quarta-feira, 21 de março de 2012

PIRRALHADA DE VOLTA À ATIVA.

Filmes.
Pirralhada de volta à ativa.

Antes tarde do que nunca. Depois de meses de lançado nos Estados Unidos e alguns adiamentos da distribuidora nacional finalmente Pequenos Espiões 4, novo filme da franquia infantil escrita, produzida e dirigida pelo genial Robert Rodriguez, chega nas telonas do nosso país e eu conferi no final da tarde de ontem na sala 3 do Complexo Kinoplex Maceió. Além do atraso, a distribuidora nacional ainda pisou na bola por mais duas vezes, ao disponibilizar o filme apenas na versão dublada (tudo bem que é um filme infantil, mas todas as cópias serem apenas nesta versão chega a ser um desrespeito com o espectador) e não importando os cartões de aroma, a grande novidade do efeito 4-D tão anunciada no trailer.

Com as crianças dos três primeiros filmes crescidinhas (a talentosa e lindinha Alexa Vega e o esforçado Daryl Sabara, que aparecem no novo filme como agentes adultos), coube a Rodriguez tentar reinventar a franquia, com novos pirralhos. Quem assume a missão mirim são os fofinhos Rebecca (Rowan Blanchard) e Cecil (Mason Cook), enteados de Marisa Cortez Wilson (a lindíssima Jessica Alba), uma irmã do personagem de Antonio Banderas nos três primeiros filmes nunca mencionada nestes, que também é agente, mas que abandona a carreira para cuidar da família, que ainda incluir uma bebezinha muito lindinha e o maridão, Wilbur Wilson (Joel McHare), um tosco repórter e apresentador televisivo. Mas, a aposentadoria da moça dura pouco já que o vilão Guardião do Tempo (Jeremy Piven, como Stallone no filme anterior interpretando várias versões do personagem) reaparece e acelera o já tão corrido tempo. Como no primeiro filme, a casa é invadida e os pirralhos acabam não somente descobrindo que sua madastra não é uma chata decoradora, mas uma descolada espiã, como também que Esfregão, o estranho cachorro da família é um robô e que na tal organização de espionagem existia anteriormente uma divisão dos Pequenos Espiões, que os pirralhos resolvem reativar por conta própria.

Se por um lado Rodriguez acertou em cheio em trazer de volta os protagonistas originais já bem crescidinhos, por outro cometeu uma sucessão de erros que fazem de Pequenos Espiões 4 o mais fraco de toda franquia. Inicialmente, faltou neste novo filme mais emoção e as pequenas, mas hilárias participações de astros hollywoodianos (aqui resumido apenas a uma ponta figurativa do primo do diretor, Danny Trejo), graças a um roteiro sem nenhuma novidade nitidamente baseado no primeiro e melhor filme da divertida franquia, apelando inclusive, por várias vezes repetidas, para velhas piadas de baixo nível com fratulências e vômitos. O 3-D que impressionaram no terceiro filme, desta vez é decepcionante, praticamente impercebível. Mesmo com todas esta deficiências e de ser um filme consideravelmente inferior ao inquestionável talento criativo de Rodriguez, Pequenos Espiões 4 diverte, sem compromisso, arrancando tímidas risadas em alguns momentos e ainda é um pouco nostálgico com a presença dos protagonistas originais, mesmo um pouco deslocados. Nota 7,5.


 

APROVEITANDO A OPORTUNIDADE...

... Alguns breves comentários sobre os três primeiros filmes da franquia. Quando em 2001,  o primeiro Pequenos Espiões chegou aos cinemas causou estranheza e dúvida em muitos. Afinal, tratava-se de um filme infantil sem 100% autoral do seu criador Robert Rodriguez, um cara que até então vinha produzindo excepcionais filmes para adultos ver, verdadeiras obra-primas como Um Drink no Inferno, estrelado por George Clooney e o figurinha repetida do diretor Quentin Tarantino, e A Balada do Pistoleiro, estrelado por Antônio Banderas, que em Pequenos Espiões retoma a parceria de sucesso com Rodriguez, como o espião aposentado Gregório Cortez que vive de boa com sua esposa Ingrid (Carla Gugino) e seus filhos fofinhos e figuraças Carmen (Alexa Vega,) e Juni (Daryl Sabara), até que o casal é recrutado para um missão de resgate e acaba sendo aprisionado por Fegan Floop (Alan Cumming), um tosco apresentador infantil que na verdade deseja dominar o mundo. Os pirralhos descobrem que seus pais são espiões e resolvem resgatá-los. O filme é muito divertido, já que em nenhum momento se leva a sério, com o elenco bem a vontade, embarcando numa boa na brincadeira promovida por Rodriguez. Com aventura e humor na dosagem certa, Pequenos Espiões diverte crianças e adultos, sendo, disparado, o melhor filme da franquia e um dos melhores do gênero infantil. Uma agradável supresa que prova que diretores geniais se dar bem em qualquer gênero. Nota 10,0.

 

Tão bom quanto o excepcional primeiro filme é Pequenos Espiões 2 - A Ilha dos Sonhos Perdidos, lançado um ano depois. Oficialmente como espiões,  a dupla de irmãos não estão sozinhos, já que existem outros pirralhos na agência, principalmente os irmãos Gary (Matthew O'Leary) e Gerti (Emily Osment), seus rivais. De olho numa missão que é dada aos rivais, Carmen, que é uma excelente hacker, entra no computador da agência e transfere a missão para ela e seu irmão, embarcando para uma misteriosa ilha, habitada por criaturas estranhas criadas pelo Dr. Romero (Steve Buscemi). Quando desaparecem, seus pais Gregório (Banderas) e Ingrid (Gugino) partem para resgatá-los levando os sogros vividos pelo saudoso Ricardo Motalban e  Holland Taylor (que interpreta a figuraça Evenlyn, mãe de Charlie e Alan, no seriado Dois Homens e Meio). A partir daqui a ação é mais centrada nos protagonistas mirins, fazendo dos adultos coadjuvantes e figurantes de luxo (além dos citados e de boa parte do elenco original quem também dar as caras é Bill Paxton numa pequena e divertida participação). O clima de diversão do elenco continua imperando, e todos estão bem a vontade, sem se levarem a sério em nenhum momento, mais uma vez embarcando. Com mais ação e efeitos especiais impressionantes, graças ao filme ser rodado totalmente com câmeras digitais (o segundo filme da história do cinema a utilizar este recurso) Pequenos Espiões 2 é uma aventura infantil divetidíssima, que agrada crianças e adultos. Nota 9,0.

 


Mantendo o mesmo clima de diversão descomprometida e entrosamento do elenco, Pequenos Espiões 3-D: Game Over chega as telonas no ano seguinte. Na trama, Juni está fora da agência, atuando por conta própria em missões totalmente inferiores e banais, como tirar gato de árvore. Até que o presidente dos Estados Unidos (George Clooney, hilário), ex-poderoso chefão da agência, o convoca para uma missão importantíssima de entrar num game, criado pelo tosco vilão Toymarker (Sylvester Stallone, pagando um micaço mas, como costume no elenco da série, aparentemente bem à vontade e se divertindo muito), com intuito de dominar as crianças do mundo. Juni é convencido ao saber que sua irmã já tinha assumido a missão, mas foi capturada. Rodriguez capricha na dose de efeitos especiais, filmando boa parte em 3-D,  abusando critivamente do formato, com um resultado que impressiona até assistindo na TV (o DVD original vem com os óculos). O enredo mantem o mesmo nível dos anteriores, centralizando ainda mais nas crianças, reduzindo a presença dos adultos estrelares (tirando Stallone e a lindíssima Salma Hayek, todos  de volta  a  série) - exceto Stallone, Hayek e Motalban - a uma pequena e boba participação totalmente desnecessária e boba. Em síntese, um filme divertidíssimo que mantem o mesmo pique da franquia que é uma das melhores produzidas no gênero infantil. Nota 9,5.

 

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

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