terça-feira, 1 de maio de 2012

SERÁ QUE ELA É?

Drama sensível discute superficialmente o homosexualismo.


Não me atraem estes filmes exibidos e premiados em variados festivais, e que agradam tanto a crítica e os cinéfilos de gosto refinados. Sou um cinéfilo que auto-denomino como "do povão" que prefiro a pirotecnia de um blockbuster hollywoodiano  a reflexão filosófica dos chamadas filmes cabeças. Mas, confeso que fiquei interessado em assistir o drama francês Tomboy, que acabei de conferi na tela do Cine SESI, por ter uma tema interessante e bastante delicado. Na trama, Laurie (Zoé Háran, com atuação surpreendente.), uma garota que acaba de se mudar com a família para uma nova cidade. Ao ter contato com as outras crianças da vizinhança, ela resolve se passar por menino, usando o nome de Mickaël e desperta atenção de sua vizinha Lisa (Jeanne Disson). Sem que a família saiba, Laurie vai aprofundando cada vez mais a farsa, a tempo que entra em parafuso com sua própria essência.

Tomboy tem uma premissa interessante e tinha tudo para ser um bom filme, tratando um tema delicadíssimo, com seriedade e uma certa ingenuidade. O grande problema é que o filme é chato e tedioso, mesmo tendo um pouco mais de uma hora  e vinte de duração, e só piora por praticamente não ter trilha (para não dizer que é silêncio total, tem uma sequência tosca  e desnecessária com uma irritante música pop, a mesma que aparece no trailer abaixo), com um roteiro regular, que perde tempo com as brincadeiras da pirralhada e esquece de aprofundar de forma que devia o conflito da personagem central. Só não é uma merda total graças a um elenco competente. Destaque para Háran (injusta e inexplicavelmente ignorada pelos membros da Academia), que dar um show com um interpretação leve e sensível, dando muita credibilidade à personagem, envolvendo o espectador. Afirmo sem medo de ser exagerado que se a garota prosseguir na carreira artística, tem tudo para ser uma grande atriz, no nível da nossa Fernanda Montenegro e da norte-americana Meryl Streep. Anote este nome estranho que aposto que será muito comentado no futuro. Também merece destaque a pequena e fofa Marlon Lévana, que rouba a cena e arranca risos como a figuraça e fofinha irmã de Laurie.

Premiado no festival de Berlim com o Prêmio Teddy (premiação especial para filmes com temática gay) e arrancando elogios de críticos e cinéfilos mundo à fora, para mim Tomboy é um sensível drama regular, que não aprofunda o tema e fica só na superficialidade, que se salva por um elenco afiadíssimo, em especial, sua protagonista tão talentosa. Recebe a nota 3,5 de um cinéfilo de preferências tão populares, mas com certeza, vai agradar cinéfilos de gosto mais aprofundado. Enfim, assista e tire suas próprias conclusões.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.


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