E ontem tivemos mais uma cerimônia. A cada ano, a cerimônia está cada vez mais cafona, chata, sem o mesmo brilho e criatividade de outrora, e pouquíssimas novidades nas premiações. Até mesmo o apresentador deste ano, Seth Macfalane, tão anunciado como grande novidade, não saiu do básico feijão com arroz, praticamente engessado, apesar do inegável esforço e ter se saído infinitamente melhor que o desastroso casal James Franco e Anne Hataway. O multi-talentoso Macfalane com certeza tem cacife para brilhar e se firmar na função, mas, terá que ser mais espontâneo e criativo, ou seja, ser mais ele mesmo, para tentar chegar aos pés de Billy Crystal, para mim o melhor apresentador da cerimônia.
Mas, a cerimônia também teve seus atrativos interessantes, como colocar astros e estrelas para soltarem à voz no palco, incluindo, o próprio Macfalane que se realizou como cantor. Sua única piada realmente boa e engraçada, parodiando a cena do clássico A Noviça Rebelde foi outro ponto positivo da festa, assim, como colocar juntos para apresentarem um prêmio os eternos Harry Potter e Bella da Saga Crepúsculo, Daniel Radcliffe e Kristen Stewart. Surpresa mesmo só no final, com a participação da primeira dama dos Estados Unidos. Já a participação do ursinho Ted de Macfalane foi decepcionante e totalmente sem graça, e a homenagem ao cinquentão nas telonas 007 foi fraquinha, deixando muito a desejar. Neste ponto, concordo com o crítico Rubens Ewald Filho que afirmou que deveriam ter reunido no palco todos os interpretes do agente secreto mais famoso do mundo, pois todos os atores estão vivinhos da Silva. Já a presença do elenco de boa parte dos protagonistas de Os Vingadores, foi confusa e decepcionante, prevalecendo o ditado popular "Valeu a intenção!".
No tocante as premiações, prevaleceu a máxima "vamos tentar premiar justamente e ao mesmo nos redimir com algumas injustiças cometidas e, óbvio, vamos deixar o Spielberg com cara de besta e de mãos vazias". Bom exemplo é o vencedor da principal categoria, Argo, que é claramente uma espécie de pedido de desculpas dos membros da Academia para o seu diretor, o ex-canastrão Ben Afleck. Pelo menos, neste caso, foi premiado o vice-melhor filme dos nove indicados, já que, na minha humilde opinião, o filmaço de Afleck só perde para As Aventuras de Pi, que não fez feio e levou quatro estatuetas, inclusive a merecedíssima de Melhor Diretor para Ang Lee. Graças a Deus, prevaleceu o bom senso e os membros da Academia não aprontaram nenhuma pegadinha, pois, com a presença de A Hora Mais Escura, temia outra totalmente sem graça.
Nas categorias principais de interpretação, prevaleceu o que todo mundo já sabia. Daniel Day-Lewis, merecidamente, levou a estatueta careca, mas, foi canastrão na hora de receber o prêmio e ainda indelicado indiretamente com o elenco de Os Miseráveis ao soltar uma piadinha maliciosa sobre musicais.Se a justiça prevaleceu e Day-Lewis se deu bem, ela fez falta na categoria Melhor Atriz ao confirmar todas as apostas premiando a gatíssima e talentosa Jennifer Lawrence que, apesar de está ótima em O Lado Bom da Vida, sua atuação não chega aos pés das outras concorrentes deste ano, principalmente, a aniversariante Emanuelle Riva e a pequena Quvenzhané Wallis, que pagou várias vezes o mesmo micaço de repetir infinitas vezes o gesto de sua personagem em Indomável Sonhadora, sempre que a câmera se aproximava dela. Uma prova que festa do Oscar é na hora de criança está na cama. rssssss...
Surpresa e justiça mesmo foi com a dupla premiação de Django Livre, nas categorias Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Waltz e de Melhor Roteiro Original para o mestre Quentin Tarantino, ovacionado pelos presentes. Pelo menos este blogueiro acertou em dois palpites, algo que eu mesmo fui pego de surpresa. Já na categoria Melhor Canção Original, ganhou a "menos ruim" interpretada pela gordinha gatona Adele, tema do último filme do 007. A cada ano, esta categoria está cada vez pior nas indicações, como músicas chatíssísmas, sofríveis para os ouvidos, totalmente esquecíveis, não fazendo jus a uma categoria que era uma das premiações mais justas.
Quanto as transmissões nacionais foi a mesma merda de sempre. Enquanto a TNT pisou feio na bola na chegada dos artistas, a não traduzi as entrevistas e a colocar dois apresentadores fraquíssimos, que se preocupavam mais em falar dos vestidos das atrizes que estavam chegando, a Globo, além da merda de começar a exibir a cerimônia pela metade, após o lixo do Big Brother, mais um vez contou com a tagarela Maria Beltrão que, mesmo esforçada para colher informações sobre os filmes, astros e estrelas, cometeu gafes homéricas, deixando seu colega de apresentação, em algumas delas, boquiaberto. Pelo menos, nas duas decepcionantes transmissões, podemos contar com o crítico Rubens Ewald Filho e o cinéfilo e ator José Wilker, para amenizar a merda, com comentários claros e objetivos, mas, algumas vezes, como sempre, caindo na paixonite pelos seus favoritos.
Mais uma festa do Oscar se foi, e diga-se de passagem, já foi tarde, pois, não tem mais o brilho de antigas e saudosas cerimônias, realmente divertidas.. Mais ano que vem tem mais cafonice travestida de glamour e justiças e injustiças sendo cometidas. Pelo menos, neste ano, com algumas exceções, a primeira prevaleceu, acompanhada de uma clara mea culpa dos membros da Academia. E que venha a cerimônia de 2014, para nos prender diante de TV por mais de quatro horas.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.