segunda-feira, 2 de setembro de 2019

FILME E MERDA DO MÊS: AGOSTO/2019.

FILME DO MÊS

O ditado popular "agosto mês do desgosto" caiu por terra para nós cinéfilos neste de 2019. No ano que estamos tendo uma excelente safra de ótimos, tivemos no mês que acabou ontem tivemos simplesmente um empate triplo como nosso Filme do Mês entre produções para gostos mais variados. Logo no primeiro dia do mês, Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw chegou com tudo atropelando, permanecendo tranquilão e solitário no nosso pódio por exatos quinze dias. Quem curte a porra-louquice da testosterona da franquia dos carecas fodões, o spin-off não faz feio e mantém a tradição, muito mais pelo carisma do seu elenco, em especial, os protagonistas Dwayne Johnson e Jason Statham, e de Idris Elba como o vilão do que pelo roteiro, que se não a oitava maravilha do mundo, pelo menos cumpre muito bem direitinho a função de ser uma diversão descerebrada em ritmo frenético, que nos faz sair do cinema com um sorrisão de orelha a orelha dos absurdos apresentados.

Se há gente que detesta e até deve escolher o spin-off com os pouca-telhas fodões como pior do mês, o colega de empate é praticamente uma unanimidade, afinal, estamos falando do cineasta pop mais criativo e genial de sua geração. Quentin Tarantino mais uma vez não decepciona e vai além das nossas expectativas nos presentando com o aguardadíssimo Era Uma Vez em... Hollywood, filmaço que homenageia a sétima arte. Somente alguém tão talentoso como o mestre Tarantino para nos envolver e prender atenção num filme praticamente no ponto morto com mais de duas horas e meia de duração, tempo que não percebemos pela trama muito bem escrita, desenvolvida e conduzida pelo mestre, somada as ótimas atuações de um elenco inspiradíssimo, com destaque especial para o trio de protagonistas (DiCaprio nem precisa choramingar tanto, já que só se houver uma puta injustiça, ele não seja indicado a premiações pela sua excepcional atuação). Simplesmente, um dos melhores filmes do mestre Tarantino, que já nasce como uma verdadeira obra-prima.

E criatividade não falta na grande surpresa do mês e uma das maiores do ano, o também aguardadíssimo Bacurau, que fecha com chave de ouro esse mês tão fodástico para nós cinéfilos. Geralmente, filmes brasileiros que roda festivais pelo mundo e só depois que chega por aqui, são cabeças demais para um cinéfilo do povão como eu gostar. Mas, o ganhador do Prêmio do Juri no Festival de Cannes, consegue ser uma agradabilíssima exceção a esta regra, já que os roteiristas e diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles nos presenteiam com um filmaço muito bem desenvolvido que assim como o mestre Tarantino, sem pressa nenhuma, quase no ponto morto, e mesmo assim nos envolvendo e prendendo nossa atenção. Simplesmente, uma dos melhores filmes nacionais de todos os tempos que já nasce como uma pequena obra-prima, que não apenas garante seu lugar obrigatório no pódio do nosso Filme do Mês, mas, também do ano.

MENÇÕES HONROSAS:

E não é que mesmo com um empate triplo no nosso Filme do Mês, ainda têm dois filmes que merecem nossa menção honrosa? E merecidamente, já que ambos chegaram sem expectativas nenhuma e acabaram se revelando agradabilíssimas surpresas. Afinal, o fã mais otimista não sonharia que Brinquedo Assassino entraria logo de cara na seleta galeria dos melhores filmes do sub-gênero terrir, e de quebra, ainda provaria que um remake pode ser original. Chegando consideravelmente bem mais timidamente, Verão de 84 pega carona na nostalgia atual dos anos 1980, sendo um ótimo filme de suspense, cativante e envolvente, que nos transporta para os bons e tão saudosos tempos, sendo também uma das maiores surpresas do ano. 

MERDA DO MÊS:

Com tudo na vida, nem tudo é perfeito, sempre tem uma maçã podre para tentar estragar uma boa safra. E admito que poderia ter deixado passar e continuar com o propósito de não assistir o filme picareta que se auto-proclama com uma cinebiografia que traz uma história verdadeira. Mas, acabei cedendo as pressões de uma amiga e como cara bestão bonzinho só se fode, acabei tendo o desprazer de perder meu preciosíssimo tempo encarando a merda vergonha alheia dentro e fora das telas Nada a Perder 2, que consegue a proeza de ser pior que o seu antecessor. Realmente, uma merda das grandes que envergonha o nosso cinema nacional em todos os sentidos, que isoladamente é o pior filme que chegou aos cinemas em agosto, e favoritíssimo para ser o pior do ano. Depois da sessão de tortura com um dramalhão patético e  cinicamente mentirosos, defendo que mude-se o ditado popular para "de graça até injeção na testa, menos assistir os filmes sobre Edir Macedo". Com certeza, uma injeção cavalar na testa é menos dolorosa.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.

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