domingo, 20 de março de 2011

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O OSCAR 2011.

Opinião / Filmes.
Algumas considerações sobre o Oscar 2011.


Uma velha amiga (no sentido de tempo de amizade, viu Dany? rssss...), disse algumas semanas atrás que eu era "um cinéfilo muito páia", que  dava atenção demais a uma brincadeira chamada Troféu Framboesa de Ouro e ignorava totalmente uma grande premiação do cinema chamado Oscar. Como prometi a ela, farei a meus comentários sobre a aclamada premiação aqui no blog. Mas antes, faço a minha defesa das "acusações" feita pela minha linda amiga.

Da acusação de ser um cinéfilo muito páia, eu admito: eu sou. Não tenho gostos refinados. Não gosto de filmes cult, de arte, só fui a uma única sessão de arte no cinema. Não gosto de Woody Allen, de Cinema Europeu, de Godard e tantos outros diretores cultuados. Meus gostos são bem populares. Gosto de filmes da ação, com muita porrada e barulho, de artes marciais, principalmentes os filmes chineses, estrelados pelo mestre Bruce Lee, por Jet Li,  interpertando algum monge shaolin, das peripécias de Jackie Chan. Sou fã de Stallone, Schwarzenegger, Van Damme, Chuck Norris e tanto outros astros de ação. Gosto das comédias rasgadas estreladas por Adam Sandler, Rob Schneider, dos filmes dos irmãos Wayans. Curto ficção, terror, suspense, filmes de super-heróis dos quadrinhos, bíblicos e com mensagens cristãs, blockbusters. Curto cinema nacional, filmes dos saudosos Os Trapalhões e do matuto Mazzaropi, os filmes de retormada. Também curto clássicos estrelados por Charles Chaplin, Chalton Heston, os filmes de Hitchock, etc. Enfim,  tenho um gosto bastante eclético que não caberia aqui. Mas uma coisa é certa. Se ter uma preferência por filmes mais populares é ser um cinéfilo páia, então, eu sou com muito orgulho.

Agora, sobre a acusação de não valorizar ao Oscar, farei um breve histórico da minha vida, para que se entenda que nem sou um anti-Oscar, muito menos um fã apaixonado pela premiação cinematográfica norte-americanana.

Quando criança e adolescente, não perdia uma festa do Oscar. Todos os anos, passava madrugada de  segunda para terça, assistindo a transmissão na íntegra, que a Rede Globo fazia naquela época. Não me recordo bem, mas tenho tenho quase certeza de quem apresentava era o Renato Machado. Com certeza,  lembro dos comentários do crítico Rubens Edward Filho, onde boa parte deles, eu discordava e pouquíssimos eu concordava. Naquela época, que não é tão longe assim, todos os filmes que concorriam a melhor filme já tinham sido lançados no Brasil, no ano anterior. Até os primeiros anos desta década, eu não perdia um Oscar. Todos os anos, cumpria rigorosamente, este ritual.

Porém, com o passar dos anos, as coisas foram mudando. A cerimônia do Oscar continuou na mesma rotina de todos os anos, piorando, de um ano para o outro. Por mais que os organizadores da festa busquem diminuir o tempo da festa e tentar atrair a atenção do público, o fato é que todos os elementos negativos permanecem lá. A começar pelas indicações. Cada vez mais são escolhidos os filmes, com o perdão da palavra, bundas, que não atraia a atenção do público. Prova disso, é que dos dez indicados ao prêmio principal, de melhor filme, apenas A Origem, Toy Story 3 e A Rede Social  foram lançados no Brasil, no ano passado, antes das indicações. Os demais, alguns foram lançados logo após a indicação e outros até a data que escrevo esta postagem ainda não foram lançados em nosso país. Se de fato são os melhores filmes do ano, de acordo com o gosto do público, porque não são lançados, simultaneamente com os Estados Unidos?

Outro ponto negativo, que me fez desanimar com o Oscar, a cada ano que eu assistia, foram as injustiças absurdas, premiando quem não merecia. Por acaso, alguém acha que a insossa Gwynelth Paltrow foi melhor atriz no tsoco Shakespeare Apaixonado, do que a nossa Fernanda Montenegro em Central do Brasil? ou que o mala sem alça do Roberto Benigni foi melhor no ótimo A Vida é Bela, do que Tom Hanks, no excepcional O Resgate do Soldado Ryan? Pior que as injustiças, que fazem parte da história do Oscar (Charles Chaplin, por exemplo, jamais foi indicado), são as tentativas de corrigi-las, o que acaba gerando outras injustiças. Por exemplo, Russel Crowe estava excepcional no bom Uma Mente Brilhante, mas só ganhou o Oscar no ano seguinte, pelo excelente O Gladiador, onde sua interpretação não foi lá grande coisa, a ponto de merecer a indicação.

Por fim, a própria cerimônia é um ponto negativo. A cada ano se supera, sendo chata a cada ano. Por mais que a encurtem cada vez mais, tudo que é a torna chata, permanece ali: os discursos clichês, onde sobra agradecimentos  (este ano até o bofe de um premiado foi lembrando), as piadinhas sem graça e sem criatividade feitas pelos apresentadores (será que na cerimônia deste ano, alguém, que não seja norte-americano, achou graça quando a tosca apresentadora, Anne Hathaway, mexer os bregas fios do seu caríssimo vestido, após dizer  que o bom de apresentar era poder fazer aquilo?), os números musicais que incentivam o telespectador a se levantar, ir ao banheiro, e depois ir na cozinha fazer uma boquinha. Até quando tentam inovar, acabam sendo chato, como naquela babação de ovo, feito pelos apresentadores dos prêmios de melhores atores e atrizes, aos candidatos, como se eles fossem amigos íntimos de cada um dos indicados.

Sou um saudosista, assumo. Saudades das longas, mas divertidas cerimônias do Oscar de antigamente. Saudades do Billy Crystal como apresentador (sua participação especial foi a única coisa que prestou no Oscar deste ano), do saudoso Jack Palance fazendo abdominais no palco, após receber o Oscar de melhor ator coadjuvante, da batalha no meio dos convidados entre Robocop e um robô que ameaçava acabar a cerimônia, da Jamie Lee Curtis, antes de apresentar um dos prêmios, entrando num helicóptero cenográfico segurando a mão de um dublê, refazendo sua famosa cena em True Lies, do Rubens Edward Filho tendo um ataque raivoso de piti, ao ver Steven Seagal entrando para apresentar um prêmio, no primeiro ano que o Oscar foi transmitido pelo SBT. Bons tempos, que cada ano que passa, constatamos que não voltam mais.

Feito a minha defesa, praticamente um livro, vou o comentar o Oscar deste ano.

Infelizmente, pouco tenho a comentar. A começar que não assistir a todos os indicados a melhor filme. Para ser sincero, acho um exagero indicar dez filmes. Para mim, trata-se apenas de um estratégia de divulgação destes filmes, para que não encalhem nas prateleiras . Antes da cerimônia só tinha assistido A Origem (http://blogdorickpinheiro.blogspot.com/2010/08/origem-e-original.html) e A Rede Social (http://blogdorickpinheiro.blogspot.com/2010/12/outra-sessao-dupla-de-cinema.html). Após a cerimônia, assistir  Cisne Negro (comentarei em outra postagem), e esta semana, pretendo assistir Inverno da Alma (apesar do título tosco) e o  vencedor O Discurso do Rei.

Minha torcida era por A Origem, mas já era público e notório que não iria ganhar. Iinexplicável a não indicação de Christopher Nolan a melhor diretor. Injustiça das injustiças. Outra injustiça cometida contra o meu favorito foi premiar a trilha  fraquinha e quase inexistente de A Rede Social ao invés de premiar sua trilha excepcional. Até os críticos especializados reclamaram desta injustiça. Não assistir ainda O Discurso do Rei, mas duvido muito que seu roteiro tenha sido melhor e mais criativo que A Origem. Os demais prêmios, todos técnicos, dados ao filmaço de Christopher Nolan foram merecidos.

Melhor ator e atriz, também não posso comentar, pelo mesmo motivo de não ter assistido o desempenho de todos os indicados. Posso comentar apenas que Natalie Potman está excepcional em Cisne Negro, o que me faz  arriscar o palpite que o prêmio foi merecido.

No geral, a história se repetiu. Querendo agradar gregos e troianos, os membros da Academia premiaram seis dos dez indicados a principal categoria. O Discurso do Rei e A Origem receberam quatro estatuetas cada um. A Rede Social, três, O Vencedor e Toy Story 3, duas, e Cisne Negro, uma. 127 Horas (outro filme que aparenta ser ótimo), Bravura Indômita, Minhas Mães e Meu Pai (outro título tosco) e Inverno da Alma, saíram da cerimônia do jeito que entraram, ou seja, de mãos abanando.

Outro que se ferrou foi Homem de Ferro 2 (indicado a Melhor Efeitos Especiais). Também na categoria de Efeitos Especiais, Harry Potter levou vara, com também Alice, todos sendo varridos para Além da Vida. Brincadeiras e trocadilhos toscos à parte, o fato é que todos os indicados nesta categoria tem excelentes efeitos especiais e mereceram a indicação, e só não foi um páreo duro, porque deram azar de serem lançados no mesmo ano de A Origem, que dificilmente não receberia com a estatueta nesta categoria.

E o Brasil? Depois de tanta bajulação por parte da imprensa tupiniquim, viu mais uma vez sua pretensão quase obsessiva de receber a estatueta careca ser jogado num Lixo Extraordinário, graças a um Trabalho Interno (vencedor de Melhor Documentário). Explanarei sobre isso na minha próxima postagem.

Triste mesmo foi ver no clipe de homenagem aos falecidos, o saudoso e impagável Leslie Nielsen (eu não sabia do seu falecimento, ocorrido em novembro) e não ver o ídolo teen dos anos 80, Corey Haim, falecido ano passado, fora do clipe.

Com todos os defeitos, a premiação do Oscar continua ainda atraindo a atenção de todos nós, cinéfilos, autênticos ou de fim de semana. Afinal, ninguém resiste a oportunidade anual de  ver os astros e estrelas hollywoodianos reunidos numa mesma festa.

Pronto, missão cumprida. Comentei sobre o Oscar. E comentarei ainda mais, à medida que eu for assistindo os indicados e vencedores.

E aí, Danielle, satisfeita? Espero que sim. Beijos, minha linda e obrigado pela sugestão.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

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