Mais fatal que kriptonita.
"Pobre Super-Homem foi parar na Cannon!". Assim o renomado crítico Rubens Edwald Filho iniciava sua crítica do filme Superman IV - Em Busca da Paz, no guia de filmes da extinta e saudosa revista Vídeo News. Na época eu era pré-adolescente e fiquei puto com as opiniões do crítico, que desceu a lenha no filme, afinal, eu gostava, e ainda gosto, da saudosa produtoras de filmes B. Mas, hoje em dia, com um senso crítico mais desenvolvido, percebo que ele não estava totalmente certo. Afinal, depois de dois filmaços de estreia, com efeitos especiais de encher os olhos, e de um humilhante e medíocre terceiro filme, o Homem de Aço, interpretado pelo saudoso Christopher Reeves, merecia muito mais que um filme que tinha um orçamento previsto para US$ 36 milhões ser reduzido drasticamente, devido as crises orçamentárias da produtora, para US$ 17 milhões, convenhamos um gasto bastante significativo que ferra com qualquer iniciativa. O resultado não poderia ser pior, um filme tosco, trashão mesmo, mas, que mesmo assim, tinha seus méritos.
O nível tosco da produção, última do saudoso ator no personagem, começa no roteiro. Se por um lado, acerta em trazer de volta o tom de aventura dos dois primeiros filmes, o vilão Lex Luthor (mais uma vez vivido brilhantemente por Gene Hackman) e a namorada do herói, Lois Lane (Margot Kidder), erra feio no desenvolvimento da trama. Realizado e lançado em 1987, época que a Guerra Fria estava acabando, o filho de Krypton resolve dar a sua contribuição para a paz mundial, fazendo um tosco discurso na ONU, onde se compromete a pegar todos os mísseis, e cumpre, mandando-os para o sol. Só que o herói não contava que seu arqui-inimigo Luthor, iria roubar num museu, um fio do seu cabelo e colocar em um dos mísseis, junto com um gororoba química que inventou. O resultado é a criação do Homem-Nuclear (Mark Pillow, no piloto automático), um vilão são forte quanto o homem de aço, que dará um trabalhão para ele.
Lançado no mesmo ano que a produtora realizou Mestres do Universo (que eu suspeito ter sido o causador da Cannon ter entrado em crise financeira devido a ter queimado a grana neste filme), esperava-se mais que um efeito especial das antigas, onde os atores ficam pendurados em frente a um tela que projeta imagens. Nem mesmo os péssimos Superman III e Supergirl (tentativa tosca e fustrada de fazer uma nova franquia com a priminha gostosinha do Homem de Aço.), tiveram efeitos tão ruins, de décima oitava categoria. Apesar do seu sucessor ter optado por um tom mais cômico, Superman IV consegue arrancar mais risadas, graças aos toscos efeitos.
Apesar destas falhas grosseiras nos efeitos, algo que, aliás, justificável, o fato é que a quarta aventura do herói kriptoriano não é um filme totalmente ruim, graças, principalmente, ao seu elenco que, mesmo pagando um micaço, se esforça e convence. Curiosamente, merece atenção a presença de Jon Cryer, atualmente dando um show como Alan Harper na sitcom Dois Homens e Meio, na época recém saído do clássico teen oitentista A Garota de Rosa Shocking, que em Superman IV rouba a cena como um figuraça punk, sobrinho de Luthor, demonstrando já neste filme, todo seu talento cômico.
Dirigido por Sidney J. Furie (que antes tinha nos presenteado com o excepcional clássico do cinemão de ação, Águia de Aço) Superman IV: Em Busca da Paz, com todos os seus "defeitos nada especiais" é uma aventura bobinha e infantilizada, que não faz jus aos dois primeiros e ao último filme da franquia, mas dar uma pisa no terceiro e pior filme da franquia. Vale conferir pelo seu elenco de ótimos, em especial pela excepcional atuação do jovem Cryer, que como todos os seus colegas experientes, consegue tirar leite de pedra de um roteiro fraquinho e superar todas as deficiências de um filme esquecível. Nota 6,5.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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