quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MODERNIZAÇÃO EXAGERADA DE UM CLÁSSICO DA LITERATURA.

Filmes.
Modernização exagerada de um clássico da literatura.

Que a adaptação de uma obra para as telonas nem sempre é fiel a sua fonte original, isso não é novidade para ninguém. Afinal, desde do cinema mudo, os clássicos da literatura mundial ganharam inúmeras versões. Algumas que mesmo não se afastaram tanto da fonte original e outras que, em nome de uma adaptação para os dias atuais exageraram na dose. Os Três Mosqueteiros, novíssima versão para o clássico de Alexandre Dumas, que acabei de assistir na sala 3, do Complexo Kinoplex Maceió, é um bom exemplo do resultado de quando se mexe demais numa obra.
Comandado pelo mesmo diretor da franquia Resident Evil, Paul W. Anderson, o filme inicia com os mosqueteiros em uma missão em Veneza, bem ao estilo James Bond, para pegar o projeto d uma engenhoca que é uma mistura de dirigível com navio de Piratas do Caribe,  criada por Leonardo DaVince. Só que os heróis são traídos por Millady (Milla Jovovich, alternando boas e péssimas atuações no decorrer do filme) e o projeto vai parar nas mãos do inglês Duque de Buckingham (Orlando Bloom, idem Jovovich). Um ano depois, acompanhamos o jovem D'Antagnan (Logan Lerman, competente) saindo de seu interior até Paris, onde deseja ser um mosqueteiro, já arrumando confusão no caminho com o vilão Rochefort (Mads Milkkelsen), líder da guarda do Cardeal Richelieu (Christopher Waltz, no piloto automático) e com os mosqueteiros Athos (Matthew Macfayden, ótimo), Pothos (Ray Steverson, competente) e Aramis (Luke Evans, competente). Antes de um duelo com eles, a guarda de Richelieu aparece, forçando os quatro a se unirem e após o empolgante combate, automáticamente, D'Antagnan integra o grupo.

O filme tem alguns momentos interessante e até empolga nos momentos que mantêm a essência da obra original. O problema é, com a intenção de apresentar uma nova versão ao clássico de Dumas, e a claríssima intenção de inaugurar uma nova franquia, o roteiro peca pelos exageros de modernizar demais a clássica e memorável saga, chegando ao ponto de fugir tanto das características originais dos personagens que não os definem. Os mosqueteiros são agentes secretos, mas também são guardas de trânsito pronto para multar os donos de cavalos que cagam na rua e ainda militares, a la comando delta. Em algumas cenas, como  na batalha naval-área entre as engenhocas projetada por DaVince e construída pelos vilões ingleses, o filme se torna tão patético, que custa ao espectador acredita que sua inteligência seja tão menosprezada.

Com um roteiro surreal e em alguns pontos ridículos, evidente que os atores acabaram pagando o pato. O quarteto central, que dão vida aos mosqueteiros, cumprem bem seus papéis, apesar do roteiro não ajudar muito um melhor desenvolvimento dos personagens. Milla Jovovich, na época esposa do diretor, até tenta, mas sua personagem é super-valorizada ao extremo, que em certos momentos, parece a Alice da franquia Resident Evil, sua personagem mais famosa. Já Orlando Bloom, está meio perdido no seu personagem e oscila entre uma boa intepretação e a canastrice. E Christopher Waltz, faz um Richelieu sem sal, que provavelmente é a caracterização mais fraca que eu já vi do personagem.

Apesar do 3-D ser decepcionante, entrando para a lista extensa dos filmes que tanto faz ser ou não no formato, os efeitos especiais são um deleite aos olhos, principalmente, nas cenas internas dos palácios da época. Mas, estes também estão em dosagem excessiva, já que estão mais presentes na cenas de ação que as próprias batalhas de espada, típicas das adaptações das obras de Dumas.

Em síntese, com um enredo regular que fugiu bastante da fonte original, Os Três Mosqueteiros serve apenas como desculpa esafarrapada para iniciar uma franquia lucrativa, do que ser uma versão digna da obra de Dumas. Apesar disso, o filme tem seus méritos no quesito filme de ação e aventura e diverte bastante. Talvez se tentamos esquecer as suas origens, algo com certeza difícil de conseguirmos, a fustração ao final da projeção pode ser superada.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo. 
 

D'Antagnan em um dos poucos momentos que lembra a obra original.

Orlando Bloom: Vilão caricato.

Mosqueteiro Ninja.
De olho na grana de uma futura franquia,
nova versão foge exageradamente às origens.

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