Filmes.
Mesmo porre, por duas vezes.
A falta de opções em nossos cinemas alagoanos continua. Como se não bastasse temos apenas dez salas, atualmente, apenas cinco títulos estão sendo exibidos por aqui (o novo Piratas do Caribe ocupa metade das salas). Dos variados filmes lançados no fim de semana passado, apenas chegou por aqui Se Beber, Não Case! Parte II, que fui conferi na última segunda, na tela da sala 2 do Cine Maceió.
Antes, mais precisamente duas horas antes, adquiri e assisti a cópia pirata do primeiro filme que fez um estrondoso sucesso em 2009, mesmo não tendo nenhum grande astro no elenco. Particularmente, não tinha assistido antes por alguns motivos bobos. Sei que, assim como não devemos julgar um livro ou um CD pela capa, o mesmo princípio deve ser aplicado aos filmes, principalmente, em virtude dos toscos títulos que os importadores brasileiros teimam em colocar. Mas, convenhamos que Se Beber, Não Case!, é um título nada atraente. Além do título nacional, as sinopses divulgadas não eram animadoras, afinal, aparentava que tratava-se de mais uma comédia machista sobre sexo bem ao estilo das toscas continuações de American Pie estreladas pela quarta geração da família Stfiller. Puro preconceito, que me impediu de ter assistido antes uma engraçada comédia.
É verdade que a trama não traz nenhuma novidade. Quatro amigos vão a Las Vegas para a despedida de solteiro de um deles (A Última Festa de Solteiro, American Pie - O Casamento, são apenas alguns que tiveram como pano de fundo a festividade), apenas quarenta e oito horas. Após um porre de bebida e de um "acidental" Boa Noite Cinderela!, acordam no dia seguinte sem lembrar o que aconteceu (como em, por exemplo, Cara, cadê o meu carro?) e descobrem que simplesmente perderam o noivo. Começa então um busca desesperada do trio de protagonistas se depara com tigre, um bebê, prostitutas, mafiosos chineses, policiais e até com o ex-lutador Mike Tyson.
Apesar de não trazer nenhuma novidade, o filme é engraçadíssimo, graças, principalmente, ao trio de protagonistas, que estão ótimos em seus respectivos personagens, o descolado Phil (Bradley Cooper), o tímido e desesperado Stu (Ed Helms) e o loucão de pedra Alan (Zach Galifianakis). Somada a boa direção e a um roteiro simples, mais que prende atenção, Se beber, não case!, é uma comédia acima da média, que diverte e tira riso facilmente.
Evidente que diante do estrondoso sucesso (a comédia faturou US$ 460 milhões em todo mundo, tendo custado apenas US$ 35 milhões), a continuação era inevitável. Se beber, não case! Parte 2, tem o grande e, geralmente raro mérito de trazer de volta o diretor Todd Phillips, o trio de protagonistas e quatro coadjuvantes do filme anterior. É verdade que em time que se ganha, não se mexe, mas neste caso este princípio futebolístico foi, exageradamente, levado ao pé da letra, pois, a trama é idêntica, quadro a quadro, a do primeiro filme, mudando apenas o cenário e os fatos. A frase "Aconteceu de novo!", dita por Phil no começo do filme, resume perfeitamente o novo filme.
A trama é uma cópia cagada e cuspida do original, mudando apenas alguns detalhes. O cenário, ao invés da carnavalesca Las Vegas, é a Sin City oriental, Bangkok. Ao invés do noivo, quem some agora é o adolescente irmão da noiva de Stu. Quem faz companhia ao trio, em parte da louca jornada, ao invés do bebê filho de uma prostituta, é um simpático e hilário macaquinho, que simplesmente, rouba a cena. Estão presentes no novo filme até mesmo a ausência de Doug, o quarto amigo, que no primeiro filme era o sumido da trupe e agora é apenas um inútil ao telefone, e a cena inicial onde Phil ao celular dar a notícia a Tracy que perderam o amigo (para mim a falha mais grosseira do filme, pois se ela agora não é a noiva e, se o seu marido Doug, é amigo do trio, pela lógica, não seria ela que receberia a ligação que dar o ponta-pé inicial ao filme). Nem mesmo as fotos dos micos cometidos pelos amigos quando estavam bêbados, nos créditos finais, escapam da clonagem do primeiro filme.
Se a falta de criatividade reina absoluta no filme, desta vez pegaram pesado e apelaram para a vulgaridade explícita e exagerada. Tudo bem que precisavam acrescentar novas hilárias situações bizarras a trama, mas, convenhamos que o nú frontal de dois travecões, o macaquinho se drogando e fazendo insinuações de sexo oral e uma versão criança do trio de protagonistas se drogando e caindo na farra, além de politicamente incorretas são cenas sem graça e desnecessárias.
Mas, calma galera, Se Beber, Não Case! Parte II, não é um filme péssimo. Muito pelo contrário, consegue ser tão bom quanto o original, sendo apenas ligeiramente inferior ao primeiro porre dos fanfarrões. Apesar do roteiro idêntico e da apelação desnecessária, o filme é divertido, e como no primeiro filme, consegue arrancar riso fácil da plateia. Isso, graças as situações surreias que o trio de protagonista se envolve. Ainda mais entrossados e à vontade com o seus personagens. Cooper, Helms e Galifianakis, com suas ótimas atuações, consegue prender a nossa atenção e nos fazer soltar altas gargalhada. Sem dúvida, são eles que seguram os dois filmes da franquia.
E as loucas e bizarras situações do hilário trio não vão parar por aqui, já que anunciaram a produção do terceiro filme que, a priori se passará em Amsterdã, na Holanda. Esperamos que desta vez, os roteiristas deixem a preguiça de lado e sejam mais criativos.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo.
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