quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SCORSESE À LA HITHCOCK.

Refilmagem de suspense dos anos 60, traz Robert De Niro numa das melhores atuações de sua carreira.
 
Zapeando ontem à noite pela TV, após um longo dia de trabalho, me deparo com a exibição de um clássico moderno do suspense, sumidíssimo da grade das emissoras abertas. Trata-se de Cabo do Medo, filme de 1992, estrelado por Robert De Niro, Nick Nolte, Jessica Lange e uma Juliette Lewis, em começinho de carreira, no primeiro papel de destaque, que tive o prazer de rever na telinha do canal fechado Investigação Discovery. Dirigido por Martin Scorsese, o filme é uma refilmagem de Círculo do Medo, de 1961, estrelado pelos saudosos Robert Mitchum (1917-1997) e Gregory Peck (1916-2003), que inclusive fazem participações especiais no remake, assim como o também saudoso Martin Balsam (1919-1996). Mitchum é substituído à altura por De Niro, que simplesmente arrebenta numa das melhores atuações de sua carreira (particularmente, acho o Al Capone de Os Intocáveis, a melhor atuação deste grande ator norte-americano), em sua sétima e até agora penúltima parceria com Scorsese.
 
Após quartorze anos preso, Max Cady (De Niro) é libertado, com sede de vingança contra o seu ex-advogado Sam Bowden (Nolte), que por omitir que a adolescente que ele estuprou não era tão santinha, foi o responsável pel sua prisão. O psicótico Cady inicia uma jogo doentio e obsessivo não somente aterrorizando Sam, mas também sua esposa Leigh (Lange) e sua filha adolescente Danielle (Lewis), que inclusive, o psicopata chega a seduzir. Sem provas e meios legais para afastar Max de sua família, o advogado recorre a ajuda do detetive Claude (Joe Don Baker), sem êxito, já que o psicopata está disposto a ultrapassar todas as barreiras para ferrar com ele e sua família.
 
Se Cabo do Medo não fosse um filme do começo dos anos 90, com certeza, muitos acreditariam que seria, e teria tudo parac ser, um filme do saudoso diretor Alfred Hithcock. Scorsese faz um suspense excepcional, à moda antiga, bem ao estilo do saudoso diretor, abusando do jogo de imagem e de uma ótima trilha tocada extremamente exaustivamente. O filme tem um roteiro muito bem escrito, apesar de se alonga um pouco demais, o que somado com o exagero da trilha, torna o filme um pouquinho cansativo e enjoativo, defeitos pequenos superados por um elenco afiadíssimo.
 
Mas, sem sombra de dúvida, o grande mérito do filme é De Niro, que simplesmente arrebenta ao mesmo tempo que assusta com uma atuação excepcional, dando um show. Curiosamente, para tornar ainda mais realista sua assustadora perfomace, De Niro gastou um dinheirão com o dentista, para que deixasse seus dentes com aspecto horrível que vemos no filme, e depois da filmagem, ainda mais dinheiro, para que os fizesse voltar ao normal. Apenas um pequeno detalhe do perfeccionismo de um grande ator que, infelizmente, atualmente, vem fazendo personagens e filmes inferiores do seu enorme talento.
 
Além de mostrar um De Niro numa atuação digna do seu inegável talento, Cabo do Medo também confirma o que comentei numa das postagens anteriores que não fazem mais filme de terror e suspense como antigamente. Envolvente e realmente assustador, com um elenco afiado, um filmaço de primeira, um clássico recente, que precisa ser descoberto, visto e revisto. Imperdível. Nota 8,0.
 
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
 
 
De Niro arrebenta e assusta num show de atuação.
 
 
Lewis também não fica atrás, além de ser um colírio para os olhos.
 
 

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