sábado, 7 de agosto de 2010

VALE A PENA VER DE NOVO: O GRANDE DRAGÃO BRANCO.

Aí, que saudades das antigas Sessão da Tarde, Temperatura Máxima e Domingo Maior, que exibiam, às vezes exaustivamente, os filmes dos anos 80 e 90! Hoje, infelizmente, somos obrigados a suportar filmecos vagabundos de 18ª categoria, a exemplos dos estrelados pelas irmãs Olsen, pela bad girl e péssima atriz Lindsay Lohan, e pelo péssima elenco de rostinhos bonitinhos sem talento nenhum de High School. Tudo bem que tinha filmes da época que eu mencionei, tão toscos e cheios de péssimos atores como os de hoje, mas convenhamos que sempre tinha algo nos filmes oitentistas e noventistas que tornavam estas pérolas toscas incrivelvemente irrestíveis.

Hoje, tive a grata supresa de ver um destes filmes tecnicamente toscos, mas melhores que a maioria de super-produções atuais que não valem porcaria nenhuma, mesmo que mutilado sutilmente, na telinha da Globo. O filme em questão é O Grande Dragão Branco, que lançou a carreira do competente ator Jean Claude Van Damme ao estrelato. Este filme foi produzido pela extinta produtora de filmes classe "C" oitentista, Cannon (responsável pelos  filmes do Chuck Norris e do saudoso Charles Bronson, como também de outros clássicos toscos como Salsa: o filme quente, Breakdance, American Ninja, As Minas do Rei Salomão estrelado pelo Richard Chambelain e uma atriz iniciante chamada Sharon Stone, entre outros) no ano de 1987, mas chegou ao Brasil apenas em 1990.

Lembro-me que matei aula na antiga ETFAL (atual CEFET), junto com uns colegas, meus companheiros de "gaziadas", para ver um filme de um cara que anunciavam ser melhor que o saudoso Bruce Lee. Assisti no saudoso extinto Cinema São Luiz que ficava no Centro, onde hoje é a Loja Insinuante. Quando vi Van Damme dando seus primeiro golpes e fazendo aquela abertura de perna que fazia doer os meus genitais só de olhar, pensei comigo mesmo: De fato este Van Damme é o segundo melhor ator de filme de ação (só perde para o Stallone, é claro). Além de bom lutador, o cara era um bom ator, algo na época raro neste gênero de filme. Anos depois, este filme virou presença obrigatória na Sessão da Tarde, principalmente, nos dias que tinha jogos olímpicos e de futebol, pela sua curta duração (menos de 90 minutos). Bons tempos aqueles!

Não preciso falar sobre a história do filme, pois todo mundo sabe de cor e salteado a saga do lutador novato, Frank Duxx, que participa do tradicional torneio secreto Kumite, enfrentando vários lutadores, entre eles o temível Chong Li, feito pelo canastrão, mas competente e experiente lutador Bolo Yeung (o cara foi vilão do clássico e para mim melhor filme do saudoso Bruce Lee, Operação Dragão). Curiosamente, este "centenário" ator, que o tempo não envelheceu o seu rosto, se deu bem apenas nos filmes que fazia vilão (além do dois já citados, fez também Duplo Impacto, um dos melhores filmes do Van Damme), tendo se ferrado em todos as tentativas de fazer mocinho. No caso dele, a falta de beleza foi fundamental para a carreira. O roteiro é simplório e a produção é visívelmente com sérias restrições orçamentárias, mas as cenas de ação e a trilha sonora, são inesquecíveis. Sem falar nas frases de efeitos, que até hoje são lembradas, graças a competente dublagem brasileira.

Exemplos de Algumas:
- "Você não é muito novo para o Kumite?"
- "E você não é muito velho para videogame?"
(Jackson e Frank, no seu primeiro encontro, onde jogam um tosco jogo de luta no Fliperama).

- "E quem importa se o shidoshi dele é o Chuck Norris?"
(frase do guia quando os organizadores tentam barrar a inscrição de Frank no torneio).


- " Muito bem, mas tijolo não revida!"
(Chong Li, numa frase que foi dita pelo saudoso Bruce Lee, no clássico Operação Dragão, se eu não me engano ao personagem do mesmo ator Bolo Yeung).

- "Você quebrou o meu recorde. Eu vou quebrar você, como eu quebrei o seu amigo!"
(Chong Li, antes da luta final contra Frank).

Além destas frases toscas, mas inesquecíveis, o filme marca por uma excelente trilha musical, por cenas de lutas criativas, por personagens pitorescos e toscos, em especial, os lutadores, e um excelente ator, como Forrest Whitaker, fazendo um papelzinho pequeno como um dos agentes que perseguem, por uma desculpa rídicula, o personagem do Van Damme. E olhe, que não foi porque estava em começo de carreira, até porque antes deste filme, já tinha sido premiado em Cannes por seu desempenho em Bird, dirigido por Clint Eastwood. Mas por ser um grande ator, sem frescuras, não deixou o prêmio lhe subir a cabeça e aceitou ser um divertido e marcante coadjuvante numa produção de um estúdio pequeno. Um exemplo para vários que são metidos mesmo não sendo grande ator. 

Por mais que os fãs ignorem,
o fato é que estes três filminhos de 15ª categorias
são continuações do clássico O Grande Dragão Branco.
Irônicamente, o filme e o seu protagonista tiveram destinos parecidos. Os direitos do filme, foram vendidos para uma produtora classe "z", mais pobre que a Cannon, gerando três continuações inferiores em todos os sentidos, estreladas pelo sósia barato do Van Damme, o canastrão Daniel Bernhardt, que fora esta pseudo-série, atuou (???) na versão televisiva de Mortal Kombat, que durou apenas uma temporada e foi um dos parceiros do Agente Smith em Matrix Reloard. Sobre estas continuações, que não são aceitas pelos fãs, os dois primeiros tem a presença do saudoso e eterno Sr. Miyagi, Pat Morita, fazendo um personagem inferior ao seu talento. Se esquecemos que trata-se de uma continuação do original, com certeza dar para encarar como bons filmes de artes marciais classe "z", daqueles que eram exibidos na saudosa sessão Força Total, da Band.  Mas o quarto filme, que coincidentemente revi esta semana, trata-se de um dos piores filmes de todos os tempos, pois o roteiro é uma porcaria, que mistura fragmentos clichês de vários filmes de ação, cenas de lutas toscas que fazem as dos Power Rangers serem mais realistas, e ainda destrói a imagem do Kumite, colocando  o torneio sendo organizado por um mafioso tosco, que passa o filme todo fazendo uma ridicula e nada convicente cara de mal, e cercado de mulheres lindas semi-nuas. Tenho na minha videoteca, apenas como coleção, mas que podia já está na lata do lixo a bastante tempo.
  
Já Van Damme, tinha tudo para ter um destino melhor. Depois deste filme, fez outros usando a mesma fórmula (lutador em busca da vitória enfrentando no final um vilão malvadão, e algumas desculpas esfarrapadas no roteiro, só para mostrá-lo em cena fazendo escala e exibindo a sua bunda), e ganhou as graças de Hollywood,  fazendo super produções, em grandes estúdios. Mas no auge da carreira, acha de fazer a estupidez de se envolver com drogas e mesmo livrando-se destas, as drogas hoje  são os seus filmes classe "z", que ao contrário das malditas, não viciam ninguém, e são lançados diretamente em vídeo. E o pior: mesmo com a carreira na merda, ainda se dar ao luxo de negar fazer filmes que poderiam colocá-lo de novo entre os grandes de Hollywood e dar a volta por cima (a exemplo de Robert Downey Jr. e Mickey Rooke), recusando ser o vilão em A Hora do Rush 3, estrelado por Jackie Chan, e também em ser um dos astros de Os Mercenários, aguardado filme de Sylvester Stallone, sendo substituído pelo canastrão, mas esperto Dolph Lundgren. Se continuar orgulhoso assim, jamais o veremos de novo na telona.

Enfim, resta-nos sempre ver e rever este clássico dos filmes de ação e de artes marciais, sempre que tivemos oportunidade. O mais absurdo é que este inesquecível filme não foi lançado em DVD em nosso país, onde encontramos apenas a versão pirata copiada do VHS (logo, só na versão dublada e com péssima imagem) ou se baixamos pela internet. Uma prova do total descaso desprezível das distribuidoras brasileiras, aos filmes populares dos anos 80.
Mesmo sendo tosco e até bobinho para o público atual, O Grande Dragão Branco nos faz lembrar de uma época que até as pequenas produções hollywoodianas, eram excelentes e inesquecíveis filmes, confirmando uma famosa frase dita pelo  saudoso diretor brasileiro Glauber Rocha : Uma ideia na cabeça e uma camêra na mão.

Van Damme não é sanduíche do Girafas,
logo, não mata a fome, mas humilha, no clássico
O Grande Dragão Branco.
Rick Pinheiro.
Cinéfilo com saudades dos grandes filmes dos anos 80.

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