domingo, 1 de janeiro de 2017

RECORDAR É REVER: OS TRAPALHÕES NO AUTO DA COMPADECIDA.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. / Coco do Cachorrão= Preciso mesmo dizer?.

Os Trapalhões no Auto da Compadecida.
Produção brasileira de 1987.

Direção: Roberto Farias.

Elenco: Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum, Zacarias, Raul Cortez, José Dumont, Renato Consorte, Luiz Armando Queiroz, Betty Goffman, Claudia Gimenez, Emanoel Cavalcanti, Sandro Solviati, Marinho Barbosa, José Marinho, Dino Santana, entre outros.

Blogueiro assistiu no extinto Cinema São Luiz (Maceió), na TV aberta (Globo) e em home vídeo (DVD).

Cotação

Nota: 10,0.

Sinopse: Baseado na peça O Auto da Compadecida do mestre Ariano Suassuna. Narrado por um palhaço (Queiroz), a história rola na pequena cidade de Taperoá, onde vivem João Grilo (Aragão) e Chicó (Dedé Santana) empregados de um padeiro (Zacarias) e sua esposa (Gimenez), que vivem aprontando não somente para cima dos seus patrões, mas de outros moradores da cidade, não poupando nem mesmo o padre (Cavalcanti) e o sacristão (Solviati), que estão recebendo a visita do bispo (Consorte) e um frade (Mussum). Num dia rotineiro, com a dupla de amigos espertalhões aprontando das suas, um bando de cangaceiros, liderados por Severino de Aracaju (Dumont), invade a cidade e captura parte dos moradores, mandando-os desta para uma melhor, onde serão julgados por Jesus (Mussum), sendo acusado pelo diabo (Cortez). Com acusações gravíssimas que dificilmente os farão escapar da condenação eterna nos quinto dos infernos, João Grilo apela para Nossa Senhora (Goffman), possa interceder por todos eles.

Comentários: Ano novo e a promessa de tentar comentar um filme do saudoso grupo Os Trapalhões todos os domingos continua firme e forte (isso porque aproveitei algumas pouquíssimas folgas de final de ano para elaborar antecipadamente essas postagens). E início o ano com chave de ouro, comentando simplesmente o filme que hoje reconheço como não somente o melhor da trupe, mas como um dos melhores do cinema brasileiro de todos os tempos. Digo hoje, pois, quando criança, fui um dos milhares de pirralhos brasileiros da época que detestaram o filme. Culpa do próprio grupo que nos acostumou mal com filminhos bobinhos, com roteiros recheadões de furos e incoerência. Realmente, Os Trapalhões no Auto da Compadecida é um filme totalmente diferente da filmografia do grupo, inclusive, parece que é o único do grupo lançado no mercado internacional. Com roteiro escrito pelo próprio mestre Ariano Suassuna e pelo diretor Roberto Farias, que mantém toda linguagem teatral, incluindo uma excelente quebra da quarta parede temos um filme muito bem escrito, bem dirigido, com atuações excepcionais de um puta elenco de talentosos formado por grandes atores, e dos próprios membros do quarteto, que saem da zona de conforto da costumeira atuação gaiata. Infelizmente, o filme marcou o final da fase de ouro dos filmes criativos e originais do grupo iniciada com Os Saltimbancos Trapalhões, já que agradou a crítica mas não o público, o que fez o grupo, em especial, Renato Aragão, ligar o botão "dane-se!" e voltar a investir em filminhos medíocres, com roteiros fracos e péssimos elencos formado por Gugu Liberato, grupo Dominó, Angélica e Xuxa. Mais do que um marco na filmografia da saudosa trupe, Os Trapalhões no Auto da Compadecida é uma verdadeira obra-prima do nosso cinema, que dá uma surra na versão da peça para as telonas de 1969 (A Compadecida, estrelada por Armando Bogus, Antonio Fagundes e Regina Duarte), consegue ser tão boa quanto o sucesso O Auto da Compadecida de Guel Arraes, e por isso mesmo, merece ser descoberta. Filmaço que, com certeza, consegue agradar até mesmo quem não for fã do grupo.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário