Minhas suspeitas estavam erradas.
Vida de cinéfilo em Alagoas não é fácil. As pouquíssimas salas de exibição, todas em Maceió, onde um ou dois filmes ocupam a maioria delas, acaba limitando bastante as nossas opções, e ainda nos forçam a fazer escolhas difíceis, como esperar que o filme seja lançado em DVD, ou até mesmo adquiri-lo na versão pirata. Semana passada, tive que fazer uma difícil escolha: assistir um filme em 3-D mas dublado ou no formato convencional porém legendado. Como valorizo mais as interpretações do que o que a tecnologia possa oferecer, optei por esta última e fui conferir na sala do Lumière, Padre, filme de ficção e ação (e não terror como estava escrito na bilheteria), baseado numa conhecida Graphic Novel.
Alguns meses atrás, temia que, devido ao título e ao tema (grupo de assassinos da Igreja), seria mais um filme, que fanáticos religiosos, sem ter o que fazer, iriam fazer uma tempestade em copo d'água, falando como se fossem da Igreja e até criticando-A por não se manifestar contra um filme de bobo. Graças a Deus, que isso, até agora, não aconteceu, pois seria uma imbecilidade. Até porque, o filme em questão é simplesmente ficção, que mistura cenário futurista com faroeste. A tal igreja do filme, apesar de claramente ser uma alusão a organização da Igreja Católica, passa longe da realidade, não sendo ofensivo em nenhum momento. Em síntese, a Igreja está certa, quando no lançamento de filmes bobos como estes, simplesmente ignorá-los. Particularmente, inda bem que não me deixei levar pelo preconceito, pois iria perder um ótimo e divertido filme de ação.
A trama se passa num tempo indeterminado, que parece ser no futuro, mas com climão de faroeste. Padres são homens e mulheres que a igreja recrutou para combater os vampiros após séculos de guerra, acreditava-se que os últimos foram presos e os padres foram aposentados, vivendo de sub-emprego numa espécie de feudo, controlado pela igreja, onde vive boa parte da população mundial. Até que os familiares de um desses padres, são atacados e mortos por vampiros, numa cidadezinha fora dos muros, forçando o padre, contrariar a ordem da igreja e sair da aposentadoria.
O filme tem excelentes efeitos especiais, que mesmo no formato convencional, impressionam e empolgam, o que me leva a suspeita de ser mais um filme que é lançado em 3-D, após a sua filmagem, apenas para faturar mais grana. As interpretações são razoáveis e não comprometem. Já o roteiro é interessante e prende a nossa atenção, dando um gancho enorme para uma possível continuação.
Em síntese, apesar do título e da alusão descarada a Igreja, Padre é um ótimo filme. Divertido e bobo, não deve ser levado a sério. No mundo em que vivemos, os membros da nossa Igreja têm motivos muito mais sérios para protestar.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
Caubói desertor, meio-vampiro, meio-humano: Principal vilão do filme. |
Donzela em perigo: Até um faroeste futurista precisa ter uma. |
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