terça-feira, 10 de dezembro de 2013

DUAS CARRIE E MEIA.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. 

No último final de semana estreou Carrie, A Estranha, remake do clássico homônimo, dirigido por Brian De Palma, baseado na obra do mestre do terror Stephen King. Antes de conferir a nova versão, iria comentar justamente o clássico, quando fui surpreendido, durante a semana passada com o anúncio do SBT da exibição de um filme homônimo. A princípio pensei que se tratava de mais um tosco artifício que a emissora de Silvio Santos utilizava nos anos 90, de exibir um mesmo filme com um título diferente e que se tratava da desnecessária continuação A Maldição de Carrie, mesmo eu sem reconhecer nenhuma das cenas exibidas. Mas, ao pesquisar para esta postagem, descobrir a existência de um remake para a televisão em 2002, justamente o que foi anunciado e que, só não foi exibido, devido ao falecimento do saudoso líder Nelson Mandela, que fez a emissora exibir o ótimo Invictus. Enfim, aproveitando, nesta postagem irei comentar o original, sua desnecessária e tardia continuação e o remake televisivo. Antes que alguma mocinha vítima de bullying pegue ar e use seu poder de telecinesia para ferrar com tudo, vamos aos comentários.

DOIS MESTRES E UMA OBRA-PRIMA.

Carrie, A Estranha  (Carrie).
Produção hollywoodiana de 1976.

Direção: Brian DePalma.

Elenco: Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, Nancy Allen, John Travolta, William Katt, entre outros.

Blogueiro assistiu na TV aberta (Globo).

Cotação

Nota9,5.

Sinopse: Carrie (Spacek) é uma adolescente introvertida e ingênua, criada com bastante rigidez pela mãe Margareth (Laurie), uma fanática religiosa. Um dia na escola, Carrie tem a sua primeira menstruação e por falta de informação acha que está morrendo, motivo que faz suas colegas deitarem e rolarem na zombaria. Só que uma das resenheiras, Sue (Irving) se arrepende da merda que fez, e pede ao seu namorado Tommy (Katt) que convide e leve Carrie ao baile. Só que a perversa Chris (Allen), puta da vida com Carrie por ser punida com uma merecida barrada no baile, junto com seu comparsa Billy (Travolta) inventa de aprontar uma tremenda sacanagem para ridicularizar Carrie no meio do baile. O que ninguém sabe é que a moça tem o poder de telecinesia e acabam cutucando a onça com vara curta.

Comentários: Stephen King, sem sombra de dúvida, é o mestre da literatura de suspense. Já Brian DePalma, super-fã declarado de Hitchock, é outra mestre, só que na sétima arte. Então, não era de se esperar outra coisa da união dos mestres que não fosse uma obra-prima. De fato, Carrie, A Estranha é, pois trata-se de um filmaço de primeira, com roteiro que dosa perfeitamente o suspense e o drama, que ganha força, principalmente, graças ao elenco bastante competente, com destaque para Sissy Spacek e Piper Laurie, ambas, merecidamente, indicadas ao Oscar, nas categorias, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvantes, respectivamente. Amy Irving, Nancy Allen e um John Travolta em sua primeira aparição no cinema, não ficam atrás e cumprem direitinho seus respectivos papéis, apesar de não estarem à altura das duas colegas indicadas. Além do toque de midas do mestre DePalma, do roteiro muito bem escrito e desenvolvido, e das atuações impecáveis, o filme também surpreende pela ótima trilha e os efeitos especiais que, mesmo hoje bastante ultrapassados, ainda surpreendem. Em síntese, uma obra-prima do suspense, para ser vista e revista, que ainda emociona, empolga e assusta,  e que vai permanecer causando este  impacto.


ANTES NUNCA DO QUE EXISTIR.

A Maldição de Carrie  (The Rage: Carrie 2).
Produção hollywoodiana de 1999.

Direção: Katt Shea.

Elenco: Emily Bergl, Jason London  Amy Irving, Mena Survari, entre outros.

Blogueiro assistiu na TV aberta (Globo) e online (Youtube).

Cotação

Nota2,5.

Sinopse: Vinte e três anos após os acontecimentos do filme original, Rachel (Bergl), está abalada com o suicídio da sua amiga Lisa (Survari), que acabou de levar um toco de um valentão Mauricinho jogador de futebol americano que tirou seu cabaço na noite anterior. O cara quer se safar, pois, está às vésperas de um jogo importantíssimo onde olheiros marcarão presença. Junto com seus colegas de time, tão retardados como ele, passam a ameaçar Rachel, que trabalha numa loja que revela fotos, já que algumas destas são de Lisa com o valentão bundão. Rachel passa a ser acompanhada pela psicóloga da escola, Sue (Irving), única sobrevivente dos incidentes com Carrie, e que percebe que ela pode ter os mesmos poderes da mina que pegou ar no seu baile de formatura. Rachel se envolve com Jesse (London), bonzinho do time, que deu um toco na sua namorada Patricinha, para ficar com ela. Os caras e a mal-amada armam para cima de Rachel, e mais um grupo de Mauricinhos e Patricinhas otários vão futucar outra onça feroz com vara curta e, obviamente, vão levar tromba.

Comentários: Com o sucesso do primeiro Pânico, o gênero do terror saiu das cinzas que se encontrava e produtores gananciosos trataram logo de tentar ressuscitar também outras franquias. Pouquíssimas tentativas realmente deram certo. Não me lembro agora, mas, tenho quase certeza que a maior ideia de jerico deste período foi realizar uma continuação consideravelmente tardia e super-hiper-mega-ultra desnecessária do fodástico clássico do gênero Carrie, A Estranha. Nada funciona nesta merda de filme, que praticamente copia e cola o original, só que, com um roteiro fraquíssimo, sem a direção do mestre DePalma, sem o elenco genial, enfim, sem porra nenhuma da obra-prima original. A presença de Irving é constrangedora (devia ter recusado o convite como fez sua colega de elenco original Sissy Spacek) e ainda viu um dos personagens mais memoráveis de sua carreira ter um desfecho patético e tosco. Só ganha nota, porque o clímax provoca voluntárias gargalhadas, com direito a um dos personagens ter um morte hilária envolvendo seus genitais, sequência esta que, praticamente, me fez chorar de rir de tão tosca. 


DAS TELONAS PARA A TELINHA.

Carrie, A Estranha  (Carrie).
Produção estadunidense de 2002.

Direção: David Carson.

Elenco: Angela Bettis, Patricia Clarkson, Rena Sofer, Kandyse McClure, Emilie De Ravin, David Keith, entre outros.

Blogueiro assistiu online (Youtube).

Cotação

Nota7,5.

Sinopse: Interrogada pelo detetive John Mulchaey (Keith), Sue (McClure) relata sobre Carrie White (Bettis), uma adolescente solitária, que leva tromba para tudo que é lado, seja com o rigor abusivo da mãe fanática religiosa (Clarkson), ou pelo bullying e preconceito das colegas da sua escola. Com tanta pressão, Carrie vai se acuando e descobre os seus poderes telecinéticos. A porra fica séria quando, após uma brincadeira de mal gosto bem no meio do baile de formatura, Carrie, puta da vida, pega ar e bota para lascar em toda cidade, usando com toda intensidade seus poderes.

Comentários: Três anos após a tosca continuação, produtores televisivos não somente decidiram fazer um  nova versão para o livro homônimo de King, como também tiveram a intenção que fosse um piloto de uma série, ideia abortada com o fiasco da audiência. A princípio, parecia uma descarada refilmagem quadro a quadro do filme original, com direito a cópia fiel (como na cena do chuveiro) e com alguns exageros toscos (como na cena do pirralho na bike que tira onda com Carrie e leva tromba), e com pouquíssimas novidades, como a narrativa de Sue e outros sobreviventes a um policial, a lição de moral da treinadora as moças gaiatas e ao mostrar a Carrie criança, aliás, esta última inovação, logo estragada com uma nada haver chuva tosca de meteoros a la Smallville. Tinha tudo para ser até pior que a continuação tosca do original, se da sequência do baile para o clímax o filme não decolasse com tudo e surpreendesse envolvendo e prendendo a nossa atenção. Não preciso dizer que, em comparação ao filme original, leva um pisa feia. Mas, se sai bem melhor que a continuação e para um telefilme, com pretensões de ser piloto de uma série, até que se sai bem, e de quebra, ainda dar um pisa em A Maldição de Carrie. Vale assistir sem esperar grande coisa, tentando evitar a inevitável comparação com a obra-prima de DePalma.


Rick Pinheiro.
Cinéfilo.

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