terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DUAS ADAPTAÇÕES FIÉIS (OU NÃO) AOS ORIGINAIS.

Filmes.
Duas adaptações fiéis (ou não) aos originais.

Como toda boa maratona que se preze, o melhor momento é a chegada. Por isso mesmo que escolhi para encerrar a minha louca maratona com os candidatos ao Framboesa, os dois únicos filmes de ação. Assim como na postagem anterior, ambos os filmes têm suas semelhanças, apesar destas aqui serem em menor número do que os dramalhões estrelados pelos astros teen modinha. 


Jonah Hex: Caçador de Recompensas e O Último Mestre do Ar, tem como principal semelhança, o fato de ambos serem adaptações, baseadas em quadrinhos e desenho animado. Acrescento o fato de particularmente eu não conhecer nem o Jonah Hex dos quadrinhos, muito menos o desenho original Avatar, o que irá me impossibilitar de avaliar a fidelidade destes filmes as obras que se baseiam. Tirando este pequeno impedimento, vamos aos meus comentários sobre os dois filmes.


Nos últimos anos pipocaram nas telonas as adaptações dos quadrinhos, em especial, de heróis, a ponto de ser considerado por muitos como um sub-gênero dos filmes de ação e aventura. Nesta enxurrada, que não tem prazo para terminar (só este ano teremos nas telonas Thor, Capitão América e Lanterna Verde. Em breve, teremos  Vingadores e os novos  Homem-Aranha, Wolverine, Batman e X-Men.). Jonah Hex: O Caçador de Recompensas é uma daquelas adaptações que ficam no meio do caminho. Não é um excelente filme como Batman: Cavaleiro das Trevas, mas também não é uma porcaria total, à exemplo do péssimo Electra.

Jonah Hex, um herói do segundo escalão da D.C Comics, a mesma editora de Superman, Batman, Laterna Verde, entre outros da Liga da Justiça, é um caubói que por ficar entre a vida e morte, acaba tendo contato tanto com o mundo dos vivos, como do mundo dos que já partiram desta para uma melhor. Na trama do filme, o herói atua como caçador de recompensas, mas é convocado pelo Governo Norte-Americano para capturar o perigoso terrorista Quentin Turnbull (o excelente John Malkovich, mas aqui mais perdido que cego em tiroteio no faroeste), que simplesmente é o seu arqui-inimigo, responsável pela sua tragédia pessoal.

O filme tem um ritmo frenético, com muita ação e com direito a tiradas engraçadas ditas e encenadas pelo herói. Mas o grande problema do filme é a sua curta duração (cerca de 75 minutos), o que acaba prejudicando o aprofundamento do roteiro e uma reação  do público que não consegue criar empatia pelo herói e a mocinha, e repulsa pelo vilão. Faltou um pouco mais de cuidado com o roteiro, que limitou-se apenas a ação, esqueçendo de criar uma história convicente, empolgante e divertida, elementos fundamentais que, junto com a ação frenética, são obrigatórios numa adaptação dos quadrinhos. Por este motivo merecia uma indicação ao framboesa por pior roteiro.


Falando do hilário troféu, o filme concorre em duas categorias. De fato a indicação de Fox como pior atriz é merecida, já que ela está totalmente perdida no filme, sendo apenas um mero objeto decorativo aos nossos olhos de marmanjos. Já a indicação de pior casal em cena, confeso que fica difícil de avaliar, já que Brolin e Fox aparecem em pouquíssimas cenas juntos, e quando aparecem, nem influem, nem contribuem. Isso ocorre, visivelmente, não por culpa dos atores, mas do roteiro mal elaborado.

Apesar destas falhas grosseiras, Jonah Hex cumpre direitinho o seu papel de divertir, sem compromisso. Para quem curte um filme de ação initerrupta, com pitadas de tiradas engraçadas, é um boa pedida.
Se Jonah Hex tem muita ação e nenhuma explicação, esta vem ao extremo em O Último Mestre do Ar, adaptação do desenho Avatar, que só não batizou o filme, graças a James Cameron que batizou antes com este nome, o seu mega-sucesso.  Mas as semelhanças ficam apenas no nome. Nem o 3D é idêntico, já que enquanto o sucesso de Cameron revolucionou o cinema, sendo todo filmado neste formato, esta adaptação do desenho animado, realizada espantosamente pelo diretor de O Sexto Sentido, é mais um dos filmes que são filmados no formato convencional e recebem um tosco tratamento na montagem final, apenas para faturar mais nos cinemas, ou seja, um forma desonesta de enganar o público.


A trama é simples, mas torna-se um pouco confusa graças ao roteiro exageradamente explicadinho demais. Trocando em miúdos, num mundo em guerra, dividido entre quatro nações (Terra, Fogo, Água e Ar), dois jovens irmãos da tribo da Água encontram congelado no gelo o protagonista Aang, que na verdade é um Avatar, figura única capaz de controlar os quatro elementos e pôr um fim na guerra. Sabendo disso, a galera da Nação do Fogo não dar sossego e fará de tudo para capturá-lo.


O filme tem excelentes efeitos especiais, belíssimas locações na Groenlândia e no Vietnã, logo, poderia muito bem ter sido lançado apenas no formato convencional. Foi uma tremenda pisada de bola tentar convertê-lo ao 3D, algo que, por exemplo, Christopher Nolan não fez e se deu bem, no excepcional e, merecidamente indicado ao Oscar, A Origem.


A ação é também outro ponto forte do filme, acima da média das adaptações, sendo um épico bem ao estilo da trilogia O Senhor dos Anéis, com toques na medida dos filmes de artes marciais orientais. As coreografias de lutas são excepcionais e os efeitos especiais utilizados nas cenas de batalha, agradam tanta as crianças, como aos adultos.


Tinha tudo para ser um excelente filme, se não fosse pelo roteiro arrastado, que perdeu muito tempo, explicando várias vezes a mesma coisa, o que tornou o filme, em vários momentos, um pouco enfadonho, chegando a cometer o grave erro de interromper o ritmo da ação, para alguma falação do mesmo assunto.

Mas sem dúvida a maior decepção foi não reconhecemos, em nenhum momento, a marca singular do excelente e criativo diretor M. Night Shyamalan, que mesmo escrevendo o roteiro, não mostrou a sua criatividade. Quem não é cinéfilo ou pelo menos curioso em saber quem dirige e escreve os filmes, jamais irá conseguir identificar que o cara que dirigiu e escreveu esta mega-produção, é o mesmo que dirigiu e escreveu filmaços de primeira como O Sexto Sentido e Corpo Fechado. Com certeza, ao assistimos O Último Mestre do Ar, fica a sensação que poderia ter sido escrito e dirigido por qualquer um, menos por Shyamalan. Se o planejamento dele era fazer um filme família arrasa-quarteirão, bem oposto ao seu estilo, começou com o pé esquerdo. Espero que nas continuações (o diretor pretende realizar uma série), Shyamalan possa ser ele mesmo e usar todo o seu talento.

O filme teve espantosas nove indicações ao Framboesa, que particularmente, foram injustas (não pude avaliar as interpretações, nem o 3D,  já que assisti em DVD, na versão dublada e com imagem de cinema.). Se toda premiação temos uma grande injustiça nas indicações, acredito que O Último Mestre do Ar, é o grande injustiçado do Framboesa. Não é um dos melhores filmes do ano, mas também não está entre os piores. Sem dúvida que deviam tê-lo substituído pelo verdadeiro pior filme do ano passado: Comer, Rezar, Amar, inexplicavelmente não indicado a nenhuma categoria do Framboesa.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.


Enquanto que O Último Mestre do Ar, são as locações e os efeitos especiais...


... em Jonah Hex, o colírio para os olhos é Megan Fox.

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