Filme cult também diverte.
Uma das temporadas mais quente para os cinéfilos e aguardada ansiosamente, é a que comprende os meses de junho a agosto, verão no hemisfério norte e micro-recesso escolar para nós brasileiros. Nesta época são lançados os blockbusters, super-produções que tomam contam da maioria das salas de cinemas e, sem o mesmo marketing e número de salas, mas com mesma força vem atraindo ainda mais a atenção do público, os nossos filmes nacionais. Entre blockbusters e filmes nacionais, um filme em especial vem comendo pelas beiradas e permanece há semanas na lista das dez maiores bilheterias, mesmo sem o mesmo número de salas e divulgação dos blockbusters, já levou mais de quinhentos mil espectadores ao cinema. Trata-se de Meia Noite em Paris, novo filme dirigido pelo cultuado Woody Allen.
Particularmente, não gosto muito dos filmes dirigidos por Allen. Apesar de reconhecer a sua inegável genialidade, para mim que não tenho gosto refinado, com exceção do belissimo A Rosa Púrpura do Cairo e de algumas antigas comédias dirigidas e protagonizadas por ele, boa parte da sua filmografia encaixa-se na categoria de filmes que denomino "bundas" (chatos, sonolentos, cansativos, etc. Em síntese, uma merda para mim). Porém, me chamou atenção o fato de seu novo filme, mesmo com apenas duas sessões em Maceió (uma no Cine SESI e outra numa sala do Kinoplex) está há mais de duas semanas em cartaz. Movido pela curiosidade, não me contive, e fui conferi ontem no Cine SESI, o que Meia Noite em Paris tem de tão especial.
Na trama, Gil (Owen Wilson) é um roteirista hollywoodiano de sucesso, mas inconformado com a sua vida, já que seu maior sonho é ser um escritor. Ele viaja com sua noiva chatinha Inez (Rachel McAdams) e com os pais dela que também não ficam atrás a Paris. Lá, os pombinhos encontram outro casal, tão chato e superficial quanto Inez e sua família, que só piora a situação entediante de Gil. Mas, uma bela noite, caminhando por Paris, inexplicavelmente, de forma mágica, ele volta aos anos 20, encontrando seus ídolos, escritores e artistas da época.
O filme é uma clara declaração de amor a capital francesa e uma homenagem a grandes artistas dos anos 20. De forma sensível e bastante envolvente, Allen, que também é roterista do filme, prende a nossa atenção e nos diverte do começo ao fim, com um humor inteligente, que provoca timidas risadas. O roteiro, em alguns momentos, lembra um pouco o seu melhor filme A Rosa Púrpura do Cairo, provavelmente, por isso, gostei tanto deste novo filme do diretor.
O elenco, como de costume nos filmes de Allen, reúne vários nomes conhecidos, em papéis nada convencionais em suas carreiras. Owen Wilson está perfeito como protagonista, claramente um alter-ego do diretor, apesar de algumas cenas recorrer a típica cara e jeito de boboca da maioria dos seus personagens convencionais. Rachel McAdams está perfeita e rouba a cena como a chata e superficial noiva de Gil. Também estão ótimos os coadjuvantes de luxo que incluem as ótimas Marion Cortillard e Kathy Bates, e até mesmo Carla Bruni, primeira dama da França, interpretando de forma discreta uma guia turística. Destaque para a pequena mas hilária participação de Adrien Brody, que rouba a cena e arranca gargalhadas na pele do pintor Salvador Dali.
Com um roteiro inteligente, sem ser chato e enfandonho, Meia Noite em Paris é uma agradável comédia romântica, que envolve, diverte e encanta. Sensível e emocionante, sem sombra de dúvida, merece a atenção do público que vem obtendo. Nota 9,5.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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