Aventuras à moda antiga.
Quem diria que apesar de todas as limitações das emissoras abertas em relação a filmes (cortes absurdos, horários incovenientes, versão dublada), encontramos alguns tesouros que merecem ser conferidos, pois cinéfilo que se preze não pode deixar de ver e rever grandes filmes. Na semana que se encerra hoje fomos brindados com as duas últimas aventuras de dois heróis aventureiros marcantes na história do cinema: o ícone Indiana Jones e o seu único genérico que deu certo, o simpático Rick O'Connor da trilogia A Múmia. Em comum, além de serem as últimas aventuras dos heróis (até agora, e, sinceramente, espero que permaneça assim, já que ambos os heróis, ao meu ver, já deram o que tinham para dar na história do cinema), ambos os filmes exibidos são os mais fracos de suas respectivas franquias. Porém, em se tratando de duas excecpcionais séries, deve-se levar em conta que mais fraco não quer dizer péssimos filmes. Muito pelo contrário, já que tanto Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal e A Múmia - Tumba do Imperador Dragão, são excelentes filmes de aventura, que mantêm o nível dos seus antecessores. Afinal, estamos falando de duas franquias que dispensam apresentações.
Na segunda, a Globo exibiu na sessão Tela Quente, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Dirigido mais uma vez pelo gênio Steven Spielberg e estrelado pelo excecpcional Harrison Ford, o filme traz o herói ícone saindo da aposentadoria para enfrentar uma nova aventura, ao lado do seu ex-rolo Marion Ravenwood (a ótima atriz, porém, sumida e espantosamente envelhecida Karen Allen), musa do herói no primeiro e para mim o melhor filme da franquia (Os Caçadores da Arca Perdida), e do jovem rebelde sem causa Mutt Williams (Shia LeBeouf, protagonista da trilogia Transformers), seu filho.
A trama se passa em 1957, onde Indy e família enfrentam os soviéticos em busca da Caveira de Cristal de Akator. O roteiro é satisfatório nos proporcionando ação do começo ao fim, sem ignorar a idade do personagem/ator, o que torna o filme ainda mais divertido. Se por um lado tropeça em alguns momentos, por outro, presenteia os fãs, algumas citações de aventuras anteriores de Indy, como na sequência inicial com uma claríssima referência ao clássico Os Caçadores da Arca Perdida e as homenagens ao aposentado Sean Connery e ao saudoso Denholm Elliot.
O elenco está bem entrosado e aparentemente cada um está se divertindo. Pena que recentemente, Shia LeBeouf quebrou isso, cuspindo no prato que comeu ao criticar este filme e o seu diretor Spielberg, levando um merecidíssimo adjetivo de "idiota" do seu ex-colega de set, Harrison Ford. Cate Blanchet, rouba a cena na pele de Irina Spalko, sendo das vilãs mais memoráveis de toda série. John Hurt até diverte como o Prof. Oxley, mesmo que sua atuação mescle a eficiência com a canastrice patética.
Além do elenco afiado, os efeitos especiais, a trilha do genial John Willams e a direção competente do mago Spielberg conseguem manter o nível da franquia, mas, sem deixar de frustar ligeiramente, sendo o inferior aos três primeiros. Infelizmente, o filme não oferece novidade nenhuma, não causando o mesmo impacto no público que seus antecessores. Para mim, o problema é que o trio Spielberg, George Lucas (roteirista) e Ford, levaram vinte anos para realizar um novo filme da franquia, o que deu espaço para outros aventureiros, principalmente, Rick O'Donell, da trilogia A Múmia, entrarem em cena e inovarem. Logo, a dupla de mestres do cinema, ficou praticamente sem opções para oferecer e limitaram-se a repetir a velha fórmula que fizeram das aventuras anteriores serem um sucesso.
Mas, Indiana é Indiana. Apesar de ser o mais fraquinho da série, devemos lembrar que ver o ícone, interpretado magistralmente por Harrison Ford, de volta à ativa é uma emoção a mais. Voltamos no tempo e recordamos os saudosos tempos, onde nos divertíamos com filmes excepcionais, que nos levavam a pular das cadeiras, torcendo empolgadamente pelos heróis. Por isso mesmo, vale a pena conferir, mas, sem criar nenhuma expectativa e, naturalmente, evitar as inevitáveis comparações com os três primeiros para não atrapalhar a diversão. Nota: 7,0.
Confira o trailer da última (até agora) aventura deste ícone do cinema:
Na quarta-feira, dia que o nervos dos brasileiros estavam a flor da pele por causa da seleção brasileira, a Record exibiu A Múmia: Tumba do Imperador Dragão, trazendo de volta o competente Brendan Fraser, como o simpático aventureiro Rick O'Connor, que disparado, é o melhor e o único genérico do ícone Indiana Jones que vingou.
Apesar de ter sido lançado antes da última aventura de Indiana Jones comentada acima, lembra bastante já que aqui, o herói entra na aventura, ao lado da sua família: sua esposa Evelyn (a esforçada Maria Bello substituindo Rachel Weisz, que se recusou a fazer o filme devido a discordância no roteiro), o seu filho Alex (interpretado por Luke Ford, um pouco velhinho para o personagem já que o ator, na vida real, é apenas treze anos mais novo que Fraser e quartoze a menos que Bello) e mais uma vez, seu cunhado, o figuraça Jonathan (John Hannah).
A trama basicamente é a mesma do primeiro, mudando apenas o cenário do Egito para a China. Desta vez, o amaldiçoado por amor e, consequentemente múmia da vez, é o Imperador Dragão (Jet Li, competente como sempre, mas aqui pouco aproveitado). Alex encontra a múmia, que também é procurado e ressuscitado por um exército de devotos fiéis. Apesar da trama praticamente idêntica aos anteriores, o roteiro é satisfatório, proporcionando um filme com muita ação, aventura e humor rasgado típico da série.
Fraser está ótimo na pele O'Conner, apesar de mais contido que o habitual. Apesar de todo esforço de Maria Bello, que cumpre bem o seu papel, impossível não lembrar com saudades da Evelyn interpretada por Weisz. Pena mesmo que ela não aceitou repetir a perfeita parceria que tinha com Fraser e os demais colegas de elenco. Jet Li, como já disse acima, como sempre competente mas muito pouco aproveitado, tanto no seu talento como ator (a múmia criada por computador aparece mais que ele) quanto de lutador. O mesmo ocorre com a sua compatriota e colega de outras produções chinesas Michelle Yeoh, apesar de aparecer um pouquinho mais em cena que o colega. Os demais atores do elenco cumpre bem seus respectivos papéis.
Os efeitos especiais e a triha sonora mais uma vez cumprem a sua missão, apesar desta não ser tão memorável como no primeiro filme. Mas, ambos mantêm o nível da franquia.
Assim como a última aventura da família Indy, a última da família O'Conner foi a mais fraca da franquia. Faltou mais emoção ao filme que o deixou bem abaixo dos anteriores, mesmo com um elenco entrossado e afiado, o resultado final deixou muito a desejar. Mas, apesar dos apesares, o filme não é péssimo. É uma ótima aventura, que diverte, prende atenção. Apenas não empolga como as aventuras anteriores. Se nós envelhecemos, os grandes heróis do cinema também, né? Nota: 6,5.
Confira o trailer da última aventura da família O'Conner:
Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.
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