Mel Gibson lança toda suas fichas em filme de ação ousado.
Quando em 2004 a obra-prima A Paixão de Cristo chegou aos cinemas Mel Gibson foi crucificado por todos os lados, injustamente acusando-o e a obra de anti-semitismo e apelar para a violência extrema. Depois de um hiato de três anos, Gibson voltou à direção com Apocalypto, e mais chuva de críticas ferrenhas. O tiro de misericórdia na sua carreira, até então vitoriosa, veio na vida pessoal, quando ele teve uma recaída e mergulhou mais uma vez no alcoolismo, sendo pego dirigindo embriagado e metendo o pau na Comunidade Judaica, ato que fez pedi desculpas publicamente e anunciar que estava em tratamento contra a doença. Em 2010, voltou para frente das camêras estrelando o decepcionante e entediante O Fim da Escuridão e no ano seguinte, sendo dirigido pela amiga Jodie Foster no drama Um Novo Despertar. Plano de Fuga, filme que estreia amanhã nos cinemas brasileiros e que acabei de assistir online, é mais uma tentativa de Gibson de retormar o rumo de sua carreira. E diga-se de passagem, num projeto ousado, que se depender dos puritanos e anti-Gibson de plantão pode até afundar de vez sua carreira na merda, já que está repleto de cenas politicamente incorretas (o personagem de Gibson dar cigarro para um garoto, o mesmo que ele dar umas porradas e depois usa no seus planos), com um personagem tão picareta, que a frase "Chega de ser um bom moço!", no cartaz de O Troco, se encaixa perfeitamente nele.
Gibson, que também é um dos produtores e roteiristas do filme, interpreta um assaltante norte-americano, preso na fronteira dos Estados Unidos com o México, após uma perseguição. Trancafiado numa prisão que parece mais uma bairro comercial do que uma prisão propriamente dita, o carinha usa toda sua malandragem para sobreviver no lugar. Ele acaba fazendo amizade com o tal garoto (Kevin Hernandez) e descobre que o poderoso chefão local matou o pai do menino para tirar o seu fígado e está prestes a fazer o mesmo com ele. Neste meio tempo, os capangas do verdadeiro dono da grana que ele roubou chega ao México. Para se safar e de quebra o garoto e sua mãe, o picareta sem nome, ou melhor, de vários nomes, arma um plano mirabolante para ferrar com todos os seus perseguidores.
O filme pode até incomodar os metidos a puritanos, politicamente incorretos, mas é inegável que Plano de Fuga é um filme muito divertido, graças a boa atuação de Gibson que nos presenteia com um personagem que é uma adorável canalha. Dirigido pelo estreante Adrian Grunberg, que foi assistente de direção de vários filmes, entre eles, Apocalypto e O Fim da Escuridão, o filme não é o melhor trabalho de Gibson, mas também não é o pior. Se você não for desses chatos que se ofendem com qualquer coisa e não levar o filme a sério, pode se divertir tanto quanto um filme da quadrilogia Máquina Mortífera, ressalvado as devida proporções, obviamente. Confeso que não levava muita fé neste filme, mas fui surpreendido, pois de fato Plano de Fuga é muito divertido. Em síntese, um bom retorno de Gibson ao gênero que lhe consagrou. Como fã, espero que seja o recomeço e a volta por cima deste grande ator. Nota 8,0.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
Nota: Vale conferi uma interessante matéria do site Adoro Cinema onde é listado os melhores personagens de Mel Gibson.
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