Mesmo tendo encarado Bruce Lee no clássico O Voo do Dragão e feito alguns filmes B menores, com destaque especial para McQuade - O Lobo Solitário, acredito que, dificilmente, a carreira de Chuck Norris com astro não teria ido tão alto se não fosse pela Cannon Films. Foram dez anos de parceria que ajudou Norris a se tornar um dos maiores astros de ação B e firmar sua imagem de brucutu durão, fodão, indestrutível, consolidada hoje como fenômeno da Internet nas hilárias Verdades sobre Chuck Norris. Revisitamos os frutos desta parceria rentável para ambas as partes, que resultou em dez filmes (destes, sete figurando entre os melhores filmes do astro) e um piloto de seriado televisivo, e os listamos partindo do menor para o melhor. Antes que Norris conte mais uma vez até o infinito, vamos a nossa lista.
Penúltimo filme de Norris pela Cannon, que já se encontrava em processo de falência total. Norris sai do habitual num filme policial com ritmo lento, devagar quase parando, adotando um visual brega, para viver um policial que aproveita a situação para forjar sua própria morte e se infiltrar na máfia. Cultuado por muitos fãs, na minha humilde opinião, é o filme mais fraco do brucutu pela Cannon.
Outro filme policial que Norris sai da mesmice. Feito no comecinho de processo de falência da Cannon, aqui o astro foge um pouco do esteriótipo brucutu indestrutível, com um personagem mais fragilizado, com peso na consciência por ser considerado um herói por ter pego um psicopata caladão praticamente na cagada. Obviamente, em se tratando de um filme de Norris e da saudosa produtora, não se perde muito tempo na questão psicológica, mas, ao mesmo tempo, o ritmo lento e as poucas, porém, eficientes sequências de ação, resultam num filme que deixa muito a desejar, que figura entre os filmes mais esquecidos do astro.
O fim da parceria de Norris com a Cannon, já que trata-se do antepenúltimo filme lançado pela saudosa produtora. Mais uma vez, Norris sai ligeiramente do convencional, ao fazer um policial que encara um demônio das antigas que quer - Advinha? - dominar o mundo. A falta de escolha do tom (ora cômico, ora terror) atrapalha muito esse filme, que até serviria para reforçar uma das várias verdades sobre Chuck Norris, mas, que acabou sendo mais um filme esquecível do astro.
Aparentemente os engravatados da Cannon deviam ter um dívida de gratidão com um dos seus maiores astros e não quiseram deixar desamparado com o fim das atividades do estúdio. Tanto que, antes de fecharem as portas, produziram o longa e dois episódios da temporada piloto do seriado Walker, Texas Ranger. O empurrãozinho inicial foi importante, já que, pela segunda vez, Norris redefiniu sua carreira, ao se tornar astro da telinha do seu próprio seriado, que acabou durando oito temporadas.
A partir daqui, chegamos as produções da parceria Cannon/Norris, que figuram também entre as melhores de sua filmografia. Na prática, marca o início da parceria bem sucedida, já que foi rodado antes do primeiro filme, porém, estrategicamente lançado quatro meses após. O filme, que acabou sendo um dos clássicos dos saudosos bons tempos do Domingo Maior da Globo, traz o icônico personagem vivido por Norris nos tempos que era prisioneiro no Vietnã. Mesmo sendo o mais fraco da trilogia do herói exército de um homem só, é um filme divertido, que traz sequências memoráveis, com aquela em que o brucutu mata a dentada um gabiru, um feito digno das Verdades sobre Chuck Norris.
Um dos dois filmes que mais ajudaram a firmarem as Verdades sobre Chuck Norris, seja pelo uso da imagem do astro, como pelo próprio filme em si, que traz o brucutu sozinho é praticamente o próprio Comando Delta. Um dos casos mais curiosos e emblemáticos da sétima arte, já que como continuação, o filme é um bomba terrível, mas, ao mesmo tempo, isoladamente, é um filmaço de ação B divertidíssimo, trazendo Norris de volta como McCoy, que desta vez tem que encarar um tosco narcotraficante. Com ação do começo ao fim, Norris está tão fodão aqui, que a gente até ignora o tosco Rio de Janeiro fake da sequência inicial.
O filme que, aparentemente, serviu de inspiração para as verdades sobre Chuck Norris, pois, além de ter a imagem do astro bastante usadas nos memes, o próprio personagem que ele interpreta ajuda. Afinal, Hunter é um ex-agente da C.I.A. fodão, que larga sua tranquila aposentadoria regada a caçar crocodilos com as próprias mãos, para combater sozinho um exército de terroristas que inventaram de invadir a terra do Tio Sam. Mesmo com a premissa e com o roteiro toscos, Norris fodão em sequências de ação eletrizantes e empolgantes, acabam superando, gerando um dos mais divertidos filmes B descerebrados já produzidos na história do cinema.
O filme que marca oficialmente o início da parceria e também abriu no gênero de ação a safra de filmes estrelados por brucutus exército de um homem só. Somos apresentados em grande estilo ao mítico James Braddock, veterano da guerra do Vietnã, que convicto que ainda existem prisioneiros no país asiático, manda a diplomacia para as picas e parte ele mesmo para confirmar sua teoria. O sub-título dado por aqui aqui é muito bem justificado, já que de fato, Braddock é o super comando de um homem só.
A trilogia do mítico exército de um homem só encerra com chave de ouro com seu melhor filme. Produzido na fase que a Cannon já estava quebrada, justamente na leva de várias continuações de sucessos do estúdios para tentar reverter a situação econômica, temos o bom e velho Braddock, despertando seu lado familiar, chutando o pau da barraca e voltando ao Vietnã para resgatar sua esposa, que ele jurava está mortinha, e o filho que ele não sabia que existia. Ação do começo ao fim, o filme traz um feito inédito e curioso na filmografia de Norris, onde seu mítico personagem é ferido gravemente e termina o filme todo fodidão.
Menosprezado por boa parte dos fãs, este filme de aventura traz a melhor atuação interpretativa de Norris, mandando muito bem no seu figuraça personagem. O brucutu faz um divertidíssima parceria com o ganhador do Oscar, Louis Gossett Jr., nesta empolgante aventura à la Caçadores da Arca Perdida, recheada de momentos hilários, e claro, de Norris em ação distribuindo porrada para tudo que é lado. Clássico dos saudosos bons tempos da Sessão da Tarde, um filme B que não fica atrás das mega produções do gênero de aventura no quesito diversão.
O melhor filme de Norris pela Cannon também é o melhor da sua carreira e um dos melhores do gênero de ação. O engravatado do estúdio, o saudoso Menahem Golan, dirige com maestria um elenco recheado de atores consagrados e premiados do circuito cult europeu, encabeçado por Norris e o saudoso Lee Marvin, em seu último trabalho. Com um roteiro muito bem elaborado, que traz um trama envolvente, cativante, tensa e com ação na medida certa, embalada pela excelente trilha composta e conduzida por Alan Silvestri. Concebido inicialmente para ser o encontro nas telonas de Norris com ninguém menos que o saudoso Charles Bronson, a parceria dos ícones pode não ter vingado, mas, isso não impediu do gênero de ação ganhar um dos seus melhores e mais espetaculares filmes.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.
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