Quarto filme da franquia de estrondoso sucesso é o primeiro sem Matt Damon.
Diz o ditado popular originário do futebeol que não se mexe em time que está ganhando. Por isso que tão logo foi anunciado que a então trilogia Bourne, estrelado por Matt Damon, com os dois últimos filmes dirigidos por Paul Greengrass irai se tornar uma quadrilogia, reiniciando sem a dupla central, a pulga atrás na orelha foi inevitável. Surgia então a grande dúvida dos cinéfilos, em especial, os fãs da saga de Bourne, se a franquia iria conseguir se manter sem Damon e Greengrass. No caso deste blogueiro, a dúvida acabou de ser tirada, ao conferir na sala 01 do Complexo Kinoplex Maceió, O Legado Bourne, estrelado por Jeremy Renner, tendo ao lado os coadjuvantes de peso Rachel Weisz e Edward Norton. Antes de comentar o filme em foco, vamos a uma breve retrospectiva sobre os filmes anteriores da franquia.
Criado pelo escritor Robert Ludlum, o agente fodástico, que coincidentemente tem as mesmas inciais de James Bond, o agente secreto mais conhecido de Sua Majestade, Jason Bourne na verdade teve sua primeira versão em carne e em osso nas telinhas em 1988, no telefilme de longa duração (mais de três horas) A Identidade Bourne. Na época quem deu vida a Bourne foi o atualmente sumido Richard Chamberlain, mais conhecido por aqui pelas minisséries oitentista Pássaros Feridos e Shogun, e também pela versão sub-Indiana Jones do clássico personagem Allan Quartermain, em duas aventuras da saudosa produtora Cannon. Não assistir esta versão, por isso mesmo não posso fazer nenhum comentário sobre ela. O filme, que foi dirigido por Roger Young, responsável por alguns filmes da franquia do 007, pode ser encontrado facilmente em DVD, lançado pela Warner.
Com um roteiro muito escrito, repleto de reviravoltas e com ação e suspense na medida certa, A Identidade Bourne já começa com um mistério, que vamos descobrindo aos poucos, e no decorrer de outros dois filmes, junto com o personagem central. Um estranho baleado e sem memória é encontrado por pescadores boiando entre a vida e a morte no meio do Mar Mediterrâneo. Em busca de sua própria identidade, o cara descobre un chip implantado em seu quadril e resolve seguir a pista, vindo a descobrir que seu nome é Jason Bourne e que mora em Paris. Num confre de banco, ele descobre vários passaportes (curiosamente, um deles brasileiro) com sua fotografia, mas, vários nomes diferentes, uma arma e uma grana preta. Bourne passa a ser perseguido misteriosamente, demonstando incríveis habilidades nas lutas corporais, mas, contando com a ajuda de Marie (Franka Potente). Com um ritmo acelerado, um enredo envolvente e uma supreendente ótima atuação de Matt Damon, que se sai bem tanto na interpretação, como nas eletrizantes sequências de ação, A Identidade Bourne é uma filmaço de ação de primeiro que prende a nossa atenção e nos diverte, provando que um filme do gênero pode ter um enredo inteligente. Nota 9,5.
Com todos esses ingredientes, estava inaugurada uma franquia empolgante e de tirar o fôlego. Em 2004, Damon volta a interpretar o personagem fodástico, inaugurando sua parceria de sucesso com o diretor Paul Greengrass em A Supremacia Bourne. Após dois anos dos eventos do primeiro filme Bourne vive numa boa com sua namorada Marie (Franka Potente), longe de toda agitação, tentando esquecer o seu passado sombrio de frio assassino. Mas, a felicidade dos pombinhos não dura dez minutos de filme, já que são descobertos, e a moça sendo eliminada. Recém-viúvo e, obviamente, puto da vida, Bourne volta a encarar os seus perseguidores. O que era bom, só foi melhorado com a estreia do diretor na franquia, acelerando ainda mais o ritmo frenético da franquia. Damon está mais à vontade no personagem e mais uma vez dá um show numa atuação que chega a ser melhor que o filme original. Nota 9,5.
A saga de Jason Bourne seria concluída em grande estilo, em 2007 no também eletrizante O Ultimato Bourne, que mantém o mesmo alto nível de ação e suspense da franquia, apesar de ser ligeiramente inferior aos primeiros. Bourne continua fugindo dos seus antigos colegas de trabalho da CIA de um lado para o outro do mundo, mas, ao mesmo tempo ainda em busca de saber ainda mais sobre si próprio e seu passado tão sombrio, como também resolve de um vez toda a pendência, chutando o pau da barraca e acertando as contas com os responsáveis. O filme fecha com chave de ouro a saga do herói, amarrando perfeitamente o que foi lançado para nós nos filmes anteriores. Filmaço de ação de primeira. Nota 9,0.
Com um desfecho tão envolvente, ressuscitar a franquia, principalmente sem a dupla citada no começo desta postagem, seria um altíssimo risco. Missão quase impossível muito bem cumprida pelo diretor Tony Gilroy, que reinicia bem a franquia, amarrando direitinho o novo filme aos demais. Com certeza, o fato dele ter roteirizado os três filmes anteriores foi fundamental e fez a diferença. Sem falar que arrumou um substituto à altura de Damon, o astro em ascensão Jeremy Renner (de Guerra ao Terror e recentemente visto como o Gavião Arqueiro de Os Vingadores), que além de ser um bom ator, arrebenta nas sequências de ação, não ficando atrás em nada com Damon.
A trama de O Legado Bourne é totalmente original, utilizando dos livros apenas o nome e o personagem Bourne, e se passa paralelamente ao que ele aprontou no último filme. Aqui é confirmado para nós o que um repórter do último filme dizia, ou seja, que Bourne era apenas a ponta do iceberg. Outros agentes também foram recrutados e submetidos a experiências similares que a Jason passou, entre eles, Aaron Cross (Renner). Com o projeto vindo a público, principalmente pelo que Bourne aprontou e por Pam Landy (Joan Allen), a ordem é encerrar o projeto, eliminando todas as provas, inclusive os agentes envolvidos. Cross escapa, mas, está sofrendo a síndrome da abstnência das drogas do projeto, o que faz ir em busca de uma das cientistas responsáveis (Rachel Weiz, convicente), passando a ser perseguidos, principalmente pelo misterioso chefão Byer (Edward Norton, bem, apesar de um personagem muito inferior ao seu inegável talento).
O filme tem um enredo interessante, mas, o ritmo não é o mesmo eletrizante dos filmes anteriores, apesar da ação e o suspense estarem presentes, só que em doses consideravelmente menores. Na inevitável comparação com seus antecessores, O Legado Bourne apanha feio, mas, não chega a ser um desastre total, já que trata-se de um ótimo filme de ação. Se não mantém o mesmo ritmo, pelo menos mantém o mesmo nível perculiar desta franquia tão fodástica. Nota 7,5.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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