sexta-feira, 23 de setembro de 2011

FILMAÇO DE AÇÃO NA NOITE DE SÁBADO.

Filmes.
Filmaço de ação na noite de sábado.

Não existe outra época que tenha sido mais pop e traga hoje tanta nostalgia que os anos 80. A música e o cinema são os melhores retratos da época. Com perdão do palavrão, o fato é que são desta época os filmes mais fodásticos da história da sétima arte. Infelizmente, existe um descaso geral por parte das emissoras brasileiras, abertas e por assinatura, que simplesmente deixam no porão pegando poeira estes filmaços que, se não são os melhores da história do cinema, sem sombra de dúvida são os mais divertidos e empolgantes, que atrai até hoje uma legião de fãs. Ainda bem que existe o SBT que eventualmente vasculha o fundo do baú da felicidade e exibe um destes filmaços, como o clássico do cinemão de ação Stallone Cobra, que a emissora exibe amanhã a noite.

Relembrando a trama para quem conhece e também apresentando para a nova geração que ainda não assistiu, em Cobra (o título do filme original é este, mas no Brasil o nome do astro no cartaz foi confundido com título e acabou sendo incorporado a ele) Stallone é Marion Cobretti, um policial durão, com poucos amigos e menos ainda palavras, chamado apenas como último recurso para detornar a bandidagem. Após ferrar com faca e tiros um  loucão muito tosco que invade um supermercado, Cobra, como é conhecido, recebe a missão de proteger uma modelo (a péssima Brigitte Nielsen, na época esposa de Stallone) que testemunhou um dos ataques de um grupo de lunáticos que vem causando o terror na cidade, com sua tosca e inexplicável ideologia de implantar uma nova sociedade.

Pela sinopse acima é claramente percebível que o roteiro é fraco e tosco, servindo apenas de desculpa para Stallone descer a porrada nos toscos bandidos e soltar frases de efeitos tão memoráveis quanto o nosso Capitão Nascimento no primeiro Tropa de Elite, como a clássica "Você é a doença e eu sou a cura!", dita no supermercado ao psicopata do grupo lunático, seguida de sua detornação, na primeira cena empolgante do filme. As interpretações são fracas e até risíveis, principamente de Nielsen e de Brian Thompson, que faz o líder dos toscos lunáticos. Depois do filme, o canastrão cara de mau chegou a fazer uma curtíssima carreira como astro de filmes de ação classe Z e quinze anos depois de Cobra, voltou a apanhar de outro grande astro do gênero, o baixinho Jean Claude Van Damme, no tosco A Irmandade.

Mas engana-se que o fraco roteiro e as péssimas interpretações, que fizeram o filme ter seis indicações ao framboesa, resultaram um filme ruim. Muito pelo contrário, Cobra é um filmaço de ação à moda antiga,  com cenas empolgantes do começo ao fim com Stallone, um grande ícone do gênero de ação, no auge  da sua forma física, acrescentando ao seu currículo, que já contava com Rocky e Rambo, mais um inesquecível durão do cinema. Com um ritmo acelerado bem no estilo videoclipe  (e até mesmo inserção de alguns), o filme é tão empolgante que nos faz ignorar o tosco  roteiro repleto de furos e as péssimas interpretações que fariam o eterno cigano Igor Ricardo Macchi ser um ator Skaspeariano.

Apesar de ser o retrato fiel da sua época, principalmente graças a excelente trilha sonora,  Cobra é um empolgante filme de ação que não envelheceu com o tempo. Curiosamente, na época de seu lançamento em nossos cinemas, criou uma polêmica e tanto, pois mesmo após um ano do término da ditadura militar em nosso país, o filme teve cenas cortadas, devido a violência. Em relação aos filmes de hoje, como a franquia Jogos Mortais, Cobra é um filme infantil. Neste ponto, em comparação as violências mais explicítas das produções atuais, de fato o filme envelheceu. Mas nem isso tira o brilho, nem o status de fodástico (ops! Desculpe mais uma vez o palavrão, eu não me contive), deste empolgante filme.

Outra curiosidade é que Stallone Cobra conseguiu um feito raro até hoje, que nem mesmo a seleção brasileira de futebol conseguiu: ser exibido no lugar de um capítulo de uma novela da toda poderosa Rede Globo. O fato se deu devido a rivalidade por audiência com a extinta Rede Manchete, que no dia 12 de dezembro de 1990, estreava sua novela Ana Raio e Zé Trovão. Mas a  extinta emissora carioca acabou apanhando feio da emissora de Roberto Marinho que abriu mão de um capítulo da divertida novela Araponga, para exibir pela primeira vez este filmaço. Bons tempos onde um bom filme dava mais audiência que uma tosca novela e ainda conseguia o feito heroíco de tirar do ar um capítulo de uma novela global do horário nobre.

Em síntese, um filmaço imperdível, que de tão bom, vale a pena o sacrifício de esperar para assistir após o tosco  10.000 A.C. (filme dos homens e mulheres das cavernas com dentes branquinhos, que foi uma das poucas derrapadas do talentoso diretor Roland Emmerich) e sair para balada um pouquinho mais tarde. Diversão garantida!


Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

Estiloso na época e brega hoje em dia, Stallone fez moda em Cobra.
Até este blogueiro teve um Ray -Ban idêntico ao do personagem
Rene Santoni, como Gonzales, parceiro de Cobra e Andrew Robinson, como o mala Detetive Monte.
Muito antes de Cobra, os dois atuaram em um dos primeiros clássicos do cinemão de ação:
Perseguidor Implacável, em 1971, com Clint Eastwood fazendo pela primeira vez o inesquecível Dirty Harry.

Trailer Original de Stallone Cobra


Primeira e mais eletrizante sequência de Cobra.


Mesma sequência inicial eletrizante, na dublagem original do saudoso André Filho.

 

Um dos ótimos videoclipes inseridos no filme.


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