Recordar é rever: Ben-Hur e A Noviça Rebelde.
Entrando no clima da festa do Oscar, que ocorrerá no último domingo deste mês, a partir de hoje, passo a revirar a minha memória e comentar aqui os filmes que, na minha opinião, realmente mereceram ganhar o Oscar na categoria. Como de costume nesta série de postagens onde comento filmes, literalmente falando, do século passado, não perderei tempo com filmes que recentemente ganharam a estatueta careca, muito menos com filmes que na minha opinião não mereceram, como por exemplo ... E o Vento Levou (ganhador na categoria, em 1940. Podem me xingar, mas continuarei achando este clássico, uma merda chata e enfadonha, mesmo admitindo que o filme arrebenta na fotografia e figurino), Entre Dois Amores (1986, um caso histórico da vitória do concorrente mais fraco), Conduzindo Miss Daisy (1990), O Paciente Inglês (1997), Shakespeare Apaixonado (1999), Beleza Americana (2000) e tanta outras tranqueiras que foram escolhidas na categoria, mesmo concorrendo com filmaços bem melhores e infinitamente superiores como O Mágico de Oz (1940), A Cor Púrpura, O Beijo da Mulher-Aranha e A Testemunha (todos concorrentes na categoria em 1986, o que por si só, explicam a afirmação acima), Nascido em 4 de Julho e Sociedade dos Poetas Mortos (1990), Jerry Maguire - A Grande Virada (1997), À Espera de Um Milagre e O Sexto Sentido (2000). E inicio está micro maratona em grande estilo, indo bem fundo no baú e trazendo à torna dois clássicos inesquecíveis, que não apenas fizeram jus à premiação, como também entre as mais bem merecidas das história da famosa premiação.
O primeiro é o excepcional Ben-Hur, produzido em 1959, que para este blogueiro esta entre os melhores filmes de todos os tempos. Grande vencedor da 32ª edição, realizada em 1960 e o maior recordista do Oscar - com doze indicações, vencendo em onze (perdeu apenas na categoria Melhor Roteiro Adaptado) -, feito que só foi igualado quarenta depois com Titanic e, posteriormente, em 2004, com O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, o filme é o terceiro filme baseado no romance homônimo do escritor Lee Wallace (os dois anteriores são da época do cinema mudo), e se passa na época e lugar onde Jesus Cristo realizava a sua missão, motivo único que fazem muitos comenterem o erro de classificar o filme como bíblico. Conduzido de forma maestral pelo genial e saudoso diretor William Wyler, o filme traz a saga de Judah Ben-Hur (Charlton Heston, na melhor atuação da sua carreira, que só estrelou o filme graças a recusa de Burt Lacaster, Marlon Brandon e Rock Hudson), um rico e bem sucedido comerciante judeu, que ver sua vida e de sua família ir à ruína, quando seu amigo de infância, o romano Messala (Stephen Boyd, excepcional, num papel que quase seria feito pelo saudoso Leslie Nielsen, na época, em início de carreira e muito canastrão), chefe das legiões romanas, o traí, apenas por divergências de opiniões políticas entre eles. Preso, sendo escravo num navio romano, Ben-Hur passa e supera vários desafios para dar uma reviravolta em sua vida e ainda encarar o seu ex-amigo e maior inimigo, responsável por tanto sofrimentos causado a ele e seus familiares.
Sinceramente, as palavras são poucas para definir um filme tão excepcional, que tem um roteiro excepcional, atuações brilhantes e sequências tão inesquecíveis que ficam em nossa memória na sempre, como a eletrizante e marcante sequência da corrida de bigas, e nos encontros rápidos que o personagem tem com Jesus Cristo, tendo o privilégio de ser o único a contemplar a face de Nosso Senhor, nos deixando curiosos e ao mesmo tempo emocionados. Todas estas sequências acompanhadas da excepcional e também inesquecível trilha composta e conduzida pelo maestro Miklos Rózsa. Outro ponto alto do filme é na parte técnica, principalmente na cenografia, figurino e fotografia, algo que inovador na época e que até hoje, por incrível que pareça ainda impressiona pelo realismo.
Com um enredo envolvente e emocionante, que de tão bem conduzido e realizado, nos fazem ignorar que o filme dura mais de quatro horas de duração, Ben-Hur é um filmaço que encabeça a lista dos melhores filmes de todos os tempos, sendo para mim, o melhor vencedor do Oscar, principalmente, na categoria Melhor Filme. Um clássico inesquecível e emocionante, que o tempo jamais apagará. Para ser visto e revisto inúmeras vezes, sem deixar de ser empolgante e envolvente. Nota 10,0 é pouco para este filme inesquecível.
Seis cerimônias após a super-produção Ben-Hur arrastar onze estatuetas, de forma mais modesta, apenas com cinco estatuetas, foi a vez do também inesquecível A Noviça Rebelde entrar para o rol dos melhores filmes de todos os tempos, de acordo com os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Produzido pelos estúdios Fox em 1965 e dirigido por Robert Wise, este divertido musical, com um roteiro muito bem escrito, que mescla perfeitamente comédia, ação e, evidentemente, números musicais, Julie Andrews interpreta de forma leva, mas magistral, a noviça Maria, que não consegue seguir as regras rígidas do convento onde reside e vai trabalhar como governanta na casa do capitão Von Trapp (Christopher Plummer, ótimo). O trabalho seria moleza, se não fosse por um pequeno detalhe: o víuvo tem sete filhos, que são criados como se fosse parte do seu regimento. A jovem governanta leva alegria para aquela mansão tão baixo astral, conquista a pirralhada e de quebra, o coração do durão militar. Mas, o final feliz e com cantoria não virá tão fácil, já que, além do militar está comprometido com uma baronesa, o país onde se passa a trama, a Áustria, está à beira da instauração do nazismo.
Particularmente, não sou muito fã do gênero musical clássico, onde o desenrolar da trama é interrompido para os personagens cantarolarem. Mas, no caso desta clássico, abro um exceção, já que o filme é muito divertido, prende atenção, graças ao enredo muito bem desenvolvido e um elenco afiadíssimo, com um perfeito entrosamento entre todos os envolvidos, principalmente o casal de protagonistas, Andrews e Plummer, e a pirralhada bastante talentosa (Curiosamente, um dos pirralhos é Nicholas Hammond, que no começo dos anos 80 estrelou a tosca série televisiva do Homem-Aranha, dando vida a versão equivocadíssima de Peter Parker e seu alter-ego cabeça de teia). Até os números musicais me agradam, pois são muito bem interpretados pelo elenco, com destaque para a inesquecível sequência inicial, onde Andrews canta a música que originalmente dar título ao filme e no clímax, famíla Von Trapp realiza uma apresentação, com as malas prontas para fugirem do regime nazista.
Em síntese, A Noviça Rebelde é um clássico inesquecível, que merecidamente está no rol dos melhores filmes de todos os tempos. Divertido, um filmaço nota 10,0, que não envelheceu com o tempo, recomendado para assistir com toda família. Para ser visto e revisto inúmeras vezes e recordar de saudosos tempos, onde produções familiares realmente passavam valores e não eram as bobagens que hoje em dia são produzids, onde se priorizam a ação e a comédia, ignorando-se totalmente o conteúdo. Imperdível!
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
O emocionante primeiro encontro entre Ben-Hur e Jesus.
Uma das cenas mais belas e emocionantes da história do cinema.
Julie Andrews, ontem e hoje, entre seus colegas de cena,
que deram vida as crianças Von Trapper:
Charmian Carr (1), Nicholas Hammond (2), Heather Menzies (3),
Duane Chase (4), Debbie Turner (5), Angela Carwright (6) e
Kym Karath (7).
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