Dono de um QI de 160 que sempre que pode nega ter e com mestrado em engenharia química, o simpático grandalhão Dolph Lundgren abriu mão de seguir uma carreira mais intelectual para realizar o sonho de ser ator. Estreiou nas telonas, em 1985, numa pequena participação como agente da KGB em 007 Na Mira dos Assassinos, último da franquia estrelado por Roger Moore, e estorou no mesmo ano como o russo Ivan Drago, o adversário mais fodástico de Rocky Balboa no clássico oitentista Rocky IV. Após seu pesonagem mais inesquecível, ser um astro de filmes de ação "B" era inevitável para Lundgren, conhecido por ter mais músculos do que qualidades interpretativas. É verdade que de vez em quando, o brucutu sueco aparece em alguma super-produção hollywoodiana como na chatíssima ficção Johnny Mnemonic, estrelada por Keanu Reaves, no excepcional Soldado Universal, onde brilha com outro personagem inesquecível ao lado do tampinha Van Damme, e recentemente é um dos convidados ilustres da festa comandada por Stallone e outros astros de ação em Os Mercenários e na sua tão aguardada continuação, que chegará as telonas no próximo ano. Mas, a maioria dos seus filmes, alguns inclusive dirigidos por ele, são produções "B", com roteiro fraquíssimos, que ao contrário do dele, não têm inteligência nenhuma.
Curiosamente, três dos seus melhores filmes solo, que mesmo com roteiros fracos são bastante divertidos, foram produzidos pela saudosa Cannon, sendo um deles talvez a produção mais luxuosa da saudosa produtora de filmes "B". Trata-se da ficção científica Mestres do Universo, um clássico da saudosa Sessão da Tarde da Rede Globo, onde Lundgren dar a vida (?) ao herói He-Man. Os outros dois filmes, realizados posteriormente foram O Grande Anjo Negro e O Justiceiro, este último, mesmo fugindo das caracteríscas originais do herói dos quadrinhos, o que acabou irritando bastante os fãs dos quadrinhos, para este blogueiro, consegue a proeza de ser melhor que as outras duas adaptações do herói, lançadas neste milênio.
Nos meados dos anos 80, o desenho He-Man e os Defensores do Universo chegou às telinhas e fez um sucesso estrondoso, inclusive por aqui, onde de vez em quando reaparece na TV Globinho, numa tosca e chatíssima nova versão, que não vingou. Mesmo sendo mal realizados, já que os personagens tinham movimentos limitados e repetetivos, os desenhos da série original agradavam a criançada (inclusive este blogueiro, na época pirralho). Bonecos, gibis e milhares de produtos com o herói e sua turma invadiram o mercado e fizeram a festa da pirralhada, que também se divertiam com a versão feminina estrelada pela irmã do herói, She-Ra. Os personagens, inclusive, deram as caras juntos nas telonas no divertido desenho He-Man e She-Ra: O Segredo da Espada Mágica, que aqui no Brasil, foi lançada em VHS também pela América Vídeo. Logo, com todo este enorme sucesso, uma versão em carne e osso da galera do distante planeta de Etérnia seria inevitável, e em 1987, Menanhem Golan e Yoran Globus, produzem a tão aguardada (e posteriormente ao seu lançamento fustrtante) versão ao vivo e a cores.
Distorcendo bastante as características originais do universo do personagem, em Mestres do Universo, escapando de Esqueleto (Frank Langella) e sua gangue que, finalmente, invadem o castelo de Greskull e prendem a feiticeira (Christina Pickles), He-Man (Lundgren) e seus aliados viajam num portal e vêm parar no nosso planeta Terra. Para voltar a Etérnia e acabar com a festa do maléfico vilão, eles precisam tocar a música correta (leia-se ruído patético) de uma chave mágica. Na sua passagem por aqui, eles conhecem e tornam-se amigos de Kevin (Robert Duncan McNeil) e Julie (Couterney Cox, a Mônica de Friends, lindíssima no começo da carreira), casal de adolescentes que vai ajudá-los a voltar para Etérnia, já que o rapaz é um tecladista de uma banda de garagem. Mas, antes deles voltarem para seu planeta natal, Esqueleto e seu exército imperial a la Star Wars, resolvem passar pelo tal portal e invadir o nosso planeta, após enviar dois de seus famosos capangas, para levarem tromba em nosso planeta.
Como adaptação do desenho, o roteiro do filme é fraquíssimo, se distanciando bastante da concepção original, chegando a retirar alguns personagens interessantes e de relevante destaque como o Gato Guerreiro e o atrapalhado e hilário Gorpo, substituído no filme pelo chatíssimo duende Gwildor. Como adaptação, o filme é uma total decepção. Agora, sobre o ponto de vista de um filme de aventura e ficção, Mestres do Universo até que tem um roteiro razoável e diverte, apesar de ter vários furos (a rápida invasão de Esqueleto e seu exército mesmo com algumas batalhas interessantes, decepciona) e tentativas fustradas de fazer humor, principalmente, no choque cultural inter-planetário entre os heróis eternianos e os costumes primitivos Planeta Terra (pô, quem com roupas rústicas são eles e nós que somos os primitivos? rss...).
Lundgren está mais canastrão do que nunca e consegue a proeza de ser mais inexpressivo que o personagem no tosco desenho. Além disso, paga o maior micaço da sua carreira usando com um figurino que resume-se a uma patética sunga e alguns toscos detalhes que tentam remeter ao figurino original do herói. Quem também paga um micaço é Cox que mesmo estando lindíssima tem uma atuação fraquinha e descartável. Em compensação, Frank Langella dar um show de interpretação com o vilão Esqueleto, que ganhou mais realismo graças a perfeita maquiagem, tornando-o irreconhecível. É unânime que ele é a grande atração do filme, que na dublagem brasileira ainda foi ganhou mais destaque com a voz potente e interpretativa do ator Isaac Bardavid. Destaque também para Meg Foster que está ótima como Maligna, a peversa fiel companheira do vilão.
Além de Lundgren e Cox, nem o inesquecível personagem de Langella escapa de pagar um micaço. No final do filme, após derrotado pelo herói, o vilão reaparece de forma tosca, olha para nós e, bem ao estilo Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro, diz sua mais famosa frase - "Eu Voltarei!" -, tornando-se uma dos maiores micos e também mentira da história do cinema, pois como todo mundo sabe, o filme não ganhou uma sequência. Diga-se de passagem, um alívio para os fãs de He-Man e, porque não dizer, para qualquer cinéfilo.
Como uma ficção científica, desacaradamente uma imitação de Star Wars, Mestres do Universo diverte e empolga, graças aos razoáveis efeitos especias, bem acima dos padrões da Cannon (às vezes penso que este filme foi que levou a produtora à falência, já que torraram bastante grana nos efeitos especiais, resultando uma raríssima super-produção da saudosa produtora.) e as atuações memoráveis de Langella e Foster. Em síntese, um filme bem a cara da saudosa Sessão da Tarde, que infelizmente é mais um que anda pegando poeira nos porões das emissoras brasileiras. Um clássico oitentista que pode ser encontrado em DVD, por menos de R$ 10,00 e que mesmo com todas as falhas, ainda supera vários filmes do gênero, principalmente, os produzidos neste novo milênio. Diversão boba e inofensiva, exceto aos fãs de He-Man e seu universo.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.
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