quinta-feira, 4 de abril de 2019

AULÃO DE HISTÓRIA.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. / Coco do Cachorrão= Preciso mesmo dizer?.

1964 - O Brasil Entre Armas e Livros.
Produção brasileira de 2019.

Direção: Filipe Valerim e Lucas Ferrugem.

Narrador: Filipe Valerim. Entrevistados: Percival Puggina, Fernão Mesquita, Flávio Morgenstern, Hélio Beltrão, Vladimi Petrilák, Rafael Nogueira, William Waack, Renor Filho, Petr Blažek, Luiz Felipe Pondé, Andrej Wojtas, Leszek Pawlikowicz, Laudelino Lima, Olavo de Carvalho, Bernado Kuster, entre outros.

Blogueiro assistiu online (YouTube) em 03 de abril de 2019.

Cotação

Nota: 9,5.

Sinopse: Documentário sobre o regime militar brasileiro. Trazendo depoimentos de historiadores e especialistas, e fundamentação em documentos, o filme inicia falando da revolução russa, passando pela Guerra Fria e os motivos que levaram os militares brasileiros a tomarem o poder executivo e permanecerem nele por vinte e um anos.

Comentários: "Assistam primeiro o meu filme, antes de criticá-lo". Esta frase dita pelo mestre Martin Scorsese em 1988, no meio dos milhares de protestos nas portas dos cinemas pelo munto na ocasião do lançamento do polêmico A Última Tentação de Cristo nunca foi tão atual. Que tempos chatos para caralho que vivemos hoje em dia, onde a polarização política e ideológica é levada também a produção cultural, gerando pré-conceitos e preconceitos, onde as pessoas, infelizmente, na maioria das vezes impulsionadas pela imprensa, fazem um maior fuzuê, condenam uma obra sem sequer conferi-la, e ainda incentivam ao boicote e a censura da mesma. Como cinéfilo, sou totalmente contra qualquer boicote e censura, e defendo que cabe ao expectador, escolher o que assistir ou que ignorar qualquer obra, mesmo que a mesma seja feita com intenções de promover suas ideologias. Particularmente, acredito que a maioria do público, assim como eu, está cagando se as intenções da Marvel e da Brie Larson com Capitã Marvel é levantar bandeira do feminismo ou se Wagner Moura com seu Marighella, é usar uma figura controversa real para propagar suas ideologias. Para a grande público, o que importa mesmo é se o produto final ofertado é realmente bom. Uma das milhares e mais importante vantagens de vivemos um regime democrático é a liberdade de escolha que temos, e qualquer tipo de censura, boicote e represália é um retrocesso para tempos negros, que todos nós, sejamos de direita ou de esquerda, não queremos que voltem.

Assim como os dois filmes supracitados, outra bola da vez dos ataques pré-concebidos, antes mesmo do seu lançamento, é este documentário, produzido pelo grupo assumidamente de direita Brasil Paralelo. E acredito que apenas por este posicionamento ideológico dos seus realizadores é que o filme está sofrendo tanta represália, censura, boicotes e acusações falsas, infelizmente, até mesmo, por parte da imprensa. E acredito que se tivessem conferido, saberiam que 1964 - O Brasil Entre Armas e Livros não é o filme que defende a ditadura militar brasileira como dizem. Ao contrário, com um pesquisa muito bem realizada, aparentemente a intenção dos realizadores é fazer um relato histórico, mostrando tanto os motivos que levaram aos militares tomarem o poder, como também mostrar que realmente estes cometeram abusos e atrocidades terríveis. Muito bem roteirizado e fundamentado em depoimentos de especialistas e em documentos, temos um documentário riquíssimo em informações históricas, que mesmo tendo absurdamente mais de duas horas de duração (motivo que pode espanta muitas pessoas não acostumadas com o gênero), consegue a proeza de não ser chato e cansativo, prendendo a nossa atenção do começo ao fim, um feito e tanto raríssimo no gênero. 

Enfim, independente do seu posicionamento ideológico e político, se você é interessado em documentários históricos, ignore todo esse fuzuê e encare numa boa um dos melhores documentários já produzidos, e tire suas próprias conclusões. Mas, se prefere não assistir, é um direito seu de escolha, que deve ser respeitado, assim como o meu de conferir, ter gostado, e por isso, recomendar, sem que por isso, eu seja taxado de farsista.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.


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