quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A GESTAÇÃO E O NASCIMENTO DO PALHAÇO DO CRIME.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. / Coco do Cachorrão= Preciso mesmo dizer?.

Coringa (Joker).
Produção estadunidense e canadense de 2019.

Direção: Todd Phillips.

Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Glenn Fleshler, Josh Pais, Douglas Hodge, Dante Pereira-Olson, entre outros.

Blogueiro assistiu na sala 2 do complexo Cinesystem Maceió em 03 de outubro de 2019.

Sinopse: Inspirado nos personagens das HQs da DC Comics. Na Gotham City do final dos anos 1970 e início dos anos 1980, Arthur Fleck (Phoenix) é um cara fodidão que tem problemas mentais, que ganha a vida como palhaço de aluguel e sonha em ser um comediante de stand up comedy. Mas, Arthur só se ferra, e a cada porrada que a vida lhe dar,o coloca num caminho sem volta da psicopatia criminosa.

Comentários: Vivendo provavelmente o ápice da sua fase de ouro, as adaptações das HQs, trafegam por vários gêneros, mas, faltava uma produção com uma pegada de realismo, e que trabalhasse muito mais o psicológico dos personagens. Essa dupla lacuna acaba de ser preenchida por Todd Phillips neste filme que traz de forma totalmente autoral a origem de um dos mais cultuados vilão das HQs. Saindo totalmente da caixinha do sub-gênero, Phillips, além da direção excepcionalmente primorosa, traz o passo a passo psicológico muito bem elaborado no excelente roteiro, que transformaram um cara transtornado ferradíssimo por várias tragédias pessoais no icônico vilão psicótico.

A direção e um roteiro excepcionais, assim como outras qualidades técnicas como fotografia e trilha, reforçam o grande destaque do filme: a incrível atuação de Joaquin Phoenix, que se joga totalmente a jornada trágica do personagem, simplesmente, dando um espetáculo que nos hipnotiza do começo ao fim (literalmente falando, já que, praticamente não há nenhuma cena em que Phoenix não esteja marcando presença no decorrer das quase duas horas de duração) na gestação psicológica que, sem nenhuma pressa, transformam um cara ferrado pela vida desde sempre no mais psicótico vilões da cultura pop. Por isso mesmo, com todo respeito aos profissionais da nossa dublagem, temos aqui um filme que obrigatoriamente precisa ser assistido na versão original, para ser presenteado e ficar de queixo caído com uma das maiores atuações dramáticas da história da sétima arte, que só não será premiada, principalmente, com o Oscar, se daqui para lá, surgir outra atuação excepcional, ou por uma pura injustíssima sacanagem.

Acusado injustamente de tóxico e violento, Coringa não é nada disso. É bem verdade que não é um filme fácil de ser digerido, e mesmo sendo direto, a riqueza de detalhes no psicológico do personagem título nos leva a várias reflexões que remetem a vida real. Simplesmente um filme criativo, um marco que ultrapassa e vai muito além do sub-gênero das adaptações das HQs, sendo uma verdadeira obra-prima da sétima arte, que já nasce cult. Uma prova viva que a máxima do nosso saudoso Glauber Rocha, "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça" está bem vivinha, e consegue superar muitas megaproduções com orçamentos infinitamente maiores. Que sirva de exemplo para os engravatados dos grandes estúdios, e deixem os diretores e roteiristas trabalharem, usarem e abusarem de sua liberdade criativa. Cotação / Nota: 10,0.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.


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