sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

VOLTA AO CINEMA EM SESSÃO DUPLA.

Depois de exatamente um mês e três dias sem ir ao cinema, uma marca que deve ter estranhado àqueles que me seguem aqui no Blog, finalmente, voltei a minha rotina de cinéfilo, ontem a tarde, na Sala 3, do Centerplex. E desta vez, em sessão dupla.

Seria um volta em grande estilo, se os filmes escolhidos tivessem sido melhores. Mas o importante é que o bom cinéfilo ao cinema retorna.

Faltou mais graça e alguém do Pânico na TV. 

O primeiro foi a comédia brasileira Muita Calma Nessa Hora. De fato, o título foi perfeito a situação que eu vivi, já que peguei o busão para ir ao distante bairro do Benedito Bentes, faltando apenas meia-hora para o ínicio da única sessão deste filme, e por me manter calmo, entregando nas mãos de Deus, Ele providenciou e cheguei pontualmente na hora de início da sessão.

A trama deste filme bobinho e descompromissado gira em torno de três amigas, jovens de classe média alta, portanto furtéis, que, passando por momentos de decisão em suas vidas (algo não aprofundando no roteiro),  resolvem chutar o pau da barraca e curtir um fim de semana em Búzios. No caminho, dão carona a Estrella,  uma jovem hippie, que está indo ao mesmo paraíso localizado no Rio de Janeiro, à procura do pai que não conhece, formando o quarteto de protagonista deste filminho boboca.

A trama, sem profundidade e novidade alguma, e com poucas cenas engraçadas, é apenas desculpa esfarrapada para fazer propaganda dos patrocinadores de modo grosseiro e sem criatividade (por duas vezes uma das personagens diz: "Faz um 21!"), e encher o filme de participações especiais de grandes atores como Laura Cardoso, Louise Cardoso, de comediantes veteranos como Lúcio Mauro e Sérgio Malandro (os quatro totalmente desperdiçados, em personagens curtíssimos e sem graça. Um micão em suas carreiras), e de atuais destaques do humor televisivo como Leandro Hassum, Maria Clara Gueiros, Nelson Freitas (os três do Zorra Total), Lúcio Mauro Filho (A Grande Família), André Mattos (Como em Tropa de Elite 2, roubando a cena em sua pequena aparição, mas na TV totalmente despediçado na Rede Record), Marcelo Adnet (do programa 15 Minutos da MTV, sendo, junto com André Mattos, a participação mais engraçada do filme), Marcelo Tas (do CQC, participação curtíssima e totalmente irreconhecível, mostrando seu talento como ator), Luiz Miranda, Heloísa Périssé (ambos do extinto Sob Nova Direção) e até mesmo do canastrão Marcos Mion (do péssimo e sem graça Legionários).

Mais uma vez, é claramente vísível que existe um panelinha no meio dos atuais comediantes, já que num projeto  anunciado como "a reunião dos melhores nomes do humor nacional", deixaram de fora a galera do Casseta e Planeta e do Pânico na TV, ironicamente, as turmas que fazem os mais engraçados programas de humor da TV brasileira. Seria por inveja do talento deles não os convidarem?

De fato, o filme teria tudo para ser mais divertido, verdadeiramente  uma  grande festa do humor, se tivessem convidado pelo menos alguém dos dois melhores grupos de humor da atual TV, como por exemplo, Eduardo Sterblitch (Pânico na TV) e Helio La Penha (Casseta e Planeta), entre outras feras destes dois hilários humorísticos, e se o roteiro, escrito por Bruno Mazzeo (do programa Junto e Misturado, que também faz uma pequena e sem graça participação), não fosse fraco,  tão  previsível,  repleto de clichês e repetitivo (as personagens viajando em pensamento após fumarem maconha foi exibida exaustivamente por três vezes).

Mas o filme não é totalmente ruim e tem seus momentos engraçados, principalmente, por mostrar a futilidade da juventude da classe média alta brasileira, sem objetivos e valores, como no caso do personagem de Lúcio Mauro Filho, um "chicleteiro" de carteirinha e do hilário grupo de Mauricinhos farristas, que mesmo sendo formado por rostos desconhecidos, roubam a cena, nas curtas aparições. Do quarteto de protagonistas, destaque para Fernanda Souza, que apesar de praticamente repetir o seu personagem do extinto Toma lá, dá cá, é a única que consegue tirar riso da plateia.

Enfim, uma comédia despretensiosa, totalmente descartável, que diverte em algumas cenas. Mas que, pelo elenco de feras do humor que conseguiu reunir, poderia ter sido mais criativa e engraçada. De fato, faltou mais graça e pelo menos alguém do Pânico da TV e um Casseta para ser mais divertida.

Bruxinho mais adulto e sombrio.

Após sair um pouco fustrado da comédia brasileira, dei um pequeno passeio de meia-hora pelo Shoping Pátio Maceió, à espera do início da sessão do segundo filme da tarde: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. Apesar de detestar a série modinha do bruxinho mais gay do cinema (o cara que fala latim em tom aboiolado mexendo sua varinha e tem um veado como protetor, já diz tudo, né? rssss..), resolvi seguir a sugestão da minha amada amiga Rafinha e fui assistir, pela primeira vez na telona, a um filme desta série, justamente o sétimo filme e a primeira parte do, finalmente, termino da mesma, que na minha humilde opinião, já vai tarde.

Sentir uma enorme diferença entre este filme e os quatro primeiros filmes da série, que eu assistir em DVD, emprestado pela minha amiga Rísinha, fanática pela série. A começar pelo tom mais sombrio e maduro do filme, passando longe da fantasia boboca, enfadonhas e sem nexo dos quatro primeiros filmes. Nítidamente, percebemos que a série cresceu e amadureceu junto com os seus protagonistas, apesar dos mesmos continuarem sendo interpretados por péssimos atores, principalmente Daniel Radcliffe, nada convicente nos seu chato personagem que não me causa empatia.

O filme também me agradou por, ao contrário dos outros da série que eu tinha assistido, ter mais ação, e uma trama consistente, que consegue prender a nossa atenção e também no divertir. Porém, a ideia de dividir em duas partes não foi boa, já que em alguns trechos, o filme perde o pique, para dar espaço a diálogos mornos e descartáveis. As relíquias da morte do título apenas são mencionadas e aparecem no filme  nos últimos trinta minutos, o que deixa a dúvida para pessoas como eu, que não são fãs da série e não leram o livro, se os roteiristas não deram uma esticada, enchendo linguiça, para que o livro fosse filmado em duas partes.

Os efeitos especiais, como sempre, é de primeira, sendo bem aproveitados no filme. O roteiro, apesar de prender atenção e superior aos dos outros filmes da série que eu assistir, tem seus clichês, como no caso do medalhão que provoca pensamentos e atitudes negativas a que usá-lo (Será uma mera coincidência com o "precioso do Smigol"da trilogia O Senhor dos Anéis?).

Em síntese, apesar de ainda ter as bobagens típicas da série (como nomear os não bruxos de trouxas e as frases toscas em latim na hora de mexer a porcaria da varinha), admito que este novo Harry Potter até que é um filme razoável, que chega a divertir, prender atenção e desperta a expectativa para o desfecho da chatíssima série, marcado para maio do próximo ano. Passa longe de excelentes séries épicas como Star Wars, O Senhor dos Anéis, entre outras, mas na falta destas, depois de assistir este novo Harry Potter, afirmo que dar para encarar numa boa esta medíocre série.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

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