Filmes.
Exemplo de determinação e coragem.
Como já disse em outras ocasiões, a cerimônia do Oscar já aconteceu mas a minha maratona com os indicados deste ano continua. Diga-se de passagem, ao contrário do ano passado, este ano está sendo mais prazeroso ainda, devido ao alto nível dos indicados, onde, até agora, só assistir excelentes filmes. Caso do supreendente Histórias Cruzadas, filme que particularmente não levava muita fé e que conferi ontem, na sala 2 do Cine Lumière Farol. Ainda bem que este envolvente drama foi indicado ao Oscar, pois com certeza, não teria despertado o interesse deste cinéfilo. Ambientada na pequena cidade de Jackson, no racista Estado do Mississipi dos anos 60, a trama gira em torno da alta sociedade hipócrita e racista da época que, ao mesmo tempo que faz uma pseudo-caridade arrecadando fundos para crianças africanas tratam os seus semelhantes negros, que criam os seus filhos e são os responsáveis diretos por todas as regalias que gozam, com o mais cruel do racismo, que ousa, em nome da saúde pública, ao absurdo de se propor e se criar uma lei que obrigam os pais de famílias, que tenham negros como empregados, a construir em suas casas um banheiro exclusivo só para negros. É nesta sociedade enojantemente racista que a jovem Skeeter (a nova queridinha dos norte-americanos Emma Stone, fraquinha, mas sem comprometer a trama), faz a diferença. Skeeter acabou de arrumar um emprego num jornalzinho local, mas sonha mesmo em ser escritora. É quando tem a ousada e arriscadíssima ideia de escrever um livro na visão das negras locais sobre suas vidas, seus trabalhos, seus patrões. Ela inicia sua jornada instigando Aibileen Clark (Viola Davis, brilhante), que a princípio reluta, mas depois resolve colocar a boca no trombone, assim como a figuraça Minny Jackson (Octavia Spencer, merecidamente agraciada com o Oscar de atriz coadjuvante pela sua brilhante atuação) e outras empregadas.
Com um enredo muito bem escrito e conduzido, adaptado de um mega sucesso editorial, Histórias Cruzadas é um drama envolvente e comovente, que prende a nossa atenção, nos fazendo ignorar as mais de duas horas de exibição. Com um elenco afiado, que ainda conta com atuações excepcionais de Jessica Chastain e de Bryce Dallas Howard, que nos provoca repulsa e raiva na pele da racista e hipócrita Hilly Holbrook, a líder da elite local, este filmaço nos leva a refletir o absurdo que é o racismo e a não nos conformamos com um ato tão desumano e nojento como este. Um filme inspirador que mesmo se passando na segunda metade do século passado, é bastante atual, já que nos convida a fazemos a diferença na sociedade, não engolimos goela abaixo os falsos valores e a hipocrisia impostos pela elite dominante, muito menos aceitar qualquer forma de racismo e descriminação. Merecidamente, figura na lista dos melhores filmes indicados ao Oscar e que só não recebeu a estatueta careca, pelo alto nível dos indicados deste anos. Nota 9,0.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário