Filmes.
Sessão Quadrupla de cinema.
Voltando da folia de Momo, onde curtir na paradísica cidade de Paripueira, ao abrir o jornal de domingo fui pego de supresa pelo número alto de lançamentos que chegaram as salas maceionses, num feriadão onde geralmente sequer chegam novidades por aqui (no ano passado chegou por aqui apenas a comédia Esposa de Mentirinha). Depois de selecionar os filmes e realizar inúmeros calculos com os horários de sessão, na última quinta encarei uma inédita, desgastante, porém agradável, sessão quadrupla de cinema, nas salas do Complexo Kinoplex Maceió.
Iniciei minha maratona de filmes pós-carnaval, às 14:30, na sala 2, conferindo o drama A Dama de Ferro, cinebiografia da ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher, interpretada de forma magistral por Meryl Streep. De cara, somos supreendidos com a ex-dama de ferro idosa, fragilizada, conversando com alucinações do seu falecido marido. No decorrer da trama, através de suas memórias, a conhecemos melhor, mostrando toda sua ousadia e determinação ainda nos tempos que era a jovem filha de um quintadeiro, passando por seu ingresso na vida política, na época predominantemente masculina, os preconceitos sofridos e superados, sua ascensão a presidência do partido conservador e, finalmente, como primeira-ministra, e as crises enfrentadas no decorrer do seu governo. Tudo isso mostrado de forma superficial e resumida, o que acabou gerando um filme decepcionante, que muito deixou a desejar. O estrago só não é maior pela brilhante atuação de Streep, que supera a mediocridade do roteiro e prende a nossa atenção do começo ao fim. De suas concorrentes ao Oscar, apenas vi a ótima atuação de Rooney Mara em Millennium e flashes das atuações de Glenn Close e Michelle Williams, mas apesar de reconhecer que o paréo será duro, dificilmente a estatueta não vá para Streep, por sua atuação tão brilhante*. Um bom exemplo que filmes gringos devem ser exibidos no idioma original, legendado. Em síntese, um filminho fraco salvo apenas pela brilhante atuação de sua protagonista. Nota 5,0.
Saindo de uma sala para a outra, foi a vez de entrar na sala 4 e conferi a comédia nacional Reis e Ratos, que reúne um elenco excepcional encabeçado por Selton Mello, que interpreta Troy, um norte-americano agente da CIA, que vive e atua no Brasil, em 1963, período pré-ditadura militar, que junto com o seu parceiro brasileiro Major Esdras (Otávio Muller, competente) precisa decifrar uma complicada conspiração para detornar com o presidente do nosso país. Uma ideia interessante que se perde num roteiro fraco e sem graça, que se salva apenas pelo seu elenco afiado, com destaque para Rodrigo Santoro e Cauã Reymond, que dão um show na pele de um seboso cafetão e bandidinho de quinta categoria e um figuraça radialista, meio médium, respectivamente. Um filminho que tinha tudo para ser bom, mas que fica apenas na promessa. Vale a pena assisitir apenas para conferi as brilhantes atuações. Nota 2,5.
Depois do decepcionante filme nacional, foi a vez de entrar na sala 5, colocar os óculos e conferi em 3D o aguardado A Invenção de Hugo Cabret, filme dirigido por Martin Scorcese, que faz sua estreia dupla, no gênero infantil e no formato 3D. Hugo Cabret (Asa Butterfield, excelente) é um órfão que reside clandestino na estação de trem, na Paris do começo dos anos 30. Antes de morrer, seu pai, vivido por Jude Law, lhe mostra um androide sentado numa escrivaninha, que acaba se tornando a obsessão do garoto, pois acredita que o mesmo tenha algum último recado do seu pai para ele. Tentandofazer a gerigonça funcionar, Hugo começa a roubar peças da lojinha de Georges (Ben Kingsley, inexplicavel e injustamente não indicado ao Oscar) até que um dia é flagrado por ele, que confisca o cardeninho com anotações feitas por seu pai. Tentando reaver o seu estimado caderninho, Hugo fica amigo da neta de Georges, Isabelle (a lindinha Chloe Moretz, também ótima) e passa a ser sua companheira de aventuras, onde descobrirão que o avô dela na verdade é o grande cineasta e pioneiro do cinema, Georges Mélies. Tudo é grandioso neste belíssimo filme, das brilhantes atuações de um elenco afiadíssimo até os cenários em tamanho real, que encantam aos olhos graças a brilhante decisão de filmar em 3D. Numa época onde o formato é usado de forma irracional, apenas para encher os bolsos dos produtores hollywoodianos, Scorcese nos presenteia com uma verdadeira obra prima, nostálgica e emocionante que, à exemplo de O Artista, é uma belíssima homenagem a sétima arte. Em síntese, filmaço para toda família, para ver e rever. Nota 10,0 é pouca para um filme tão grandioso que, se prevalecesse a justiça, deveria receber a estatueta de melhor filme, ao lado do filme francês-belga*.
Encerrando a maratona, foi a vez de colocar mais uma vez o óculos e conferi na sala 3 Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança, segundo filme do herói do crânio de fogo interpretado (?) por Nicolas Cage. Jonhnny Blaze vive escondido na Europa tentando controlar que o caveirinha venha a torna, até que é convocado pelo tosco padre Monreau a encontrar e protege um garoto (Fergus Riordan) e sua mãe do chifrudo, já que ela alguns anos atrás deu para ele, gerando o pirralho. Filminho bobo e descartável, com roteiro medíocre, que faz o filme apanhar feio do original, que, aliás, não era lá grande coisa. Vale pela curiosidade de ver o astro oitentista Christopher Lambert (o Highlander em pessoa), irreconhecível e pagando um micaço como o líder de uma misteriosa seita. Nota 4,0 apenas por algumas e poucas boas sequências de ação.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
* Nota: Apesar desta postagem ter sido publicada dois dias após a cerimônia do Oscar, mantive as minhas opiniões da época em que foi escrita.
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