sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SEU LUNGA VERSÃO DIRTY HARRY.

Filmes.
Seu Lunga versão Dirty Harry.

De astro de faroestes spaghetti e filmes de ação a um diretor prestigiado. Muitos tentam, mas, até agora, apenas Clint Eastwood conseguiu. O veterano ator ao longo dos seus mais de 50 anos de uma considerável carreira, também como diretor fez uma perfeita transição, passando gradativamente de filmes de ação descompromissados à excepcionais dramas, alguns deles verdadeiras obra primas. Gran Torino,  filme de 2008, que acabou de ser exibido no SBT, não chega a ser uma obra prima como alguns filmes dirigidos por Eastwood, mas, também não é nenhuma bomba. Mesmo não sendo um dos melhores filmes do ator e diretor, o filme é um bom exemplo dos múltiplos talentos do eterno Dirty Harry, que além de dirigir e atuar perfeitamente, ainda soltou o gogó nos créditos finais.

Em Gran Torino, Eastwood é o veterano combatente Walt Kowalski que acabou de perder sua esposa. Racista, intolerante, razinza, com respostas curtas e grossas bem ao estilo do cearense Seu Lunga (figura real e atual que acabou entrando no folclore nordestino), que sobram até mesmo para os seus familiares e o jovem padre da Paróquia que a falecida frequentava. Com um temperamento tão rude e insuportável, é natural que o idoso viva sozinho em sua casa, isolado de todo mundo. Uma bela noite, o velho rabugento salva um adolescente asiático, seu vizinho, de levar uma surra de uma gangue liderada pelo primo e, dias depois, é vez da irmã dele, ser salva pelo figuraça rabugento, do assédio de uma outra gangue.  Mesmo com todo jeito grosso de ser, os vizinhos orientais vão se aproximando do "Seu Lunga versão Dirty Harry", conquistando e amansando a fera, que por trás de toda aquela grosseria, na verdade é um bom homem, fragilizado pelos traumas de guerra e por uma doença terminal, e até mesmo com sentimentos.

Erroneamente divulgado pela emissora paulista como um filme de ação, Gran Torino na verdade é um drama muito bem escrito que emociona, empolga e ainda arranca algumas gargalhadas, principalmente nas cenas iniciais, com as respostas grosseiras de Kowalski, personagem que mesmo com seu jeito politicamente incorreto conquista o público, graças a brilhante atuação de Eastwood, que ainda nos brinda com uma direção primorosa que consegue também tirar excelentes atuações dos seus colegas de elenco, todos ilustres desconhecidos, mas melhores atores que muitos astros e estrelas hollywoodianos. Aliás, em se tratando de um filme dirigido por Eastwood, nada disso é novidade.

Com um enredo muito bem conduzido por Eastwood,  Gran Torino é um drama comovente e tocante, com pitadas  de ação e humor na dosagem certa, que envolve e prende atenção do começo ao fim.  Mesmo com elementos e temas de outros filmes e personagens do veterano ator e diretor e um fraco e triste final, que acaba causando uma fustração no público,  ainda  é bom filme que merece ser conferido.

Rick Pinheiro.
Cinéfilo.


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