quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ESTRELA É O COADJUVANTE.

Filmes.
A estrela é o coadjuvante.

Em via de regra, em Hollywood tudo se copia. De tempo em tempos, o cinema bebe na fonte televisiva. gerando filmes  divertidos (A Família Addams 1 e 2, As Panteras e As Panteras Detornando e mais recentemente Esquadrão Classe A), medianos (Shaft e Swat), enfadonhos (Miami Vice) e chatos (Starsk & Hutch). A fonte é inesgotável, levando para as telonas séries que fizeram sucesso. ou não nas telinhas norte-americanas, caso de O Besouro Verde.
Quando foi anunciada a adaptação de Besouro Verde, eu tive o mesmo pensamento do Capitão Nascimento, no primeiro Tropa de Elite, ao ser apresentado a "Operação Papa": "Vai dar merda!". E tinha todos os elementos para isso, pois além do fato da série adaptada ter sido um fracasso nas telinhas, o filme seria estrelado e escrito por Seth Rogen, um comediante fraquinho, que tem muito que caminhar para o estrelato. Boa parte dos fãs da série protestaram contra sua participação. Ideia mais bizarra, impossível. Mas afinal, o filme resultado foi o que eu imaginei?

Bem, antes de comentar o filme, algumas considerações sobre a série original que este filme se baseia. Nos anos 60, com o sucesso da série Batman (aquela tosca mas divertida  e saudosa série com o morcegão e o menino prodígio formando a famosa dupla dinâmica), os seus produtores, tiveram a ideia de fazer uma série com herói radiofônico dos anos 30,  Besouro Verde

Na série, Besouro tem como identidade secreta Britt Reid, um rico editor e dono do jornal "Sentinela Diária". Britt é sobrinho-neto do Cavaleiro Solitário (também conhecido no Brasil por Zorro, aquele que tem como parceiro o índio Tonto), fato este não mencionado no filme. Muitos o consideram um fora da lei, como o repórter do seu jornal, Mike Axford, que vive perseguindo o herói com matérias que distorcem a verdadeira postura do Besouro Verde. Mas o herói possui alguns aliados que sabem que ele é uma eficiente arma no combate aos malfeitores. Apenas o seu amigo promotor Frank Scanlon, sua secretária Casey e seu criado Kato, sabem da sua verdadeira identidade.

Na estreia, a série estourou. Mas foi ofuscada pelo mega-sucesso de Batman, já que eram heróis praticamente genéricos. Outro motivo do fracasso, era que, ao contrário da série estrelada pelo homem-morcego e o seu parceiro teen, o Besouro Verde não era tão divertida, o que motivou a audiência despencar. No ápice do desespero dos produtores, Besouro e o seu fiel parceiro Kato, deram as caras em alguns episódios de Batman.

Na última participação, numa cartada final para tentar manter a série do Besourão, Kato e Robin saem na porrada. Mas, para não desagradar os fãs de nenhuma das duas séries, a briga terminou empatada. Mesmo com este tosco mas histórico embate, a série do Besouro foi cancelada, após,  uma só temporada, com vinte e seis episódios, produzidos e exibidos entre 1966 e 1967.

Anos depois, a série foi reconhecida e tornou-se cult, por um simples motivo: quem interpretava Kato era ninguém menos que o saudoso mestre Bruce Lee, que na época um jovem ator promissor. Lee, com o seu inegável talento como ator e suas habilidades marciais, simplesmente roubava a cena. Foi graças a ele, que a série conseguiu completar uma temporada. Particularmente, eu nunca assistir nenhum episódio da série. Mas, tenho bastante vontade de assistir e têla em minha DVDteca, para ver e rever o mestre em ação.

 No filme, Britt Reid  é um playboyzinho, que só quer viver de farras, e com isso, batendo de frente com o seu pai. Com o falecimento deste, Reid conhece Kato, o criativo empregado de seu pai. Após uma bebedeira, e meio que sem querer, os dois salvam um casal que estava sendo atacado por uma gangue. A partir daí, os dois resolvem combater os crimes, como heróis fora-da-lei.

Apesar de  manter vários elementos da série (além da dupla de heróis, a secretária Casey e o promotor Scanlon, dão as caras, mas ao contrário do original, aparecem poucos e só descobrem a identidade secreta do herói nos últimos minutos do filme), o roteiro é fraco. O filme, não é a prometida paródia aos filmes de heróis, já que uma comédia sem graça, muito menos um filme de heróis, já que tem pouca ação e beira ao besteirol. Em relação a ação initerrputa, típica da maioiria de filmes de heróis, Besouro só decola nos últimos vinte minutos, após  muito blá, blá, blá, tentativas fustradas do protagonista ser engraçado. Como Rogen é um dos roteiristas, tudo leva a crer que ele alongou demais o filme, apenas para aparecer além do necessário.

Péssima decisão, já que Seth Rogen é fraco e totalmente sem graça, tornando o personagem antipático para o público. O egocentrismo do personagem, apesar de idêntico ao de  Tony Stark (Homem de Ferro), em O Besouro Verde chega a ser irritante e só aumenta a antipatia pelo herói. Afinal, Rogen não é nenhum  Robert Downey Jr, que é carismático e talentoso por natureza, logo, não convence como herói, muito menos como comediante. O único mérito do ator é ter perdido 14 quilos para viver o personagem, o que acabou não lhe ajudando muito, já que ele, nas pouquíssimas cenas de ação que participa, não convence.

A participação de Cameron Diaz é pequena, patética e totalmente dispensável, já que em nenhum momento se impõe e convence como mocinha do filme. Até mesmo os fãs mais apaixonados da atriz, irão torcer o nariz pela sua fraca presença neste filme, onde está totalmente perdida e sem graça. Será que estamos diante dos primeiros candidatos ao Framboesa 2012?

Em compensação, Christoph Waltz está ótimo na pele do vilão, assim como James Franco e Edward Fulong, em suas minúsculas, mas hilárias participações. 


Mas a grande atração do filme, é o músico Jay Chou, que simplesmente está perfeito como Kato. Chou, superou expectativas, e conseguiu o inesperado, ou seja, o  mesmo mérito do saudoso Bruce Lee, na série original: roubar a cena. Ele é o muito carismático, e ao contrário do protagonista, conquista o público com um personagem simpático, totalmente oposto ao protagonista.Sem dúvida, Kato é o verdadeiro herói do filme, salvando-o de um total fiasco. Como aconteceu  na série,  o coadjuvante torna-se a grande atração.

Além do carisma, Chou nos supreende pelas semelhanças físicas com Bruce Lee, nos levando a sentir saudades do astro. Lee, aliás,  é homenageado em uma das cenas, onde aparece em um dos desenhos feitos por Kato. Mais sem dúvida, a maior homenagem que o filme presta ao saudoso astro das artes marciais, é escalar um carismático ator para viver o seu inesquecível, Kato.

O 3D, apesar de ser um pouco acima da média, é desnecessário e nem influi e contribui para o filme, causando o mesmo impacto em que assistir na versão tradicional. Para que serve 3D, diante do show de interpretação de Jay Chou? Só para entrar mais dinheiro no caixa, é claro.

O Besouro Verde é um filme regular, que diverte em alguns momentos, não pelo seu protagonista, muito menos pela presença de uma estrela loira, mas pelos seus coadjuvantes e participações especiais.

É pua diversão descompromissada, que vale a pena assistir, principalmente, para conferir Kato em ação, mesmo que este personagem não seja mais interpretado pelo saudoso mestre das artes marciais, Bruce Lee, mas por um jovem tão promissor quanto ele na série original.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Nota: Meus comentários sobre a série O Besouro Verde, foram baseados em informações retiradas do site Infantv.

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