é o ponto positivo do filme: não se leva a sério em nenhum momento. É pura diversão do começo ao fim. Não apenas cumpre a promessa de homenagear os filmes de ação, como tem tudo para resgatá-los. Poucos serão os espectadores que, ao sair do cinema, não irão a locadora ou banquinha que vende DVD pirata, em busca de filmes de ação "das antigas", principalmente, os estrelados pelos astros deste filme.
Em síntese, Os Mercenários pode não ser o melhor filme de Stallone nem dos outros astros do elenco. Mas ouso em dizer que está entre os cinco melhores de cada um deles. Da mesma forma que O Príncipe da Pérsia: As Areia do Tempo, nos remete ao bom cinemão de aventura, Os Mercenários nos remete ao cinemão de ação dos anos 80, fazendo-nos sentir saudades daquele bons tempos que para mim, foram os melhores e mais pop da história do cinema. Até agora os dois filmes acima mencionados, juntos com o inteligente e criativo A Origem são os melhores filmes deste ano. Se você gosta de boa ação e diversão descompremetida, vá agora mesmo ao cinema mais próximo e assista Os Mercenários. Particularmente, só quero uma desculpa para ir ao cinema assisti-lo. Quem sabe uma boa companhia. rsss...
Rick Pinheiro.
Cinéfilo nostálgico, feliz por assistir Os Mercenários.
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