sábado, 18 de setembro de 2010

MUITA CONVERSA MOLE E POUCA AÇÃO.

Depois de três anos e alguns meses de atraso, chega ao cinema alagoano o semi-novo filme do nerd e diretor doidão e criativo, Quentin Tarantino. Mas o longo atraso, que nem as salas de cinemas alagoanos faria, desta vez não é culpa nossa, mas da produtora Europa Filmes, que devido ao fracasso de bilheteria que À Prova de Morte, segundo filme do projeto Grindhouse idealizado por Tarantino e Robert Rodriguez, teve nos cinemas norte-americanos, ficou com receio de lançá-lo em cicuito nacional.
Sorte nossa que os direitos da Europa expiraram e a Playarte os adquiriu, lançando este filme nos cinemas, alguns meses atrás (e agora em cartaz no Cine SESI, atraso costumeiro alagoano). Tarantino faz uma homenagem aos filmes "B" de 15ª categoria dos anos 70, incluindo até a fotografia tosca, repleta de péssimos e visíveis cortes, que faz o expectador achar que o problema é no projetor do cinema. Uma sequência do filme, inexplicavelmente fica totalmente em preto e banco, erro comum nestes tipos de filmes da época. Principalmente por este motivo é que À Prova de Morte deve ser assistido no cinema, já que em DVD perderá, e muito, o impacto nostálgico que a fotografia proporciona. Tenho quase certeza que algum telespectador não entendeu a ideia de Tarantino e saiu reclamando do projetor do cinema. rssss...

A trama é tão simples como os filmes que Tarantino homenageia. O ótimo Kurt Russell interpreta um veterano dublê psicótico, que tem tara em matar, com o seu carro, grupo de mocinhas estupidamente lindas e indefesas . Meses depois de matar um destes grupos, o psicopata volta agir, mas se desta vez, suas vítimas não são tão sexo frágil assim e ele passará poucas e boas com as duronas gatas.


O problema de Tarantino é que ao invés da homenagem se estender também até a pouca duração dos trashões da época, ele estica demais o filme, enchendo linguiça com longos diálogos inúteis, tornando um filme para o público uma verdadeira prova de tédio. Os diálogos inúteis são típicos dos filmes de Tarantino, só que desta vez ele errou exageradamente na dose, alogando-os demais, tornando este filme abaixo da média em comparação aos demais do diretor. Quando o psicótico finalmente age com o seu tosco carrinho mortífero, já tem sido exibido cerca de uma hora de filme.

Aliás, esta cena do assassinato do primeiro quarteto de gostosonas estupidamente lindas, é  extremamente violenta e assustadora, que apesar de ser outra característica nos filmes de Tarantino, pode chocar o espectador mais sensível. Deve ser por um fato de um acidente de carro ser mais comum de aconteceru do que uma noiva enfurecida enfrentando grupo de ninjas assassinos, por exemplo.

Em compesação, por temos que aguentar horas de tédios, somos presenteados pelo diretor com um elenco feminino formado por atrizes estupidamente lindas, vestidas com roupinhas curtas e coladas, e uma empolgante perseguição de carro nos minutos finais, onde as gatas acabam literalmente  na porrada a tara do personagem de Russell. As gatas talentosas e a cena mencionada  salvam o filme de ser um total fiasco.

Por ser homenagem as filmes "B", que eram repletos de lindas mulheres nuas, Tarantino explorou bastante a sensualidade das lindas atrizes que ele reuniu para esta homenagem, mas sem apelar para a nudez em nenhuma cena. Uma das personagens, inexplicavelmente, é vestida de líder de torcida, um fetiche para os norte-americanos. Em outra, uma linda gata faz uma tosca, mas sensual dança erótica para o personagem de Russell. Sem falar em várias cenas, com closes nas lindas pernas e nos lábios canudos das gatas. Uma forma criativa de homenagem as musas daqueles filmes toscos, sem apelar para a nudez desnecessária que elas, sem necessidade exibiam nos clássicos trashes.

Já a empolgante cena da perseguição final, é outra compesação que o diretor dar ao espectador por ter que aguentar 1 hora e alguns minutos de tédio. A cena em questão dura cerca de 15 minutos, mas o suficiente para nos envolver e torcer pelas mocinhas. Muito bem coreografada e com um desfecho bem trash mesmo, onde o trio de mocinhas se transformam de caças em caçadoras, perseguindo implacávelmente o tarado psicótico, dando-lhe um lição e arrancando gritos de vibração da plateia (o famoso "Uhh, Uhh!").

Não posso ser injusto e mencionar também a boa interpretação do veterano Kurt Russell. Ele faz perfeitamente um personagem doentio, cínico e até certo ponto cativante. Mas o roteiro repleto dos já citados longos diálogos inúteis, limitam bastante o seu personagem, e, consequentemente, impedindo-o de brilhar com sua interpretação.


Em síntese, À Prova de Morte, é um filme regular, que por pouco não manchou a carreira de Quentin Tarantino. Infelizmente, o fracasso de bilheteria se deu pela falta de compreensão da brincadeira dos diretores em homenagear os  trashões de suspense dos anos 70, algo que ele fez brilhantemente nos dois Kill Bill, aos filmes de kung fu (também trashs, porém mais interessantes). Mas convenhamos que os homenageados desta vez não são lá dignos desta honraria. Vai entender os doidos nerd do Tarantino e Rodriguez.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Três das lindas atrizes do filme.
Foram elas e a cena final de perseguição que salvaram o filme
de não ser À Prova de Tédio.

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