O tempo é cruel e implacável com todos, inclusive, com os astros de ação que tanto nos deram tanta alegria. Se Jackie Chan e Sylvester Stallone surpreendem por estarem em forma ainda com vários cartuchos para gastar, outros como Jet Li (por problemas de saúde) e Steven Seagal (pelo descuido na sua forma física e também pelas péssimas escolhas nada criteriosas) já deram suas contribuições ao gênero, e já podem requerer aposentadoria. O nosso aniversariante de hoje, Jean-Claude Van Damme figura entre os dois grupos. Por um lado, ainda tá em forma, apesar da cara de maracujá guardado no fundo da gaveta que o torna espantosamente mais envelhecido de todos os citados, por outro, pelas portas praticamente fechadas em Hollywood e suas produções classe B e C lançadas diretamente em home vídeo. Mas, algo que não podemos negar é que ele é esforçado e vem mantendo sua carreira, mesmo sem o mesmo brilho do seu estouro no final dos anos 1980 na fase decadente da saudosa Cannon, e seu auge na primeira metade dos anos 1990, onde figurou entre os grandes astros de ação hollywoodianos. Revisitamos a filmografia do astro da última década e listamos filmes que mesmo não tendo o mesmo sucesso dos tempos gloriosos, surpreende por serem realmente bons. Chama a atenção o detalhe curioso que metade destes seis filmes (sim galera, tivemos empate e dança das cadeiras entre os primeiros colocados na nossa lista) são dirigidos pelo ilustre desconhecido mas nome frequente nas atuais produções de ação B e C atuais, Ernie Barbarash. Propositalmente, deixamos de fora Os Mercenários 2, melhor e mais relevante filme do baixinho belga do período, até para darmos visibilidade aos bons filmes que ele estrelou, e que muita gente simplesmente ignorou. Enfim, mais rápido que um nocaute do Frank Duxx no Kumite, vamos a nossa lista.
Abrimos com o filme que provavelmente é o mais conhecido da nossa lista. Alguém em sã consciência acha que o clássico das artes marciais oitentista Kickboxer: O Desafio do Dragão precisava de um remake? Evidente que não, mas, os caras inventaram de fazer, e com direito a produzir uma continuação antes mesmo do lançamento. Felizmente, o filme de 2016 que traz Van Damme desta vez como o mestre, e Dave Bautista como um Tong Po convincente, porém, esquecível, consegue surpreende por ser ao mesmo tempo uma homenagem e uma quase paródia ao clássico, pois não se leva a sério, o que acaba rendendo um filme divertido, melhor do que o esperado.
4. 6 Balas.
A produção dirigida pelo supracitado Ernie Barbarash surpreende por trazer uma trama interessante que prende a nossa atenção do começo ao fim, com Van Damme mandando bem como um bad ass com cara de poucos amigos, dando vida a um ex-mercenário, que é convencido pelo seu filho (vivido pelo próprio filho do astro, Kristopher) a ajudar um campeão de MMA, que tem a filha sequestrada por uma quadrilha de tráfico de mulheres. Mesmo com o astro só lutando mesmo na cena inicial, e no decorrer do filme, se limitando a dar uns tirinhos e golpes bobos, é um filme ligeiramente acima da média, que com certeza, agrada os fãs do gênero de ação.
Declaradamente fã do baixinho belga, o britânico Scott Adkins trabalhou com seu ídolo pela primeira vez em Operação Fronteira, e até agora, já trabalhou com ele em outras três produções, incluindo, o mega sucesso Os Mercenários 2, e o horrível Soldado Universal: Juízo Final. O ápice da parceria até agora é justamente o segundo trabalho juntos. No filme dirigido por Ernie Barbarash, os dois dividem o protagonismo como assassinos que não se bicam que unem forças para mandar para a terra do pé-junto um alvo em comum. A fórmula clichê até que funciona bem, graças aos carisma e entrosamento dos brucutus, e as sequências de ação satisfatórias, o que acabam rendendo um eficiente filme de ação B.
O ápice da parceria do astro com o diretor Ernie Barbarash. Ignore os títulos itens da tabela do açougue dado por aqui. Temos aqui o filme que, junto com Os Mercenários 2, traz o bom e velho Van Damme fodão, aliado a uma boa atuação dramática, motivos que fizeram figurar por muito bom tempo em primeiro lugar durante a elaboração da nossa lista. Outro filme que parecia ser mais do mesmo, que surpreende pela interessante trama, onde o baixinho belga vive um cara que vai à Malásia doar o rim a uma sobrinha, e tem justamente o órgão roubado por traficantes de órgãos. De todos os filmes que o astro atuou até agora não apenas na última década, mas, em todo século XXI, é o que mais tem cara de produção noventista da fase de ouro do astro. Leva nossa prata, apesar de empatar com os primeiros colocados.
Apesar de Osso Duro trazer o bom e velho Van Damme fodão, ter mais sequências de ação e uma trama também interessante e envolvente, os dois últimos filmes do astro lançados até agora, têm em comum valorizarem bem mais seu lado dramático, o que acabou pesando no resultado final da dança das cadeiras na elaboração da nossa lista. Mesmo na ação, sua atuação nos dois filmes se resumirem alguns tiros e soquinhos mequetrefes, a coragem de sair da zona de conforto ao explorar o lado dramático, e conseguindo mandar muito bem, acaba fazendo que ambas as produções, que também têm tramas interessantes, sejam as mais relevantes da atual fase da sua carreira, e por isso, levando o nosso ouro. Podem não agradar os fãs saudosistas do astro fodão, e até serem melancólicos, mas, são filmes que merecem um atenção carinhosa.
MENÇÕES HONROSAS.
Nesse filminho de ação B, Van Damme chama atenção nem apenas pelo visual ridicularmente tosco, mas, por sair da mesmice e entregar uma boa atuação, convencendo como um vilão cínico, debochado, que somada ao fato de ser o rosto mais conhecido do elenco, acaba tornado o filme melhor do que realmente ele é.
Temos mais uma roubada de cena do baixinho belga como coadjuvante não apenas por ser o mais conhecido do elenco. Na comédia abestalhada quase sem graça, o baixinho belga é responsável pelos momentos mais engraçados do filme, com uma atuação cômica convincente, dando vida a um porra-louca e figuraça instrutor, o que acaba sendo o único motivo para conferir essa bobagem.
O baixinho belga deve ter deixado muita gente puta da vida com ele em Hollywood. Afinal, o cara que estrelou grandes produções de ação noventista, com moral de importar grandes diretores chineses, hoje, encontra praticamente as portas praticamente fechadas para ele (acredito que os motivos sejam seus problemas com as drogas, justamente nessa fase de ouro, somado a um orgulho quase soberbo). Uma das raríssimas participações numa super produção hollywoodiana atual foi dando voz ao Mestre Croc no segundo filme da franquia de animação da Dreamworks. Infelizmente, a participação é pequena (no filme seguinte ainda menor, se resumindo apenas a um único grito e seu nome aparecer escondidinho, quase no final dos créditos das vozes adicionais), mas, não deixa de ser um minúsculo raio de esperança, já que ele irá também emprestar sua voz a um personagem do próximo filme do Minions. Não custa para nós fãs sonhar com a cada vez mais remota volta por cima numa grande produção hollywoodiana.
Rick Pinheiro
Cinéfilo alagoano.
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