Filmes.
Recordar é rever: Os Intocáveis.
Antes das adaptações de seriados televisivos serem rotineiras, o genial diretor Brian De Palma nos presenteou com uma verdadeira obra prima da sétima arte: Os Intocáveis, baseado no seriado televisivo exibido na TV norte-americana entre 1959 e 1963, que por sua vez, era baseado em fatos reais. Para esta excepcional adaptação, que até hoje não somente é a melhor adaptação de um seriado televisivo para o cinema, como também uma das poucas que superam o original, De Palma reuniu um elenco excepcional, encabeçado por Kevin Costner e que contava também com Andy Garcia, Sean Connery e um Robert De Niro inpiradíssimo, numa das melhores e mais memoráveis atuações da sua carreira.
A trama se passa na Chicago dos anos 30, época da famigerada lei seca, onde o gângster Al Capone (incorporado de forma impressionante por De Niro) reinava absoluto, à base de muita corrupção e violência. Cansado de só levar tromba das investidas contra o poderoso chefão da vida real, o competente policial Elliot Ness (Costner, convicente) recruta um pequeno grupo de incorruptíveis formado por um policial veterano (Connery, ótimo, mas nada de impressionante), um novato (Garcia, roubando cena) e um contador (Charles Martin Smith, convicente). Este último aliás, o principal responsável por levar Al Capone aos bancos do réu, já que ao contrário dos outros crimes cometidos pelo mafioso, a sonegação de impostos foi o único que deixou rastro.
Além de nos brindar com perfeitas sequências que ganharam brilho e realismo impressionante graças a perfeita direção de arte, cenografia, figurinos e a inesquecível trilha composta e conduzida por Ennio Morricone, De Palma arranca perfeitas atuações de todo elenco, do protagonista Kevin Costner ao coadjuvante Billy Drago, canastrão que depois do filme apareceu em meia-dúzias de filminhos classe "C", incluindo duas produções da extinta produtora Cannon estreladas por Chuck Norris. De um elenco afiado, para este blogueiro, merece destaque a perfeita atuação de De Niro, que supreende como Al Capone, numa das mais perfeitas caracterizações de um personagem real para as telonas. Inexplicavelmente, este verdadeiro show de atuação de De Niro, que até engordou para fazer o gângster, foi ignorado por todos, já que o ator não recebeu indicação para nenhum prêmio. Ao contrário do seu colega de elenco Connery que foi indicado a três prêmios, inclusive o Oscar, por sua boa mas nada de extraordinária interpretação do veterano Malone. Tudo bem que Connery está bem, mas nada que fizesse merecer mais destaque que a brilhante atuação de De Niro.
O filme teve indicação a vários prêmios, incluindo seis indicações ao Oscar, nas categorias Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Filme e Melhor Diretor. Injustamente, apenas com Connery na categoria Melhor Ator Coadjuvante, o filme recebeu uma estatueta careca. Além do Oscar para o veterano ator, este filme, injustamente, só recebeu mais dois prêmios: Um Globo de Ouro, também para Connery e um Bafta (premiação britânica) para a Morricone e sua excepcional trilha.
Muito bem escrito por David Mamet, Os Intocáveis é um filmaço excepcional, repleto de momentos memoráveis, desde da sequência inicial com a explosão de uma garotinha que segurava uma bomba, a eletrizante sequência do tiroteio nas escadarias da estação ferroviária de Chicago, uma cena tão bem realizada que figura na seleta lista das mais inesquecíveis e emocionantes da história do cinema. O roteiro excepcional somado a direção primorosa de De Palma e a inesquecível trilha composta e conduzida pelo mestre Morricone fazem deste filme uma verdadeira obra prima e, sem exageros, um dos melhores e mais inesquecíveis da história do cinema. Um clássico moderno que, tão inexplicável quanto as pouquíssimas premiações, anda sumidíssimo da programação das emissoras brasileiras abertas e por assinatura. Um filmaço empolgante e eletrizante para ser visto e revisto. Obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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