quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

RECORDAR É REVER: TRILOGIA ROBERTO CARLOS.

 = Excepcional. /  = Muito bom. /  = Bom./  = Regular. / = Fraco. 

Sou de um tempo, não tão distante assim que na noite do dia de natal, logo  após a novela das oito, as famílias se reuniam diante da TV  para assistirem ao tradicional especial de final de ano do rei Roberto Carlos. O tempo passou, o especial perdeu seu tradicional dia, antes para Xuxa e agora para o lixo do The Voice, caiu na mesmice, com algumas pouquíssimas novidades, o próprio rei está desgastado pra caralho, nem tanto pela idade, mas, por conta do TOC que sofre, que acaba limitando o seu extenso repertório . Mesmo com tudo isso, quem é rei e não perde a majestade, e a cada ano, apesar dos apesares, Roberto Carlos emociona e cativa seus milhares de fãs, que esperam ansiosamente dezembro chegar. Não será um blogueiro do povão e nostálgico que vai contra-argumentar esse fato. Enfim, presenteando você e sua família nesta data tão especial, faço esta postagem comentando a trilogia de filmes estrelados pelo rei. Confesso que desde que criei o blog que venho tentando fazer esta postagem, mas, ainda não tinha feito justamente por causa de um dos filmes do rei que consegue ser loucamente contraditório por ser tão ruim e ao mesmo tempo fodástico. Antes que eu mude de ideia de novo vamos aos nossos comentários.


Roberto Carlos em Ritmo de Aventura.
Produção brasileira de 1968.

Direção: Roberto Farias.

Elenco: Roberto Carlos, José Lewgoy, Reginaldo Farias, entre outros.

Blogueiro assistiu na TV aberta (CNT), em home vídeo (VHS) e online (Youtube).

Cotação

Nota: 8,0.  

Sinopse: Tentarei explicar da forma que eu acho que o filme se trata, já que, de acordo com a trama, ficção e realidade se confundem. Roberto Carlos (o próprio) está gravando uma porra de filme, mas, os bandidos, liderados por Pierre (Lewgoy) são bem mais que meros figurantes usando roupas patéticas e um ator que costumeiramente interpreta vilão. São vilões de verdade que querem despachar o rei para bem longe. 

Comentários: Está aqui o principal motivo pelo qual demorei quatro natais para fazer esta postagem. Não lembro de um filme tão contraditório e tão difícil para comentar e opinar como este. A porra é mais séria do que você imagina. Vamos lá! Roberto Carlos em Ritmo de Aventura tem um dos piores roteiros da história da sétima arte. Parece que ele simplesmente não existe e que o diretor Roberto Farias apenas ligou a câmera da forma que bem quis e foi inventando na hora de realizar o filme. E o pior: sobre efeitos de LSD ou outra droga na cabeça. Em momento nenhum, o filme se define, chegando bem próximo de uma desastrosa auto-paródia. O resultado não poderia ser outro: um dos piores filmes já feito em todos os tempos da história da sétima arte. Mas, peraí, você deve está se perguntando, por quê então, as quatro estrelas e uma nota tão alta? Erro de digitação ou o blogueiro está sob efeito das mesmas substância que Farias escreveu (ou não escreveu) a merda do roteiro? Acalme-se! Nada de afobação! Irei elencar os motivos que me levaram a nota e cotação tão contraditória. 

Para começar a produção é espetacular. Com um orçamento alto para época e, convenhamos, para os padrões do cinema nacional até hoje, Roberto Farias simplesmente não teve medo de ser criativo e ousado, colocando o rei para fazer ele mesmo, sem dublê, as sequências perigosas, escolhendo locações belíssimas, no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos, inclusive, conseguindo liberação da NASA para filmar uma sequência lá. Mas, o ápice da criatividade e ousadia, sem sombra de dúvida, é a inesquecível sequência do helicóptero atravessando um túnel, algo nunca visto, até hoje no nosso cinema. Só por isso, o filme merece um aumento de uma estrelinha e nota, mas, não suficiente para sair da vermelha. Vamos ao segundo motivo. 


O roteiro inegavelmente é uma merda, um dos piores de toda história do cinema. Mas, o mesmo acaba rendendo sequências tão inesquecivelmente toscas, que acaba realizando o feito inimaginável e histórico de gerar um filme divertidíssimo. Como não cair na gargalhada em sequências toscas ao extremo, como a que o rei está num barco arrodeado de gostosas, se achando o fodão pica doce das galáxias, respondendo de forma patética questões filosóficas propostas por elas, ou na sequência que rola a fodástica canção Quando, com Roberto e uma modelo linda demais, fazendo caras e bocas toscas ensaiando um beijo, ou quando ele joga nos vilões granadas invisíveis que explodem de verdade, enquanto canta a também fodástica Você Não Serve Pra Mim, ou na sequência final, com Roberto Carlos dando "bye" de uma forma tão ridícula e caricata, que faz a horrível atuação de George Sauma no recente Tim Maia, parecer de um ator shakespeariano. Sinceramente, de tão ruim, ridículo e tosco, o filme consegue ser mais engraçado que 99% das comédias nacionais produzidas recentemente. Ok! 


Além de divertido o filme também é um documento histórico. Primeiramente, retrata o período da época que o Brasil estava vivendo, tanto pelas roupas e penteados bregas, como também pela desnecessária, descartável e nada a ver presença dos militares no clímax do filme. Parece que Roberto Farias, querendo agradar os milicos, para quem sabe, evitar que o filme sofresse algum tipo de censura ou represália, presenteou os caras com uma bajulação só vista anos depois, no período da abertura, em Os Trapalhões na Serra Pelada, e nos filmes de ação hollywoodianos oitentistas. A sequência é uma descarada propaganda do nosso exército, que serve para mostrar a todos, que é tão foda quanto dos Estados Unidos. E falando neles, a sequência de Roberto Carlos vai ao espaço é ridícula pra caralho e um nada a ver da peste, mas, serve também para mostrar a euforia da época com a corrida espacial. Além de tudo isso, o filme tem um valor histórico de marcar a despedida do rei a Jovem Guarda, já que a partir dali, iria se renovar até chegar a sofrência brega de hoje em dia, e por uni-lo de novo, e em definitivo, com o tremendão Erasmo Carlos, já que na época estavam brigados. Ok! Motivos mais que suficientes para manter a estrelinha dada e aumentar em no máximo um ponto a nota do filme. O motivo a seguir é justamente o que elevou consideravalmente a cotação e nota que damos ao filme.


Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, simplesmente tem a melhor trilha sonora não somente do nosso cinema brasileiro, mas, da história do cinema. Sucessos inesquecíveis da melhor fase do rei (na minha opinião. Se você prefere ele cantando pra mulheres que se acham feias, como gordinhas e as que usam óculos, ou bregas que fazem o Pablo do Arrocha ser cantor de MPB, como Emoções e Esse Cara Sou Eu, gosto não se discute). O péssimo (ou inexistência do) roteiro é impressionantemente perdoado por nós ao escutamos sucessos inesquecíveis e fodásticos até hoje como Por Isso Eu Corro Demais, Quero Que Vá Tudo para o Inferno, Quando, Você Não Serve Pra Mim, Como é Grande o Meu Amor por Você, Eu Sou TerrívelCanzone per Ti, Namoradinha de Um Amigo Meu e tanto outros. Não é a toa que o disco até hoje é o que mais emplacou sucesso em toda história da música brasileira.  


Enfim, por todos os motivos supracitados, Roberto Carlos em Ritmo de Aventura consegue o feito histórico e contraditório de ser um filme tão ruim e ao mesmo tempo tão fodástico. Um clássico do nosso cinema nacional que precisa ser descoberto de tão surreal e contraditório que é. Assista e, se possível, deixe seus comentários aqui. 


Filme completo. 

Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa.
Produção brasileira de 1970.

Direção: Roberto Farias.

Elenco: Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, José Lewgoy, entre outros.

Blogueiro assistiu na TV aberta (CNT), em home vídeo (VHS) e online (Youtube).

Cotação

Nota: 0,5.  

Sinopse: Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa (os próprios) estão de boa passeando pelo Japão, desfilando na terra do sol nascente seus estilos toscos e ridículos de pseudo-ripongas. Numa visita a uma lojinha, Wanderléa se encanta por uma tosca estatueta, mas,a mesma acaba de ser adquirida por Pierre (Lewgoy) que, percebendo que a cópia que a ternurinha comprou pode ser a verdadeira que esconde um mapa do tesouro, passa a perseguir o trio, junto com os seus capangas.

Comentários: Com enorme sucesso do filme de estreia, os Robertos trataram logo de se unir de novo e voltar às telonas. Para não correr mais risco de pagar mico sozinho, o rei chama seus parceiros Erasmo e Wanderléa. Com uma produção ainda mais caprichada que a original, com direito a sequências no Japão e em Israel, e um roteiro consideravelmente bem mais elaborado que o filme anterior, Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa tinha tudo para ser o melhor filme do rei. Tinha, mas, acabou sendo o pior não somente do rei mas de todos os tempos. O problema é que nada funciona nessa merda de filme, a começar pela péssimo roteiro que, apesar do que foi dito no começo deste parágrafo, é repleto de furos e erros grosseiros e patéticos. Para completar, a trilha sonora é sofrível, salvando-se apenas três canções cantadas pelo rei, entre elas a fodástica Não Vou Ficar, motivo que, junto com o trio se divertido pra caralho, evitou que o filme ganhasse uma merda no lugar de uma estrelinha e um zero bem redondinho. 


 
Filme completo. 

Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora.
Produção brasileira de 1971.

Direção: Roberto Farias.

Elenco: Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Libânia Almeida, Raul Cortez, Mário Benvenutti, Cristina Martinez, Flávio Migiliaccio, Otelo Zeloni, Reginaldo Farias,  entre outros.

Blogueiro assistiu na TV aberta (CNT), em home vídeo (VHS) e online (Youtube). 

Cotação

Nota: 7,5.  

Sinopse: Lalo (Roberto) é um humilde mecânico da empresa do ex-campeão de corrida, Rodolfo Lara (Cortez). Bastante sonhador, Lalo deseja se tornar um piloto de corrida e conquistar o coração da namorada do patrão (Almeida), pela qual ele é os quatro pneus e o estrepe arriado por ela. Com o incentivo do amigo e colega de trabalho Pedro (Erasmo), Lalo ver a possibilidade de realizar o primeiro sonho, quando o patrão desiste de correr devido a um trauma, abrindo caminho para que ele faça sua estreia meteórica. 

Comentários: Finalmente os Robertos acertam, depois de pisarem feio na bola nos dois filmes anteriores. O terceiro e último filme do rei, tem um ótimo roteiro escrito pelo saudoso Bráulio Pedrosa, boas atuações, em especial de Roberto e Erasmo, surpreendendo como atores, e sequências de corridas eletrizantes. Como cinema, é disparado o melhor filme do rei. Porém, em relação a filmografia do rei, é o mais fraco no quesito divertido, já que é prejudicado pela falta de números musicais, tendo pouquíssimas músicas e, principalmente, pelo personagem do rei, ser tão imbecil e abestalhado que chegar a irritar. Fora isso, temos um desfecho interessantíssimo da curtíssima carreira do rei nas telonas. Vale a pena descobrir esta pérola e acelerar junto com o rei Roberto Carlos.


 
Filme completo.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo alagoano.

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