Poucos sustos e nada mais.
Se tem algo que não me agrada como cinéfilo são os remakes. Acredito que cada obra, seja boa ou ruim, é única. Quem me acompanha silenciosamente este blog, já que ninguém deixa comentários, sabe que para mim não existe uma época que produziu mais filmes mais inesquecíveis que os anos 80 e justamente são estes filmes que os produtores hollywoodianos estão buscando para refilmarem. Deixei de torcer um pouco o nariz e ser mais aberto aos remakes a pouco mais de um ano, após assistir a versão de Karatê Kid, estrelada por Jarden Smith e Jackie Chan, até agora o único caso de remake de um filme oitentista tão bom quanto o original. No geral, a regra é que o remake sempre é mais fraco que perde para o original, como é o caso do remake A Hora do Espanto, que acabei de assistir, na sala 3, do Complexo Kinoplex.
Para quem não lembra ou nunca assistiu o original, a trama gira em torno de Charley Brewster (William Ragsdale), que começa a ter uma paranóia com o seu vizinho Jerry (Chris Sarandon), que acredita ser um vampiro, sendo totalmente desacreditado pela namorada Amy (Amanda Bearse) e pelo seu amigo doidinho, mas descolado, Ed Thompson (Stephen Geoffreys). Charley, então, procura o caçador de vampiros da TV Peter Vicent (Roddy McDowall), para resolver este problema (veja os comentários. Com esta premissa, o filme original foi percursor do terrir, sub-gênero que mistura terror e comédia, que tomou conta depois deste filmaço, até os primeiros anos da década de 90 (Comentários em: http://blogdorickpinheiro.blogspot.com/2011/10/sejam-bem-vindos-hora-do-espanto.html).
Na nova versão, a premissa e o nome dos personagens permanece, com algumas pequenas mudanças. Deste vez o cismado com o novo vizinho de Charley (Anton Yelchin), é o seu amigo de infância Ed (Christopher Mintz-Plasse), que é totalmente ignorado, já que o rapaz quer mais é deixa de lado o seu passado de nerd e ser um descolado, para agradar sua vizinha e grande amor Amy (Imogen Poots). Quando Ed desaparece, é que a ficha de Charley cai e, finalmente, acredita que seu novo vizinho Jerry (Colin Farell) é um vampiro, indo pedir ajudar ao ilusionista Peter Vincent (David Tennant).
O filme tem um roteiro fraco, que mais parece uma daquelas toscas continuações de Um Drink no Inferno, do que um remake daquele filmaço original. A mudança das características dos personagens não foram tão prejudiciais, exceto, de Peter Vincent, onde tiveram a ideia de jerico de transformá-lo num ilusionista de cassino em Las Vegas, ao invés de um caçador de vampiros da TV do original, algo, aliás, bem mais coerente. A mãe de Charley, tão apagadinha no original, aqui vivida pela ótima Toni Coletti (a mãe do menino que ver gente morta em O Sexto Sentido), ganha mais espaço e se envolve mais na trama, um dos pontos positivos da mudança. Mas, o filme decepciona já que falta a nova versão tudo aquilo que fez do original um filme inesquecível, ou seja, emoção, humor e sustos na dosagem certa, sensualidade, efeitos especiais e maquiagem mais impressionantes, e uma trilha sonora mais empolgante e marcante.
O 3-D é desnecessário, já que boa parte do filme tem uma fotografia escura e resume-se apenas a algumas faíscas de fogo quando a vampirada explode, algumas gotinhas de sangue jorrando em nossa cara e alguns objetos jogados em nossa direção. Mais um filme deste ano que entra na lista, cada vez maior, dos filmes "Tanto faz se é ou não em 3-D".
Mas, o novo A Hora do Espanto não é um filme totalmente ruim, graças principalmente ao elenco afiado, tão bom quanto o original, que só perdeu feio para este, devido ao fraco roteiro que não possibilitou os personagens serem carismáticos e divertidos como os do filme de 1985. Destaque para Colin Farell, que está ótimo como o vilão e fez a sua parte, já que o roteiro tirou do personagem todo charme que tinha no original. Curiosamente, o Jerry original, Chris Sarandon dar as caras no remake, fazendo uma pequena participação(irreconhecível, já que está envelhecido), como uma vítima do seu antigo personagem, após bater no veículo do herói, no deserto. Outro ponto positivo da nova versão são algumas cenas empolgantes, como mais ação e até mesmo que provoca alguns sustos, graças a ótima qualidade dos efeitos sonoros. Mas, infelizmente, os pontos positivos param por aqui.
Como filme de vampiro, até que o novo A Hora do Espanto não faz feio e chega até ser um alívio numa época onde os vampiros são tão ridicularizados na série teen Crepúsculo. Mas, como refilmagem, o filme leva uma estacada direta e fatal, já que perde feio para aquele clássico oitentista. Um bom exemplo que um ótimo filme, seja de qual época for, não deve ser refilmado. No geral, um filme bonzinho, que causa algunso sustos e nada mais. Diversão descompromissada e descartável.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
Dando aquela espiadinha no Big Brother Vampiresco. |
Novo Peter Vincent: Sai o galante caçador de vampiro, entra o grotesco ilusionista. |
Colin Farell como o novo Jerry Dandridge: Vampiro frio e sem charme nenhum. |
Cartaz original do novo A Hora do Espanto. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário